PUBLICADO EM 12 de maio de 2023
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Trabalhadores da saúde em São Bernardo aprovam aviso de greve e manifestação dia 16

Foto: SindSaúde ABC

Os trabalhadores e as trabalhadoras da rede municipal de saúde de São Bernardo poderão entrar em greve a partir da semana que vem, em protesto às demissões que vêm sendo efetuadas em UPAs, UBS e outras unidades públicas sob a responsabilidade do Complexo Hospitalar São Bernardo, gerido pela Fundação do ABC. Na terça-feira, 16 de maio, haverá manifestação pela manhã em frente à Secretaria de Saúde da Prefeitura, que será reforçada pela participação de representantes do movimento sindical e social da região.

Estas decisões foram tomadas pela plenária realizada na noite de quarta, 10, na sede do SindSaúde ABC, em Santo André, que está protocolando o aviso de greve junto à Secretaria Municipal de Saúde.

O encontro foi convocado pelo Sindicato em função da falta de resposta da Fundação à notificação que pede explicações sobre a situação caótica do setor em São Bernardo. “Por decisão do Supremo Tribunal Federal, demissões em massa só podem ocorrer após conversa com o Sindicato, o que não ocorreu”, disse o presidente da entidade, Almir Mizito.

Mais de 500

Segundo o dirigente, além das demissões que já aconteceram recentemente, está crescendo a informação de que mais de 500 profissionais serão demitidos em breve. “A presença aqui nesta plenária de vários demitidos comprova que não são apenas boatos, por isso temos de tomar providências, não vamos aceitar esta atrocidade”, afirmou.

O Sindicato também entrará com pedido de liminar de reintegração dos demitidos e ingressará com ação conciliatória no TRT antes de ajuizar qualquer ação. “Vamos tentar o diálogo, como sempre fizemos”, falou. Presente na plenária, a vereadora Ana Nice (PT) afirmou que irá entrar com denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho, frente à situação do setor. “Os profissionais da saúde, que durante a pandemia doaram suas vidas para cuidar da população, são os mesmos que estão sendo demitidos e os que ficam estão trabalhando em condições completamente insalubres, principalmente na periferia da cidade; estão atendendo em garagens, com lixo pendurado próximo a pacientes, perto de esgoto. E isso acontece na cidade mais rica da nossa região”, protestou a vereadora.

Também representantes do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde (Sindacs) do ABC, participaram da plenária para prestar apoio e solidariedade. “Somos todos profissionais da Saúde e também sentimos na pele o que é trabalhar nessas condições, por isso contem com nosso apoio”, disse Ronaldo Barbosa, secretário-geral da entidade.

Demissões políticas

Os relatos dos demitidos são estarrecedores (os nomes foram preservados a pedidos). Vários deles estavam na plenária e seus depoimentos mostraram um ponto em comum: não existem motivos técnicos para as demissões. “Estão demitindo profissionais com vários anos de casa, com prontuários limpos, para contratar pessoas indicadas pelo prefeito e por políticos com fins eleitoreiros; portanto, são demissões políticas”, disse Mizito.

O dirigente acrescentou que recebeu denúncias de que cada equipamento de Saúde tem um “olheiro” do prefeito para observar o comportamento político dos trabalhadores. “Isso é absurdo, ninguém pode trabalhar com esse tipo de pressão”.

“Eu estava com a agenda comprometida, com vários atendimentos marcados e essas pessoas ficaram sem atendimento, inclusive uma senhora perdeu a laqueadura que já estava agendada”, disse uma assistente social.
Uma técnica de enfermagem da UPA Demarchi foi demitida em março sob a alegação de reestruturação. “Quando fui chamada a mulher disse que eu era uma ótima funcionária, que não faltava, me encheu de elogios e falou ainda que não sabia por que eu estava sendo demitida, que a ordem veio de cima”.

Na UBS Ferrazópolis, uma psicóloga falou que poucos dias antes de sua demissão a gerente a chamou na sala, trancou a porta e falou que não era para falar de política lá dentro. Foi demitida alguns dias depois, sob alegação de redução de folha de pagamento. “Isso depois de 13 anos de serviço, com um prontuário limpo, não é justo”, desabafou.

A mesma alegação de redução de gastos foi dada a uma assistente social das UBSs União e Orquídeas. Outra, da UBS Farina e Parque São Bernardo, com sete anos de serviços, também alegou estar com a agenda cheia de atendimentos marcados quando foi demitida na última sexta-feira, dia 5.

Também é o caso de uma fonoaudióloga das mesmas UBSs e que tinha quatro anos de serviço. “Agora não sei como os pacientes vão ficar, qual vai ser a continuidade do atendimento”, disse ela.

Uma telefonista do SAMU, que trabalhava há sete anos na unidade, falou que foi dispensada no dia 6 e que também não souberam dizer o motivo. “Me falaram que não havia reclamação contra mim, que eu era a única que pegava plantão às 5h da manhã, mas que estava demitida”, disse ela.

Após trabalhar 22 anos na área em São Bernardo, sendo 20 anos como agente comunitária e dois anos como assistente social, uma trabalhadora foi demitida na última sexta-feira. “Pra mim também foi dito que eu era uma boa funcionária, não faltava, mas que estava sendo desligada”, falou.

Fonte: SindSaúde ABC

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  • Li

    Triste lamentável. Demissões na rede de saúde que tanto precisamos. Só tem uma explicação. E todos já sabemos qual seja. Demissões são feitas e o salário desses funcionários vão para o bolso desses políticos. Vergonha….vergonha….vergonha

QUENTINHAS