PUBLICADO EM 18 de maio de 2021
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Bancários do RS defende plebiscito e pressiona contra privatizações

Em carreata, trabalhadores da categoria defenderam a realização do plebiscito previsto na Constituição Estadual em caso de privatização da (Corsan), Banrisul e Procergs

Os bancários e as bancárias saíram em carreata na tarde ensolarada deste sábado (15) pelas ruas de Porto Alegre, defendendo a realização do plebiscito previsto na Constituição Estadual em caso de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Banrisul e Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs).

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 280/2019, apresentada por deputados aliados do governador Eduardo Leite (PSDB), visa acabar com a consulta à população gaúcha para vender as três empresas públicas, que prestam bons serviços, são estratégicas e ainda garantem lucros para os cofres do Estado.

Os deputados estaduais já votaram a PEC 280 em primeiro turno em 27 de abril, mas as bancadas de oposição entraram com recurso administrativo questionando dois votos. Um deles foi inclusive anulado. O outro não tem registro. Sem esses votos, o governo não teria obtido os 33 votos necessários. Para os bancários, “foi a votação da vergonha”. O recurso está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia.

Todos os participantes usaram máscaras e procuraram respeitar as demais recomendações sanitárias diante da pandemia. A concentração para a carreata ocorreu no Largo Zumbi dos Palmares, onde foi realizado um ato simbólico em cima de um caminhão de som. A atividade foi organizada pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e pela Fetrafi-RS, com apoio da CUT-RS.

Em seguida, munidos de cartazes com as cores da bandeira gaúcha e os dizeres “Plebiscito: para vender, tem que fazer”, os carros e as motos tomaram as ruas e foram até a Praça da Matriz, fazendo um protesto em frente ao Palácio Piratini e à Assembleia Legislativa.

Corsan, Banrisul e Procergs não pertencem ao governo de plantão

O vice-presidente da CUT-RS e diretor do SindBancários, Everton Gimenis, que coordenou o ato, lembrou que “a Corsan, o Banrisul e a Procergs não são patrimônio do governo de plantão, mas são patrimônio do povo gaúcho, construído ao longo de muitos anos pelos trabalhadores dessas empresas”.

Para ele, “mesmo na pandemia, é importante mostrar para a sociedade o que está sendo feito. Precisamos dialogar e temos certeza de que mais de 70% da população são contra as privatizações”.

Gimenis ainda manifestou solidariedade aos trabalhadores em greve da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), cuja empresa de distribuição foi leiloada em 31 de março e adquirida pelo Grupo Equatorial Energia por apenas R$ 100. Mas o leilão foi suspenso por decisão judicial. A paralisação foi deflagada após o corte do abono alimentação e da contrapartida da empresa para o plano de saúde.

Governador Eduardo Leite mentiu na campanha eleitoral

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, denunciou os interesses do capital financeiro internacional que estão por trás da venda de estatais que dão muito lucro. “Essa luta é nossa e queremos um Brasil soberano, um país de direitos e justo para a maioria do povo brasileiro. Não vamos deixar que esse Bolsonaro de fraque que está no Piratini, que mentiu na campanha para o povo gaúcho, venda o nosso patrimônio”, destacou.

Amarildo disse que o desafio, aprovado em reunião da CUT-RS, é a realização de um plebiscito popular para consultar a população para saber se ela quer a privatização dessas três empresas. “Vamos seguir nas ruas, resistindo e lutando”, apontou.

O deputado estadual Edegar Pretto (PT), que votou contra a PEC 280, avisou o governador que “o seu mandato é quatro anos” e que não há justificativa para quebrar a palavra empenhada na campanha eleitoral.

“Se eles acham que a nossa luta acaba com o resultado na Assembleia, eles se enganaram. Faremos de tudo o que estiver ao nosso alcance. Esse patrimônio é dos gaúchos e somente eles poderão dizer se querem ou não mantê-lo”, alertou.

Leite não é um governo diferente de Bolsonaro

A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) destacou que a resistência dos bancários, salientando que “é uma honra lutar ao lado de quem defende a democracia”. Para ela, “a luta, mesmo com a Covid, tem que continuar”.

“É desfaçatez desses governos – Leite, Bolsonaro e Melo – que decidiram vender patrimônio, enquanto o povo está morrendo, sem vacina, sem renda mínima, sem alimento para poder se distanciar e se proteger”, disse a parlamentar.

Para Sofia, “Leite não é diferente do governo de morte que chamamos de genocida” ao lembrar que o governador trocou a cor da bandeira preta para vermelha, a fim de garantir apoio na votação da PEC 280. Ela citou que mais de 250 câmaras municipais no interior do Estado já se posicionaram contra as privatizações.

Mobilizações no interior gaúcho

Os sindicatos de bancários do interior do estado, junto com o Sindiágua-RS, e Sindppd-RS e outras categorias de trabalhadores, também estão mobilizados para mudar os votos de deputados e deputadas que votaram a favor da PEC no primeiro turno.

No Vale do Paranhana foi realizada também neste sábado uma carreata solidária contra a PEC 280 e a PEC 32 da reforma administrativa de Bolsonaro e Guedes. Eles pediram também vacina no braço e comida no prato, além de Fora Bolsonaro.

A saída ocorreu em frente ao Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha e seguiu até Taquara e Parobé. Houve ainda uma parada diante de uma agência do Banrisul para a expressar a importância do grande banco público dos gaúchos.

Fonte: CUT-RS

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