
A esquerda precisa exorcizar seus fantasmas: protestos marcam Dia da Independência em todo o país. Foto: Agência Brasil
À Esquerda um espectro ronda: 2013. Na esteira de uma vigorosa e massiva mobilização social o Brasil ingressou na era dos levantes coordenados via Internet, por redes sociais e com atores políticos novos, acompanhando em algum grau de semelhança as revoluções coloridas ou a Primavera Árabe, cujos desfechos – a exemplo do sucedido em terras brasileiras – computou antes retrocessos políticos e avanço de setores extremistas de direita ou fundamentalistas religiosos e mesmo ditaduras militares (como no Egito).
O assombro de um passado que legou o assalto aos símbolos e significados pátrios e nacionais, o golpe contra Dilma, perseguição e prisão ilegal de Lula e vitória eleitoral do fascista Jair Bolsonaro sempre reaparece a cada situação e circunstância em que se modula qualquer movimento das ruas, especialmente se há potencial de massificação e disputa aguda das lutas, pautas e narrativas.
É igual, é diferente! Parecido: após uma sequência quase interminável de atos e mobilizações direitistas, excetuando momentos pontuais como o Tsunami da Educação ou contra o PL do Estupro e, recentemente, em defesa da Democracia, o jogo de forças ainda favorece aos adeptos do golpismo e da via ditatorial. Logo, qualquer pauta que represente disputa contém o risco e o medo de ser contaminada, desvirtuada e manipulada pela extrema-direita, suas fake news e discursos de ódio.
Desde a combinação coincidente da questão tributária e trabalhista – IOF, isenção do IR, fim da escala 6×1 – com o Tarifaço de Trump – ação muito além da questão econômica e financeira, mirando sobre tudo a interferência nas questões políticas brasileiras – se abriu um quadro ainda em gestação, extremamente polarizado e radicalizado.
O resultado do “golpe no banco dos reús”, a condenação exemplar de Bolsonaro e seu séquito golpista, lançou mais gasolina no incendiário cenário político, sobretudo no Congresso Nacional, majoritariamente composto pelo Centrão e bolsonarismo. A aprovação de uma Emenda Constitucional que literalmente blinda os crimes e malfeitorias dos parlamentares acompanhada da instalação em regime de urgência para votação de um projeto de lei que propõe a anistia dos criminosos e condenados pela tentativa de Golpe de Estado.
Oxalá reinasse a razão e o bom senso e o óbvio dispensasse a própria obviedade. No curso da aguda luta de classes, agora acrescida indubitavelmente pelo caráter de luta anti-imperialista e por soberania nacional, a situação ganha contornos dramáticos e cheios de contradições. E ainda que passem mil e uma preocupações e receios, a única saída existente envolve a unidade, mobilização e amplitude da articulação, do discurso e da luta. Às pautas que vinham em andamento e compunham o mosaico de avanço e melhoria das condições materiais de vida do povo revoltam as questões de ordem política: a garantia do cumprimento do poder estatal de justiça através da efetiva aplicação da pena aos condenados pela intentona do 8 de janeiro, o bloqueio à tentativa de institucionalizar a criminalidade, o banditismo e a impunidade com a PEC da Blindagem e o fantasma de porão que o PL da Anistia representa para a sociedade e a história.
No domingo, 21 de setembro, a vida nacional novamente se defrontará com a fantasmagoria de décadas e séculos de arbítrio e violência perpetradas pelas classes dominantes. Romper grilhões é ato de coragem, também necessidade. Dessa compreensão e vontade nascerá a força invencível do povo contra seus inimigos e algozes.
Alex Saratt é o 1° vice-presidente do Cpers, Secretário Adjunto da CNTE e Diretor de Comunicação da CTB RS

























