PUBLICADO EM 07 de maio de 2021
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Por prioridade na vacinação, portuários pararam por duas horas

A reivindicação pela agilização da vacinação na categoria é uma questão urgente, diz Guterra. Ele reforça a defesa pela vacinação em massa de toda a população, mas destaca os portuários como categoria essencial.

Portuários de todo o Brasil fizeram uma paralisação nacional de duas horas, na manhã desta sexta-feira (7), para reivindicar além do fim das privatizações dos portos brasileiros, a vacinação imediata da categoria que já está incluída como prioridade no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19, mas até agora ainda não foi vacinada.

De acordo com o secretário adjunto de Cultura da CUT, Eduardo Guterra, que também é presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP), a paralisação ocorreu nos 34 portos brasileiros e em vários deles, os trabalhadores decidiram estender a mobilização para outros turnos.

“Há muito tempo não víamos esse nível de adesão. Portuários que pegam no trabalho em outros horários – 13h, 15h, 17h – também devem paralisar as atividades por duas horas, no início do turno”, diz o dirigente.

A reivindicação pela agilização da vacinação na categoria é uma questão urgente, diz Guterra. Ele reforça a defesa pela vacinação em massa de toda a população, mas destaca os portuários como categoria essencial.

“Defendemos ‘vacina já’ para todos os brasileiros, mas pedimos prioridade aos portuários por causa exposição ao risco que o trabalho oferece, inclusive por ter contato com pessoas que vêm de outras partes do mundo. Esse risco é muito grande. É a vida que está em jogo”, argumenta o sindicalista.

Ele explica que a categoria, por decreto, foi considerada como atividade essencial e está definida como prioridade no PNI, mas até agora ainda não houve o início da vacinação para os portuários. “Desde o início da pandemia não paramos as atividades. Trabalhamos 24 horas por dia porque consideramos que a atividade é fundamental para a economia brasileira, mas n~~ao podemos esperar mais para receber a vacina”, afirma.

Contra a privatização
Os portuários também são contrários à privatização dos portos. De acordo com Eduardo Guterra, no modelo portuário mundial, o Estado tem a obrigação de garantir a infraestrutura para o funcionamento, que inclui o sistema ferroviário, rodoviário, o sistema de inteligência do porto, a segurança, os cuidados com o meio ambiente e outros pontos.

“A privatização é um imbróglio que nos preocupa. O Brasil está escolhendo um modelo em que o Estado abre mão de controlar os portos. São 34 portos no Brasil, cada um com suas especificidades. Não é como na Holanda, que tem um porto que serve a 11 milhões de habitantes. O Estado tem que ter o controle no Brasil”, afirma Guterra.

Para Guterra, com a mudança desse sistema, a entrega de tudo ao poder privado, o Brasil corre o risco de ter monopólios e oligopólios na administração e isso influiria em pontos estratégicos como definir exportadores.

Além de abrir mão de uma atividade estratégica para a economia, a exemplo de outros setores públicos, a privatização dos portos trará como consequências a precarização do trabalho e a demissão de milhares de trabalhadores.

Próximos passos
A luta por prioridade na vacinação ganhará novos capítulos, de acordo com o presidente da FNP. Nesta terça-feira, uma nova plenária de trabalhadores será realizada para organizar as próximas mobilizações.

Nas bases, os sindicatos estão fazendo “o dever de casa”, ele diz, se referindo a deixar claro para a sociedade, para empresários e governantes sobre a importância da vacinação para a categoria. “Queremos ser vacinados porque nosso caso é urgente”

A FNP participou de uma reunião da Comissão de Participação Legislativa na Câmara dos Deputados, que teve a presença de representantes do Ministério da Saúde.

De acordo com Guterra, ele afirmaram que até o fim do mês de maio os portuários serão vacinados. “Mas não vamos baixar a guarda por que não temos garantia nenhuma de que isso vai acontecer”, ele diz

Guterra ainda lamentou que a corrida para vacina tenha que acontecer. “É resultado do fracasso de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia e é lamentável para o Brasil que um tema assim tenha que parar em uma CPI [Comissão Paramentar de Inquérito] para apurar as responsabilidades”, conclui Guterra.

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