PUBLICADO EM 03 de jun de 2019
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Presidente dos Economistas de São Paulo vê riscos na previdência privada

O Valor Econômico publicou quarta (29) que os brasileiros são conservadores na hora de investir. A preferência esmagadora é pela caderneta poupança.

No caso dos investidores com mais de 60 anos, apenas 2,8% optam pela previdência privada. A base da matéria é levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

A proposta reforma previdenciária de Bolsonaro (PEC 06/2019) martela a ideia da migração do atual sistema de aposentadoria para a capitalização, buscando, na prática, tornar obrigatória a opção pelas formas de previdência privada.

Mas, afinal, como fica o trabalhador nesse contexto? A Agência Sindical ouviu o presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, Pedro Afonso Gomes.


Pedro Afonso Gomes, presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo / Foto: Arquivo Agência Sindical

Endividados – Segundo Pedro Gomes, o trabalhador não investe principalmente por falta de dinheiro. Ele comenta: “Cerca de 80% dos trabalhadores ganham até dois salários mínimos. Não investem por risco, por desconhecimento e, principalmente, por falta de recursos. Temos mais endividados do que aplicadores”.

O líder dos economistas alerta também para o fato de que, pra haver um bom retorno, é preciso ter grande volume de recursos. Pedro Afonso Gomes observa: “A fim de obter alguma rentabilidade acima da poupança, o trabalhador precisa ter pelo menos R$ 100 mil aplicados”.

Risco – A memória da quebra de diversos investimentos é outro motivo apontado por Pedro Gomes, que cita diversos montepios, a Boi Gordo, o Fundo 157 e outros tipos de investimentos do passado que faliram, causando perdas aos investidores.

“A possibilidade de aplicação de parte do Fundo de Garantia em ações da Petrobras é exemplo recente da volatilidade desse mercado. O trabalhador aplicou e, em seguida, houve queda em função dos escândalos. Agora, está havendo recuperação, mas quem precisou sacar amargou prejuízo”, ele ressalta.

Bancos – Pedro Afonso Gomes lembra a equação econômica “quanto menos risco, menos rendimento” e diz que o trabalhador, se for obrigado a migrar para o sistema de capitalização, tende a optar pelos grandes bancos. Explica: “O sistema bancário é extremamente concentrado. Na hora de escolher entre Bradesco e um hipotético ‘Banco Limão’, com maior rentabilidade, o trabalhador tende a optar pelo mais sólido. E mesmo grandes bancos quebram, basta lembrar o Bamerindus”.

O presidente do Sindicato dos Economistas considera que o trabalhador precisa de amparo a fim de investir. Ele alerta: “Normalmente, as pessoas se informam nas instituições financeiras, que empurram os investimentos que têm interesse em vender”.

Mais informações: www.sindeconsp.org.br

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