PUBLICADO EM 27 de out de 2021
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Banco Central reajusta Selic nesta quarta; veja o que esperar

A reportagem da Agência O Globo destaca que a pressão da inflação, que veio acima das expectativas na prévia de outubro, riscos fiscais e alta do dólar podem fazer com que BC acelere o reajuste da Selic

BC atua para proteger a “ciranda financeira”, em vez de garantir crédito às famílias e pequenas empresas – Foto: Agência Brasil

A prévia para a inflação de outubro veio acima das expectativas nesta quarta-feira, fazendo com que a variação acumulada para os últimos 12 meses chegasse a 10,34% e alterasse também as projeções para a taxa básica de juros. Analistas acreditam que a pressão da inflação, somada ao aumento do risco fiscal da semana passada e à alta no dólar podem levar o Banco Central (BC) a acelerar o aumento da Selic na decisão desta quarta-feira.

A Selic está em 6,25% e a sinalização do BC na última reunião e entendimento geral do mercado até antes da decisão de pagar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos era que a reunião desta quarta-feira teria uma alta de 1 ponto percentual (p.p).

A ideia dominante até então é que esse ritmo de elevação dos juros seria suficiente para manter a inflação na meta em 2022, mesmo que o ciclo de altas da Selic fosse mais longo. No entanto, a decisão do governo trouxe incerteza e insegurança para os agentes, que revisaram para cima suas expectativas de inflação, juros e câmbio e para baixo o crescimento em 2021 e 2022.

A incerteza fiscal bate diretamente no câmbio, que tende a subir nesses momentos. A alta no dólar influencia uma alta da inflação, que por sua vez pressiona o Banco Central a subir mais os juros. Com juros mais altos, a atividade econômica tende a ser reprimida.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, é uma das que alterou sua projeção para 1,5 p.p depois dos acontecimentos da última semana. Ela argumenta que não é só mais um gasto de R$ 30 bilhões ou R$ 40 bilhões, mas a mudança no regime fiscal cria uma incerteza para o futuro.

“Está se mudando uma regra que se tornou a regra mais poderosa do ponto de vista da contenção de gastos. Você não tem mais isso pela frente e daí acho que isso gera sim várias incertezas para o longo prazo, algo que a gente não tinha antes. Com o teto a gente sabia que as despesas como proporção do PIB iriam ceder, então acho que foi isso que me fez mudar”, apontou.

A maior parte das projeções aponta para uma alta de 1,5 p.p, mas há agentes de mercado com projeções de 1,75 p.p, 2 p.p e até 3 p.p, como é o caso da Genial Investimentos. Yihao Lin, economista da casa, explica que a principal questão foi mudar a regra do jogo.

“Com a fragilização do teto de gastos a gente tem essa perda da credibilidade da política fiscal, então isso acaba fazendo bastante preço e é importantíssimo o BC ir atrás da reunião do Copom passar uma visão, ganhar credibilidade em relação à política monetária”, explicou.

Pressão da inflação
Além do risco fiscal, que é o principal fator para a expectativa de alta mais intensa dos juros, a própria inflação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pressiona o BC. A prévia da inflação de outubro mostrou alta de 1,20% no mês, acima das expectativas dos analistas.

Lin lembra que a projeção do Banco Central era de que o pico da inflação seria em setembro, mas os dados do IBGE apontam para mais uma alta.

Fonte: Agência O Globo

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