PUBLICADO EM 01 de out de 2021
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Bolsonaro é um presidente quase “perfeito”

Se o presidente da República Jair Bolsonaro tivesse inteligência acima da média, o Brasil, provavelmente, estaria mais ferrado. Felizmente não tem. Na verdade, o presidente está abaixo da média, para a relevância do cargo que ocupa e a importância do País no cenário internacional. Mas isto não o atrapalha. Talvez, ao contrário.

Se o presidente da República Jair Bolsonaro tivesse inteligência acima da média, o Brasil, provavelmente, estaria mais ferrado. Felizmente não tem. Na verdade, o presidente está abaixo da média, para a relevância do cargo que ocupa e a importância do País no cenário internacional. Mas isto não o atrapalha. Talvez, ao contrário.

Para o que o presidente se dispôs a fazer, a mediocridade intelectual e política talvez sejam parceiras. Bolsonaro é quase “perfeito”, porque, para o bem ou para o mal, ele vem cumprindo o script que lhe foi definido quando foi escolhido, por quem manda no País, ser o chefe da Nação.

Ele cumpre, com relativa competência e denodo, a tarefa que lhe foi passada. Não tenham dúvida disso. Outros, com a mesma orientação política (direita) e econômica (neoliberal), talvez não tivessem a mesma capacidade, em razão da complexidade, profundidade e radicalidade que a burguesia pretendia operar essas mudanças no País, num grande “salto para trás”.

Em circunstâncias absolutamente normais, Bolsonaro não seria candidato à Presidência da República, sendo, seria ridicularizado; não seria levado a sério. Mas por tudo que aconteceu com o Brasil, desde a eleição de Lula, em 2002, o País foi sendo tirado do eixo. E ninguém que poderia ter evitado isso se deu conta do que estava sendo gestado.

A situação aparentemente calma e tranquila levou o País ao autoengano. Lembre-se, em 2005, houve o chamado mensalão, biombo usado pela direita para desestabilizar o governo, a fim de apeá-lo. Naquele contexto, foi eleito o obscuro Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara.

Fraco, o deputado não teve capacidade política para cumprir o desígnio para o qual fora eleito: abrir processo de impeachment contra Lula. Foi sacado.

Em nova eleição para comandar a Câmara foi escolhido o então deputado Aldo Rebelo, que era do PCdoB. Ele disputou com José Thomaz Nonô (AL), que era do antigo PFL.

Nonô, na época, era um dos quadros da direita nacional no Congresso. Talvez, se tivesse sido eleito, tudo que aconteceu anos depois, teria ocorrido logo após a vitória dele. Talvez, então, sob esse mesmo diapasão, a vitória de Aldo Rebelo (SP) tenha interrompido, por alguns anos, a loucura que o Brasil ora vive.

Alguns anos depois, surgiu o chamado o petrolão e a Operação Lava Jato, que dragaram o País para a crise que ora vivemos e, talvez, sejam responsáveis por tudo que surgiu na esteira dessa crise. Inclusive a eleição do obscuro e obtuso Bolsonaro.

A pandemia é caso aparte. Como Bolsonaro não fez o óbvio, o futuro dele está agendado. Melhor assim.

Bolsonaro é quase “perfeito”
O presidente da República é quase “perfeito”, porque talvez outros, mais inteligentes e preparados, não tivessem condições de fazer o que ele fez e está fazendo.

Não fez e não vai fazer mais, porque passou da conta e teve de ser contido. Ele acreditou, tolo que é, que poderia “fazer o que a ditadura não fez”, nas palavras dele. E assim, o espírito democrático das instituições republicanas e da sociedade brasileira o impediram.

A agenda que o governo Bolsonaro “toca” no Congresso não é dele propriamente. Essa é a agenda neoliberal, cuja maioria do Congresso concorda, nessa nova fase do capitalismo financeirizado.

Ele é quase “perfeito”, porque consegue — mesmo não tendo as competências formais necessárias para ser presidente da República —, fazer a agenda neoliberal seguir o curso, ao mesmo tempo em que pauta debate e agenda absolutamente secundárias, que faz com que a oposição tenha muito mais dificuldades para atuar.

Isso obriga a oposição, no Congresso, nas ruas e nas redes, a combater, ao mesmo tempo, a agenda neoliberal que destrói o Brasil, e a campanha de ódio que dilacera a sociedade, numa guerra cultural que pulveriza o debate político sobre o que de fato interessa ao País e ao povo.

Marcos Verlaine é Jornalista, analista político e assessor parlamentar licenciado do Diap

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