PUBLICADO EM 28 de nov de 2020
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Centrais pedem a Maia que tire Eduardo Bolsonaro de presidência de comissão

Para dirigentes, parlamentar “desqualifica e coloca em descrédito, diante do mundo, a nação brasileira e suas instituições”

As centrais sindicais querem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), remova Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) do comando da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Em nota, os dirigentes manifestam repúdio “aos pronunciamentos absurdos e levianos” do filho do presidente da República em relação à China.

No início do semana, o deputado afirmou em rede social que o governo apoiava uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. Com a repercussão negativa, ele apagou a postagem no dia seguinte. Mas, ao mesmo tempo, a embaixada chinesa no Brasil reagiu à declaração. Segundo a representação diplomática, as afirmações “solapam” a relação entre os dois países. A China, por sinal, é a principal parceira comercial do Brasil.

“Os ataques irresponsáveis que o Deputado desferiu em sua conta no Twitter contrastam com a alta qualidade das relações diplomáticas que o Brasil construiu ao longo de décadas”, afirmam as centrais. As entidades acrescentam que o atual governo “vem sistematicamente destruindo” essas relações. A nota é assinada pelos presidentes Sérgio Nobre (CUT), Miguel Torres (Força Sindical), Ricardo Patah (UGT), Adilson Araújo (CTB), Antonio Neto (CSB) e José Calixto (Nova Central). Deputados também defenderam o afastamento do colega, que tempos atrás manifestou desejo de ser embaixador nos Estados Unidos.

Impactos incalculáveis de Eduardo Bolsonaro

“Os impactos para as nossas relações soberanas de respeito e de cooperação internacional. Assim como para as empresas e para os empregos, são incalculáveis em termos quantitativos e qualitativos”, afirmam ainda os sindicalistas. “Consideramos inaceitável que o Congresso Nacional recepcione em função dessa relevância um parlamentar que desqualifica e coloca em descrédito, diante do mundo, a nação brasileira e suas instituições”, acrescentam.

Ao final, as entidades solicitam o “imediato afastamento” de Eduardo Bolsonaro da presidência da comissão. “E o restabelecimento da dignidade em nossa diplomacia”, concluem. O 1º vice do colegiado, a propósito, é Luiz Philippe de Orleans e Bragança, também do PSL paulista.

Confira na íntegra a carta endereçada à Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal

 

São Paulo, 27 de novembro de 2020

EXMO. SR.

DEPUTADO FEDERAL RODRIGO MAIA

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

BRASÍLIA – DF

Senhor Presidente,

As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST e CSB vêm, por meio desta, manifestar repúdio aos pronunciamentos absurdos e levianos do Deputado Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, dirigidos à China.

Os ataques irresponsáveis que o Deputado desferiu em sua conta no Twitter contrastam com a alta qualidade das relações diplomáticas que o Brasil construiu ao longo de décadas e que, através de atitudes como a que enfrentamos neste momento, o Governo Bolsonaro vem sistematicamente destruindo.

Os impactos para as nossas relações soberanas de respeito e de cooperação internacional, assim como para as empresas e para os empregos, são incalculáveis em termos quantitativos e qualitativos.

Consideramos inaceitável que o Congresso Nacional recepcione em função dessa relevância um parlamentar que desqualifica e coloca em descrédito, diante do mundo, a nação brasileira e suas instituições.

Diante disso, solicitamos o imediato afastamento do Deputado da sua função de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e o restabelecimento da dignidade em nossa diplomacia.

Certos da sua atenção,

Atenciosamente,

Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)

Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)

José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)

Fonte: Com Rede Brasil Atual

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