PUBLICADO EM 27 de maio de 2020
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Coronavírus causa nova doença em crianças e adolescentes

Síndrome Inflamatória Multisistêmica Infantil (MIS-C) aparece semanas após a infecção pelo vírus; sintomas começam com manchas na pele e evoluem para problemas cardíacos, renais e neurológicos, podendo levar à morte; Inglaterra, Itália e EUA reportam 200 casos

Foto: Getty Images

O novo coronavírus não costuma causar sintomas graves em crianças e adolescentes: é baixo o índice de hospitalização por Covid-19 nessa faixa etária. Mas uma nova doença, que está sendo chamada de Síndrome Inflamatória Multisistêmica Infantil (MIS-C, na sigla em inglês), pode abalar a noção de que os mais jovens estão imunes ao Sars-CoV-2. Ela se manifesta semanas após a infecção pelo vírus, ataca todos os principais órgãos e decorre de uma reação inflamatória anormal do organismo, podendo levar à morte.

O primeiro estudo a respeito veio da Inglaterra, onde os hospitais começaram a receber crianças sofrendo de uma forte e estranha inflamação, com febre associada a sintomas dermatológicos, renais, neurológicos e cardíacos. Inicialmente, os médicos acharam que fossem casos da Doença de Kawasaki, uma disfunção imunológica rara que afeta crianças menores de 5 anos. Essa percepção foi reforçada por um estudo italiano, que relatou aumento de 30 vezes em uma doença “similar à Kawasaki” na província de Bergamo.

Mas havia duas grandes diferenças. A nova síndrome também afetava adolescentes, e a maioria dos pacientes analisados havia dado positivo para infecção pelo Sars-CoV-2. Os médicos perceberam que estavam diante de uma nova doença, que foi inicialmente batizada de “choque hiperinflamatório”, e agora de MIS-C. Ela afeta crianças e jovens que pegaram o coronavírus, mas não desenvolveram sintomas da Covid-19. Já foram identificados cerca de 200 casos na Europa e nos EUA.

A Síndrome Inflamatória Multisistêmica Infantil é causada pela reação anormal do sistema imunológico ao coronavírus, com inflamação em vários órgãos e até nos vasos sanguíneos (condição conhecida como vasculite). Isso reduz a pressão sanguínea, fazendo com que o coração acelere para tentar compensar a queda – em um dos pacientes, a taxa cardíaca em repouso disparou para 165 batimentos por minuto, o dobro do normal. A doença pode levar à morte por falência cardíaca.

Nesse caso, e em outros relatados pelos estudos publicados na Inglaterra e na Itália, os pacientes foram internados na UTI e tratados com medicamentos antiinflamatórios e imunosupressores. A MIS-C é aparentemente similar à “tempestade de citocinas”, um processo de hiperinflamação potencialmente fatal que ocorre em parte dos pacientes de Covid-19.

Fonte: Revista Super Interessante

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