PUBLICADO EM 14 de nov de 2017
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Não tem solução sem crescimento

Quem governa está obrigado a ter otimismo e confiança na superação das dificuldades. É uma recessão que não cede com a facilidade que o Brasil já tinha acostumado. Isto indica que as nossas tarefas para retomar o ciclo do crescimento ficaram maiores e sua execução é mais urgente.

O Brasil chegou a quase 14 milhões de desempregados, temos 60 milhões de consumidores inadimplentes, com prestações atrasadas há 60 dias ou mais. Com este quadro, precisamos ir além do discurso do ajuste fiscal, é preciso destravar o crescimento.

A política de crescimento que pode reverter essa espiral tem dois vetores: exportações e investimento em infraestrutura. Temos de aproveitar a vantagem cambial do momento, que tende a aumentar em 2017, e buscar no exterior a demanda forte que pode recuperar a indústria. O Brasil tem hoje 40% de sua capacidade produtiva ociosa. Já o investimento em infraestrutura gera competitividade, emprego e renda; se internamente falta dinheiro para financiá-la, o dinheiro tem de vir no setor privado externo. E ele virá, desde que existam instâncias regulatórias e segurança jurídica para investimento, incluindo a possibilidade de seguro de risco cambial.

Não existe crescimento sustentável sem responsabilidade fiscal, é preciso insistir sempre. Não se trata de uma visão economicista de governo. É uma visão social. Os brasileiros precisam recuperar a confiança de que os impostos que elas pagam com muito sacrifício estão sendo bem empregados. As pessoas precisam do emprego, da segurança, dos serviços públicos prestados com qualidade, e os governos precisam ter a capacidade de fazer mais e melhor com menos dinheiro.

São Paulo tem experiência a oferecer em austeridade e gestão. Desde Mario Covas, o precursor da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Estado mantém suas contas em dia. Em 2014, quando a atual crise começou a dar os primeiros sinais, cortamos despesas para adequá-las às receitas em queda, na contramão do que fazia então o governo federal. Controlando o gasto e realocando investimentos, foi possível manter serviços, programas sociais, obras públicas e ainda fazer superávit. Em 2015, seguindo rigorosamente essa política, São Paulo fez mais um superávit, de mais de R$ 5 bilhões.

Manter um alto volume de investimento em infraestrutura tem sido possível porque o Estado que não conta somente com os recursos do Tesouro paulista para alavancar novas obras e negócios: cada vez mais, utiliza as Parcerias Público-Privadas e as concessões públicas para movimentar a sua economia. Essas medidas permitem que São Paulo, hoje, não só pague seus servidores em dia como promova ações que geram emprego e renda, mesmo em situação de queda de receita.

Geraldo Alckmin é governador do estado de São Paulo

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