PUBLICADO EM 04 de set de 2020
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Angústia em números

Todo dia, vejo comerciantes fechando suas portas nos centros e nos bairros de cidades em todo o Brasil. No total, incluindo outros setores, são mais de 716 mil empresas fechadas em definitivo por conta da pandemia do novo Coronavírus, segundo o IBGE. Geralmente, são médias e pequenas empresas, grandes empregadoras nacionais. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), apenas nos meses de abril e junho deste ano 135,2 mil lojas encerraram as suas atividades no País. O reflexo não poderia ser outro, ou seja, elevado número de demissões e uma série de imóveis com placas de aluga-se ou vende-se. O aumento do desemprego é diário. Os números atuais do IBGE são alarmantes: 12,8 milhões de desempregados. Redes atacadistas e de produtos eletroeletrônicos são as que mais demitem.

Preocupação

Muitas estão investindo em vendas online, fechando, assim, suas lojas físicas. Além disso, há os trabalhadores que são colocados em regime de licença não remunerada, aqueles que têm jornadas e salários reduzidos ou até mesmo contratos de trabalhos suspensos. Traduzindo esse quadro de angústia em números, temos, de acordo com o IBGE, a perda de cerca de nove milhões de postos de trabalho entre os meses de abril, maio e junho de 2020. Desse total, seis milhões eram informais. O cenário é preocupante. Só no Estado de São Paulo, aproximadamente 600 mil comerciários já perderam o emprego durante a pandemia, de um total de 2,5 milhões. Outro dado inquietante: segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 30 milhões de pessoas tiveram alguma redução no rendimento. As entidades representantes dos trabalhadores estão mobilizadas e atuantes na defesa da manutenção dos empregos e dos direitos da classe trabalhadora. Constam neste enfrentamento as assinaturas de acordos para diminuir os impactos da pandemia.

Sobrevivência

Também é realidade a apresentação de projetos de lei pela bancada defensora dos trabalhadores da Câmara Federal, a qual componho, que têm como objetivo amenizar os efeitos dessa situação desoladora. É forte a minha expectativa para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encaminhar a votação desses projetos e vê-los aprovados. É preciso adotar urgentemente medidas voltadas para a sobrevivência das empresas e manutenção dos empregos. Para manter as empresas funcionando, trabalhamos para que os anunciados auxílios do governo federal cheguem principalmente aos pequenos e médios empresários. Eles precisam ter acesso rápido a esses recursos com a desburocratização dos trâmites.

Defendo que o governo injete dinheiro nas pequenas e médias empresas como tem feito junto aos grandes conglomerados, como bancos e empresas aéreas. Assim, teremos os estancamentos dessas hemorragias de demissões e falências. Também trabalhamos para a desoneração da folha de pagamento. Menos impostos significam mais empregos ou menos demissões. Temos defendido também essas agendas em reuniões no Congresso Nacional e com ministros. O Brasil precisa ter condições propícias para incrementar a retomada consciente e gradativa da nossa economia. Ter um choque de geração de emprego agora, porque as perdas são rápidas, mas a recuperação, lenta. Só assim, evitaremos que 2021 seja um ano perdido, como parece ser 2020, para a economia e para o trabalhador brasileiro.

Luiz Carlos Motta é presidente da Fecomerciários, CNTC e Deputado Federal

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