PUBLICADO EM 15 de set de 2020
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Metalúrgicos aprovam em assembleia acordo com a Volkswagem

Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC comanda a assembleia/Foto: Adonis Guerra

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, destacou entre as conquistas do acordo a garantia no emprego por cinco anos.

“O acordo de longo prazo dá tranquilidade aos trabalhadores. Não foi fácil tirar da cabeça da fábrica a palavra ‘demissão’, defendemos a todo momento a garantia no emprego e, a partir daí, qual seria o custo disso para que os trabalhadores pudessem avaliar”, explicou.

“Construímos alternativas para quem quiser ficar no emprego, essa é a maior conquista dos trabalhadores, tirar da chefia o poder de demissão e o direito de decidir as nossas vidas. Temos mantido isso a duras penas desde 2005. Em 2015, a empresa demitiu 800 pessoas, mas a greve e a luta reverteram a decisão”, lembrou.

Wagnão destacou que o processo de negociação se deu em meio a um cenário de incertezas.

“A pandemia não é a responsável exclusiva pela crise, é uma agravante da crise que já vivemos há alguns anos. Avaliamos as condições com pé no chão, diante da previsão de produção muito abaixo da capacidade, e a nossa primeira estratégia desde o início da negociação foi a garantia de proteção ao emprego”, afirmou.

Conforme matéria de Cleide Silva em O Estadão , em assembleia realizada nesta terça-feira, 15, no pátio da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a maioria dos trabalhadores aprovou a proposta de abertura de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para reduzir em cerca de 35% o número de funcionários da empresa. Para os que permanecerem no grupo, haverá garantia de emprego até 2025.

Eles também aceitaram a adoção de suspensão de contratos de trabalho (lay-off) por até dez meses com salários inferiores aos pagos até agora, congelamento de reajuste salarial e mudanças em benefícios como plano médico e participação nos lucros.

Ainda nesta terça ocorrerão assembleias nas fábricas de automóveis de Taubaté (SP) e de São José dos Pinhais (PR). Na unidade de motores em São Carlos (SP) a votação ocorrerá apenas na segunda-feira. Juntas, elas empregam atualmente cerca de 15 mil trabalhadores.

Fotos: Adonis Guerra

Pelo programa aprovado, quem tem até dez anos de trabalho e aderir ao PDV terá direito a 25 salários extras, além do previsto na rescisão. O número de salários aumenta de acordo com o tempo de serviço até 35 salários para quem é funcionário do grupo há 30 anos ou mais. Essa proposta vale por tempo limitado e para quem aderir depois o benefício será reduzido em 10 salários.

Ainda segundo o jornal Estadão, o presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, afirmou recentemente que a empresa opera com elevada ociosidade, assim como todo o setor automotivo. Segundo ele, o grupo deixou de produzir neste ano 146 mil veículos em relação ao mesmo período de 2019. “É um número que equivale a uma fábrica inteira”, disse. De acordo com a empresa, a ociosidade hoje representa os empregos de um turno de trabalho em cada fábrica.

Vagas fechadas
Nos últimos 12 meses, o setor automotivo fechou 6,3 mil vagas, das quais 4,1 mil durante a pandemia. Hoje emprega 121,9 mil trabalhadores, número que terá importante redução até o fim do ano diante de cortes aleatórios que vem sendo promovidos pelas montadoras e pelos programas de voluntariado.

A General Motors encerrou na semana passada PDV aberto em duas fábricas. Na unidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista, foram 294 inscrições, número que, segundo o sindicato local, ficou abaixo da expectativa da empresa. A unidade tem ainda cerca de 700 funcionários com contratos suspensos (lay-off).

Em São José dos Campos (SP) foram 235 adesões e o sindicato local vai se reunir com a direção da GM nesta semana para avaliar se será necessário a reabertura do PDV. A unidade tem mil operários contratos suspensos desde março.

A Renault, com fábrica no Paraná, também tem um PDV para cortar 747 vagas, número equivalente ao de demissões feitas em julho e que depois revogou após greve dos trabalhadores.

Fonte: Com  Estadão

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