PUBLICADO EM 17 de abr de 2019
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Flávio Bolsonaro fica contrariado com proposta de CPI das milícias

O senador do Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL) criticou a proposta de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) com foco nas milícias. “A CPI das milícias nada mais é do que a tentativa midiática de alguns explorarem politicamente o assunto, mais nada. Não tem nenhuma efetividade, basta ver quem é o autor do projeto”, disse, referindo-se ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). 

Flávio Bolsonaro defendeu a criação do que considera mecanismos melhores de investigação e punição para pessoas que exploram trabalhadores nas comunidades.

Policiais já homenageados por Flávio ao longo de sua atividade legislativa são suspeitos de integrar milícias. O senador disse que as homenagens foram feitas há cerca de 15 anos e que não pode se responsabilizar por “atos errados” que as pessoas venham a cometer no futuro.

Mais tarde, o senador se manifestou no Twitter sobre esta notícia do Valor, dizendo ter sido claro ao afirmar “que o único objetivo dessa CPI é tentar fortalecer a narrativa absurda” de que ele tem algum envolvimento com milícias. “Sou contra QUALQUER poder paralelo!”, disse Flávio Bolsonaro.

Na última sexta feira, dois prédios desmoronaram na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público, a região é comandada por milicianos. O líder do poder paralelo é, diz o MP, o ex-policial militar Adriano da Nóbrega. A mãe e a filha de Adriano eram nomeadas no gabinete na Alerj de Flávio Bolsonaro.

Em 2008, quando Flávio era deputado estadual, uma CPI foi instalada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para apurar denúncias sobre o tema. O grupo foi presidido pelo hoje deputado federal Marcelo Freixo.

O partido de Freixo coleta assinaturas para instaurar comissão semelhante na Câmara dos Deputados agora. O deputado federal do PSOL chegou a entregar ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o relatório final da CPI instaurada na Alerj.

Freixo

Freixo rebateu as críticas. “Flávio Bolsonaro não tem moral para se pronunciar sobre milícias. Deveria ter vergonha! Depois de homenagear assassinos e empregar parentes fantasmas de milicianos em seu gabinete, ainda se vê no direito de criticar uma CPI”, disse Freixo.

O congressista do PSOL argumenta que a comissão mudou a opinião pública sobre o assunto no Rio, levou à prisão mais de 200 milicianos e deixou 58 propostas concretas de combate a esse poder paralelo.

“Considero que essa declaração do senador não passa de um desequilíbrio de quem teme uma investigação”, completou.

Briga com José Padilha

Pelo Twitter, Flávio também rebateu nesta terça-feira as declarações do cineasta José Padilha, publicadas em artigo no jornal “Folha de S. Paulo”.

O diretor dos filmes “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2” criticou o chamado pacote anticrime de Moro, ao afirmar que as propostas fortalecem as milícias e apontou para a ligação entre esses grupos e a vitória eleitoral do parlamentar em Rio das Pedras, região marcada pela atuação de organizações criminosas controladas por PMs e civis.

“José Padilha, que fez Tropa de Elite 2 em homenagem ao PÇOU (sic), no afã de me atacar chama todos os moradores de Rio das Pedras de bandidos e “esquece” o fato de eu ter sido o senador mais votado em 86 dos 92 municípios do RJ. Sou contra QUALQUER poder paralelo, tráfico ou milícia!”, escreveu Flávio.

Em nenhum momento, no entanto, Padilha escreveu que os moradores de Rio das Pedras são bandidos. Apenas diz que Flávio foi o senador mais votado em 74 das 76 seções eleitorais da região, marcada pela presença das milícias e que tinha como um dos principais líderes o ex-policial Adriano Magalhães da Nóbrega, cuja mãe e esposa trabalharam no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

O pacote anticrime, segundo o cineasta, é razoável no combate à corrupção corporativa e política, mas é absurdo no que se refere à luta contra as milícias. “De fato, é um pacote pró-milícia, posto que facilita a violência policial”, escreveu Padilha, que reconheceu ter cometido um erro de julgamento sobre Moro ao apontar sua suposta parcialidade política.

“Ora, o leitor sabe que sempre apoiei a Operação Lava Jato e que chamei Sergio Moro de “samurai ronin”, numa alusão à independência política que, acreditava eu, balizava a sua conduta. Pois bem, quero reconhecer o erro que cometi”, ressaltou. Para embasar sua opinião, o cineasta afirmou que o ministro agora trabalha pela família do presidente Jair Bolsonaro.

“Digo isso porque não há outra explicação: Sergio Moro finge não saber o que é milícia porque perdeu sua independência e hoje trabalha para a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro não foi o senador mais votado em 74 das 76 seções eleitorais de Rio das Pedras por acaso”, ponderou.

Fonte: Valor Econômico

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