PUBLICADO EM 29 de maio de 2022
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Sindicalistas russos afirmam que Ocidente impôs sanções “infernais” ao povo

Em mais uma carta ao BRICS sindical, a Federação de Sindicatos Independentes da Rússia denuncia que desde o fim de fevereiro, o “ocidente coletivo” já impôs seis pacotes das assim chamadas sanções “infernais” contra o nosso País. Segundos eles, tais sanções como objetivo destruir a economia da Rússia e forçar sua liderança política a abandonar a operação.

A Federação dos Sindicatos Independentes da Rússia lutando por trabalho decente. Foto: Twitter ITUC, 2017.

Confira a carta na íntegra

Caros colegas,

Já se passaram 80 dias desde o começo da operação militar especial das Forças Armadas Russas no território da Ucrânia visando a desmilitarização e desnazificação do regime nacionalista ucraniano. Houve alguns eventos significativos no mês passado sobre os quais eu gostaria de informar-lhes.

Do ponto de vista sindical, alguns dos eventos mais importantes estão acontecendo na vida econômica das indústrias russas. Como vocês sabem, desde o fim de fevereiro, o “ocidente coletivo” já impôs seis pacotes das assim chamadas sanções “infernais” contra o nosso País, as quais têm como intenção destruir a economia da Rússia e forçar sua liderança política a abandonar a operação.

Apesar de certas consequências negativas, principalmente relacionadas a privação ilegal do acesso da Rússia a parte de seu ouro nacional e reservas cambiais mantidos em bancos ocidentais, assim como a pressão que os Estados Unidos exercem em países europeus para força-los a desistir de comprar óleo e gás russos, a economia de nosso País ainda não experimenta dificuldades críticas. Há algum progresso em estabelecer suprimentos energéticos para outros países, mudando rotas de logísticas e estabelecendo novas cadeias de suprimentos de componentes para empresas ativas.

A situação no mercado de consumo é estável; não há interrupções no suprimento de produtos alimentares e bens de consumo. Todos os produtos que são comuns à população estão disponíveis em redes de varejo e são vendidos sem quaisquer restrições. A demanda temporária por uma série de produtos (por exemplo, açúcar, papel de escritório ou medicamentos) foi eliminada e os preços foram em sua maioria trazidos de volta ao normal. Produtos importados estão gradualmente sendo substituídos por produtos russos, ou produtos fornecidos através de importações paralelas. A entrega de produtos sem obter permissão dos donos de marcas bem conhecidas se tornou possível depois que o governo fez uma decisão especial para o período de sanções.

O custo da gasolina, combustível diesel e eletricidade continua no nível de 2021. É esperado que pelo fim de 2022, a inflação não vai exceder 15%, o que significa que do meio de maio até o final do ano, sua taxa não vai exceder o nível alvo de 4%. As taxas de câmbio subiram acentuadamente desde o começo da operação militar, mas então gradualmente caíram ao nível de 2020.

Em fevereiro, várias empresas grandes com capital estrangeiro anunciaram sua saída do mercado russo, ou a suspensão de suas operações na Rússia. São principalmente redes de varejo estrangeiras, grandes corporações para a produção e venda de equipamentos domésticos, móveis, carros, assim como renomadas cadeias de refeições públicas. No total, de acordo com o Ministério do Trabalho da Rússia, cerca de 200 mil pessoas estavam empregadas nessas empresas, o que é menos do que 0,3% da população ativa.

Até a presente data, algumas dessas redes e empresas retomaram seu trabalho, tendo mudado de dono (por exemplo, OBI empresa de varejo multinacional de materiais de melhoria da casa). A montadora Renault se tornou propriedade estatal e está retomando seu trabalho. As redes KFC e McDonald’s venderam seus ativos na Rússia, mas vão continuar a operar sob uma nova marca em junho. A IKEA adiou a retomada do trabalho até agosto desse ano, mas continua a pagar salários para 15 mil de seus funcionários, enquanto mantém os empregos. Ao mesmo tempo, muitas empresas estrangeiras não apenas não planejam encerrar a produção na Rússia, mas também expandi-la (Auchan, Leroy Merlin, etc.). O desemprego no País continua em 4,1%.

