PUBLICADO EM 26 de fev de 2019
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Investimento estrangeiro no país recua 30% em janeiro

O investimento estrangeiro direto (IDP) no país caiu 30% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2018 e pela primeira vez em dois anos e meio foi insuficiente para financiar o déficit em transações correntes registrado no mês, de US$ 6,548 bilhões. Ainda assim, o fluxo veio acima do esperado pelo Banco Central (BC), impactado por duas operações de maior vulto registradas no final do mês.

O BC afirmou que a piora na relação entre investimento direto e transações correntes foi um fenômeno pontual e que o próprio recuo dos fluxos de IDP também não deve configurar uma tendência. Para fevereiro, a projeção da autoridade monetária é que os ingressos para novos negócios, compra de participação ou empréstimos intercompanhias totalizem US$ 7 bilhões, acima dos US$ 4,7 bilhões de IDP computados no mesmo mês de 2018. Para as transações correntes, a estimativa é de déficit de US$ 2,2 bilhões.

“Uma possibilidade é que tenha havido antecipação de fluxo no segundo semestre do ano passado, quando houve crescimento significativo do investimento direto”, afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas da autarquia, Fernando Rocha, ao comentar o IDP menor em janeiro.

Os dados dos últimos 12 meses mostram que as contas externas seguem em terreno confortável, em meio a um nível ainda morno de atividade. O déficit acumulado é de US$ 14,8 bilhões (0,78% do PIB), bem abaixo do volume de IDP computado no período, de US$ 85,8 bilhões (4,55% do PIB).

No final de janeiro, houve duas operações de empréstimos intercompanhia em valores de US$ 1 bilhão e US$ 500 milhões. Rocha afirmou que essas operações de maior volume devem se tornar mais frequentes ao longo dos próximos meses, com o avanço esperado dos leilões de concessões.

Os dados do BC para janeiro revelaram ainda que o ano começou com recuperação parcial dos investimentos em carteira. O dinheiro voltado para aplicações em ações, fundos de investimento e renda fixa no país somou US$ 6,7 bilhões, após saída de US$ 12 bilhões em dezembro.

O economista Eduardo Velho, da GO Associados, afirma que os dados de investimento são hoje “muito bons” e que o país não depende dos fluxos financeiros para financiar seu déficit. Ele avalia que variações mais significativas no ingresso de investimentos vão depender essencialmente do contexto da velocidade da tramitação e da aprovação da reforma da Previdência. O cenário externo, destaca, se tornou relativamente mais benigno, com a reversão recente de expectativas em relação a novas elevações da taxa de juros norte-americana.

O BC havia projetado um déficit em conta-corrente de US$ 5,8 bilhões para janeiro. Segundo Rocha, o rombo maior foi resultado de operações relacionadas ao programa Repetro, que oferece benefícios tributários para compra de bens na área de óleo e gás. O programa sofreu alterações no ano passado, quando foi permitido que plataformas e outros bens incorporados ao estoque de investimentos do país tivessem direito à isenção tributária. Até então, as empresas precisavam exportar seus bens e depois alugá-los para ter direito aos benefícios. As operações eram apenas contábeis, e não envolviam a saída e entrada de produtos do país.

Com a nova regra, as empresas passaram a nacionalizar seus bens, o que tem gerado aumento de importações, e redução de registro de aluguel de equipamentos. Em janeiro, o saldo líquido das operações comerciais do Repetro foi negativo em US$ 800 milhões.

Fonte: Valor Econômico

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