PUBLICADO EM 03 de out de 2018
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Eu defendi apoio ao Ciro nas reuniões do Centrão, diz Paulinho da Força

Não tivemos a coragem de mudar o Brasil, de estar com o Ciro. Nós (Solidariedade) perdemos. O pessoal optou por apoiar o Alckmin. Mas me lembro até que o Marcos Pereira (presidente do PRB) chegou a dizer que apoiava o Alckmin, mas que tinha dúvida se ele iria para o segundo turno.

Em matéria no jornal O Globo, escrita por Cristiane Jungblut, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, Deputado Federal pelo Solidariedade, disse que “Não tivemos a coragem de mudar o Brasil, de estar com o Ciro”. Paulinho, que sempre defendeu o apoio do centrão  a Ciro, é um dos dirigente do chamado centrão (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade), que acabou fechando apoio ao presidenciável Geraldo Alckmin, do PSDB. Na entrevista, publicada hoje, 3, Paulinho diz que não há mais tempo para uma virada do Alckmin nesta reta final.

Integrante da coligação do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin , o presidente nacional do Solidariedade , deputado Paulinho da Força (SP), avalia que o tempo para uma virada do tucano na eleição “já passou”. O parlamentar é o primeiro cacique de uma das siglas do centrão a jogar a toalha diante das pesquisas, que revelam uma polarização entre Jair Bolsonaro (PSL), com 32%, e Fernando Haddad (PT), com 21%, e colocam o ex-governador de São Paulo na quarta colocação, com 9% no mais recente Datafolha — atrás de Ciro Gomes (PDT), com 11%, e à frente de Marina Silva, com 4%.

— Não tivemos a coragem de mudar o Brasil, de estar com o Ciro.

Para o deputado, os partidos do centrão devem liberar seus filiados no segundo turno. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o senhor avalia a situação de Geraldo Alckmin nas pesquisas?

A candidatura do Alckmin emperrou por causa do PSDB. O PSDB, nas nossas pesquisas lá atrás, era mais rejeitado do que o PT e o MDB. Então, era muito difícil, num momento em que a população está descrente da política, ter um candidato de um partido tão rejeitado chegando ao segundo turno.

Há espaço para uma onda Alckmin nesta reta final?

Já foi esse tempo.

Foi um erro apostar que o amplo tempo de TV mudaria o jogo?

Acho que não foi essa questão da TV, foram os fatos. A facada no Jair Bolsonaro (PSL) deu a ele a mídia que ele não tinha e precisava. Toda a mídia que ele não tinha, ele passou a ter depois da facada. E, além disso, o PT e o Bolsonaro, nessa polarização, alimentam um ao outro. À medida em que o Fernando Haddad começou a subir nas pesquisas, ele alimentou o crescimento do Bolsonaro. Acho que teremos um segundo turno complicado. Radicalizado para a esquerda e para a direita, inclusive com a possibilidade de violência dos dois lados. Quem ganhar, vai ganhar por pouco e o Brasil vai continuar dividido entre esquerda e direita. Para o país, isso é caos.

O centrão errou ao escolher o tucano, quando parte do bloco queria apoiar Ciro Gomes?

Não tivemos a coragem de mudar o Brasil, de estar com o Ciro. Nós (Solidariedade) perdemos. O pessoal optou por apoiar o Alckmin. Mas me lembro até que o Marcos Pereira (presidente do PRB) chegou a dizer que apoiava o Alckmin, mas que tinha dúvida se ele iria para o segundo turno. Tudo conspirou naquela semana (em que o centrão decidiu quem apoiar) contra o Ciro. O Ciro fez aquelas declarações (em poucos dias, Ciro xingou uma promotora e chamou o presidente Michel Temer de quadrilheiro), o Rodrigo Maia (presidente da Câmara) teve que viajar, perdemos um voto no grupo, porque, sem o Rodrigo Maia, o ACM Neto (presidente do DEM) vacilou na hora de decidir. Desde o início, a gente sabia que não era fácil. Então, o que deu errado é o partido. O PSDB é o partido a ser derrotado no Brasil.

O bloco do centrão vai seguir unido no segundo turno?

Estamos conversando por telefone, mas a tendência é liberar os filiados. Eu, particularmente, vou pensar no que fazer, mas não tenho como votar em Bolsonaro. Não conversei com o partido ainda, mas vou fazer de tudo para manter o bloco unido, porque devemos eleger de 200 a 210 deputados. A Câmara terá um papel muito importante no próximo período.

Como está a situação dentro do Solidariedade?

A parte sindical do partido está com Ciro Gomes. Já tenho sido procurado por alguns companheiros. Meu problema não é com o PT. Meu problema é com a Dilma Rousseff (ex-presidente), porque eu não gosto dela e nem ela gosta de mim. Tenho boa relação com o Lula.

E a unidade do centro?

O Fernando Henrique atrapalhou. Estávamos discutindo isso em sigilo e ele acabou antecipando uma coisa que estávamos negociando

Fonte: O Globo

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