A Rússia está gradualmente impondo sanções retaliatórias. A mais notada delas é a conversão do comércio de hidrocarbonetos para rublos. Deve ficar claro que esse passo atualmente diz respeito ao gás natural e é devido ao fato de que os bancos ocidentais, sob a pressão de seus governos, se recusaram a fazer pagamentos em dólares e euros por sanções impostas contra bancos russos. Durante maio, a maioria dos compradores do gás russo trocaram para acordos de acordo com o esquema proposto, assegurando o afluxo de moeda estrangeira para a Rússia e o vendendo no mercado doméstico russo por rublos. Aqueles Estados que se recusaram a aceitar tais procedimentos de pagamento foram deixados sem gás, agora eles são forçados a compra-lo a preços altos passando a diferença para os consumidores e seus cidadãos. É possível que a prática de vender por rublos seja expandida para outros produtos: óleo, fertilizantes, grãos, etc. Sanções retaliatórias também afetaram empresas ocidentais que anteriormente prosperaram vendendo hidrocarbonetos russos: as relações com elas foram bloqueadas.

A tarefa essencial da primavera é assegurar uma campanha de semeadura bem sucedida. De acordo com dados oficiais, isso está indo bem e, se o tempo não falhar, uma colheita muito boa é esperada esse ano: 130 milhões de toneladas de grãos, incluindo uma alta recorde de 87 milhões de toneladas de trigo. Os negócios da agricultura estão completamente abastecidos com combustível, estoque de plantio e todos os fertilizantes necessários.

Apesar das restrições, a Rússia continua a comercializar vários tipos de matérias-primas e produtos alimentícios, recebendo receitas significativas que asseguram o pagamento pontual dos salários do setor público e benefícios sociais. Apesar das sanções, o superávit no comércio exterior da Rússia triplicou em quatro meses desse ano e alcançou $106,5 bilhões.

No final de abril, um encontro do Conselho Geral da FNPR adotou um apelo instando as autoridades a prosseguirem uma política social mais ativa visando a proteção dos empregos e assegurando a indexação salarial.

No começo de maio, a FNPR realizou uma corrida de motor com 40 carros de sindicato todos russos através de 75 regiões da Federação Russa, sob os slogans para trabalho pacífico e o mundo sem nazismo. Seus participantes cobriram 10.000 km de Vladivostok via Moscou, até Sevastopol. No total, mais de 51 mil membros de sindicatos em 8.500 carros participaram nos eventos ao longo do seu percurso com numerosos ralis realizados durante as escalas.

O apoio do público para a operação militar especial continua alto. De acordo com a independente Fundação de Opinião Pública, uma das agências de pesquisa maiores e mais conhecidas em todo o País, a partir de 1º de maio, mais de 73% dos cidadãos russos apoiam a operação militar, enquanto mais de 79% dos respondentes tem uma visão positiva do desempenho de Vladimir Putin como Presidente.

Quanto a situação atual, se tornou óbvio que os países do Ocidente não estão organizados para resolver o conflito diplomaticamente e continuam a apoiar as Forças Armadas e as formações nacionalistas da Ucrânia, mandando não apenas armas pesadas para a zona de combate, mas também milhares de mercenários de dezenas de países.

Enquanto mais território das Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk é liberado, há mais e mais evidências das atrocidades do regime ucraniano, a destruição de infraestrutura civil, uso massivo de civis como escudos humanos, assédio moral e assassinato de cidadãos suspeitos de simpatizar com a Rússia.

Uma Comissão Parlamentar Especial continua a investigar a atividade de trinta laboratórios químicos e bacteriológicos na Ucrânia, financiados pelo Pentágono e vários fundos dos EUA. Mais e mais dados são publicados da pesquisa conduzida lá que mostram evidências de preparação para uma guerra bacteriológica contra a população da Rússia e de outros países.

Eu estou pronto para fornecer-lhes explicações atualizadas detalhadas e exaustivas.

Em solidariedade,

Evgeny Makarov, Vice-Presidente da FNPR; Coordenador nacional sindical dos BRICS

Tradução de Luciana Cristina Ruy

Confira carta original em inglês Aqui

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  • Rita de Cassia Vianna Gava

    Os EUA não querem negociações. Querem vender armas é manter submissos países pobres, por isso é uma competição com a Rússia para desvalorizar seus volores

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