PUBLICADO EM 26 de nov de 2018
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Sindicatos de Santos e região se reúnem para debater conjuntura

Reunião será nesta quarta-feira (28), às 10 horas, na sede dos Sindicato dos Operários Portuários de Santos e região (Sintraport)

Foto: Sindicato

Por Paulo Passos

Apesar do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ter voltado atrás na intenção de fundir o ministério do trabalho e emprego com o da indústria e comércio, o movimento sindical de Santos e região está preocupado com o futuro dos trabalhadores.

Para debater esse e outros assuntos, os sindicatos da baixada santista de diferentes centrais marcaram reunião para esta quarta-feira (28), às 10 horas, na sede dos operários portuários (Sintraport), na Rua General Câmara, 258, Centro.

Além do ministério do trabalho, estarão na pauta da reunião intersindical outras medidas anunciadas pela equipe de Bolsonaro, como a nova ‘carteira de trabalho verde e amarela’, a extinção do 13º salário e a reforma da previdência social.

Sintraport
“Um dos assuntos que mais preocupam os trabalhadores”, diz o presidente do Sintraport, ‘Miro’ Claudiomiro Machado, “são as dificuldades que poderão ser impostas para concessão da aposentadoria por tempo de serviço ou idade”.

O sindicalista também está preocupado com o modelo de previdência social anunciado pelo virtual ministro da fazenda de Bolsonaro, Paulo Guedes, que transfere do estado para os bancos a gestão dos recursos para as aposentadorias.

“Esse modelo foi implantado pela ditadura chilena e gerou um dos mais injustos sistemas de aposentadoria do mundo”, diz Miro. Ele lembra que o Chile tem um alto índice de suicídio de idosos por causa dos baixos valores das aposentadorias.

Rodoviários
Para o presidente do sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários, Valdir de Souza Pestana, apesar de Bolsonaro ter dito que não extinguirá o ministério do trabalho, após a péssima repercussão do anúncio, “o melhor é se preparar para o pior”.

“O movimento sindical não pode esperar as desgraças acontecerem para só depois decidir o que fazer”, diz ele, que também preside a federação dos rodoviários do estado de São Paulo (Fttresp). “É preciso prevenir, para evitar remediar”.

Pestana também participa de atividades intersindicais em São Paulo e outros estados: “Tudo indica que o governo será muito duro com os trabalhadores, que precisarão reagir à altura. Se nada for feito, nossos direitos serão simplesmente estraçalhados”.

Sindserv Guarujá
A presidenta do sindicato dos servidores públicos municipais de Guarujá (Sindserv), Márcia Rute Daniel Augusto, levará para a reunião suas preocupações com as políticas do futuro governo anunciadas para o funcionalismo federal.
“Essas medidas, altamente danosas, com certeza chegarão aos servidores estaduais e municipais, pois a maioria dos governadores e prefeitos seguirá o governo federal para retirar direitos da categoria nessas instâncias”, prevê a sindicalista.

O diretor financeiro e candidato a presidente do mesmo Sindserv, Zoel Garcia Siqueira, que irá à reunião junto com Márcia Rute, é “bastante pessimista em relação ao futuro do estado brasileiro e consequentemente dos funcionários públicos”.

“Chegará um momento, se a carruagem continuar nesse trajeto, em que nem haverá mais estado”, diz Zoel. Para ele, “o ultraliberalismo, pior que o neoliberalismo, deixará o povo sem qualquer assistência social e os servidores, deixarão se existir”.

Sindest Santos
O presidente do sindicato dos servidores municipais estatutários de Santos (Sindest), Fábio Marcelo Pimentel, segue o mesmo raciocínio: “O regime Temer criou uma crise terrível, com o corte nos investimentos sociais por 20 anos. E Bolsonaro aprofundará o problema”.

Ele acha que o sindicalismo “terá que se juntar a outros segmentos populares para brecar as aberrações anunciadas por Bolsonaro e seus virtuais ministros. Se não for assim, a classe média ficará na miséria e os pobres serão aniquilados. Haverá um genocídio”.

Fábio adverte para a recessão econômica, desemprego e baixos salários que se anunciam. “Se temos hoje mais de 150 milhões de pessoas vivendo sem condições de trabalho, moradia, saúde e educação, o que se vislumbra é pior ainda”.

Servidor de Praia Grande
Para o presidente do sindicato dos servidores municipais de Praia Grande, Adriano Roberto Lopes da Silva ‘Pixoxó’, “todos os trabalhadores, sejam de estatais, da iniciativa privada ou do funcionalismo, precisam se unir”.

Para ele, reuniões como a desta quarta-feira terão que se repetir até o final de 2018 e durante todo o ano de 2019, “se possível ampliadas com a participação dos trabalhadores do campo, de pequenos e médios empresários, profissionais liberais e desempregados”.

“Não podemos jogar a toalha ou se desesperar diante do que se avizinha”, diz Pixoxó. “Nossa alternativa é a organização, mobilização e luta, caso contrário seremos atropelados e esmagados por uma máquina desumana e injusta, comandada pelo sistema financeiro”.

Sintercub
Para o presidente do sindicato dos trabalhadores nas empresas de refeições coletivas de Cubatão e região, Abenésio dos Santos, “o movimento sindical precisa não apenas se organizar e lutar por seus próprios meios”.

“É necessário também mobilizar os políticos, que pediram votos ao povo e agora precisam prestar a contrapartida. Devemos fazer intensa pressão sobre vereadores, prefeitos, deputados federais e estaduais, governadores e senadores”, diz o sindicalista.

“Obviamente, isso não significa transferência de responsabilidade”, explica Abenésio. “Temos que fazer boas campanhas salariais, com greves se necessário, tomar as ruas, praças, avenidas e estradas. O que não podemos é aceitar passivamente a opressão anunciada”.

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