Em vez de atuar para maioria trabalhadora da população, a prefeitura de Santos e sua base legislativa, como praticamente no Brasil inteiro, defendem interesses da iniciativa privada.
Assim é, por exemplo, na questão da moradia. As políticas urbanas de Santos favorecem as grandes construtoras e marginalizam ano após ano as pessoas de menor poder aquisitivo.
Dessa forma, as famílias desfavorecidas acabam sendo expulsas dos bairros para as periferias, para outras cidades e até mesmo para as ruas, ao abandono e desabrigo.
Rosário de infortúnios
Para a candidata a vereadora Eneida Kouri (Psol), que pintou o quadro no programa ao vivo do Sindest, na segunda-feira (30), o remédio para o problema é a eleição de pessoas comprometidas com o povo.
Ela falou também sobre o favorecimento aos empresários do setor de saúde, por meio de organizações sociais, e do risco de privatização das escolas públicas, conforme preconizado pelo governo estadual.
Primeira e única mulher presidente do sindicato dos bancários de Santos, Eneida desfiou um rosário de dificuldades da população santista em decorrência da política municipal patrocinada pela alta sociedade.
‘Inclusão e solidariedade’
Sindest é o sindicato dos 11 mil servidores e 7 mil aposentados da prefeitura e câmara. A ‘live’, pelo facebook, youtube e instagram, está disponível na rede social da entidade.
Seu presidente e o diretor de comunicação, Fábio Pimentel e Daniel Gomes, entrevistaram a bancária há 30 anos e mestre em física, com mediação do jornalista Willian Ribeiro.
O mote da campanha de Eneida, ‘inclusão e solidariedade’, condiz com sua militância na defesa das pessoas em situação de rua. Ela atua há 32 anos da comunidade da paróquia Nossa Senhora do Carmo.
Maior favela de palafitas do Brasil
“Uns falam em 19 mil pessoas, outros em 30 mil, mas o fato é que essa gente mora em condições precárias”, disse ela, ao questionar a alegada cobertura da cidade por mais de 90% da rede de esgoto.
“Esqueceram de incluir no percentual os que não são atendidos por esse serviço básico”, ponderou. De fato, o dique da Vila Gilda é a maior favela sobre palafitas do Brasil.
O combate à desigualdade social e a defesa por direitos populares sempre foram marcas de Eneida, desde a juventude, quando participava de grupo de jovens da igreja católica Nosso Senhor dos Passos.
Abaixo dos limites
No programa do Sindest, ela mostrou conhecimento e desenvoltura sobre os problemas dos servidores municipais, estaduais e federais. “Não gostei da previsão orçamentária da prefeitura para 2025”.
A bancária criticou que as despesas com o funcionalismo estejam estimadas em 36,25% do orçamento previsto de R$ 5,5 bilhões, abaixo, segundo ela, da necessidade da categoria.
Eneida ponderou que o investimento de R$ 1,65 bilhão em pessoal está distante dos parâmetros máximos da lei de responsabilidade fiscal, de 51,3% para o limite prudencial, e de 54% para o teto.
32-2020 e 66-2023
A sindicalista defendeu a união do funcionalismo com os trabalhadores da iniciativa privada para o combate a projetos de lei que atacam os serviços públicos.
Falou com desembaraço sobre as propostas de emendas constitucionais (pecs) 32-2020 e 66-2023. A primeira reduz serviços público e direitos dos servidores. A segunda retira direitos previdenciários.
Ao final do programa, Fábio, Daniel e Willian elogiaram muito a apresentação da candidata, que, além de tudo, esbanjou simpatia, mostrando estar à altura do cargo que almeja.