PUBLICADO EM 29 de abr de 2021
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CPI da Covid se reúne nesta 5ª e deve convocar ministros da Saúde de Bolsonaro

Paralelamente, Lewandowski foi sorteado relator de ação no STF que tenta barrar Renan Calheiros da relatoria da comissão

Os senadores Omar Aziz, Randolfe Rodrigues (à esq.) e Renan Calheiros foram escolhidos presidente, vice-presidente e relator da comissão, respectivamente – Jefferson Rudy/Agência Senado
O ministro Ricardo Lewandowski foi sorteado relator do mandado de segurança (MS) n° 37870, apresentado na última terça-feira (27) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO), contra a participação de Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da Covid.

Eles usam o mesmo argumento, derrotado, da deputada Carla Zambelli, com a ação em que ela afirmava que o relator da comissão deve ser impedido por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho.

Os governistas usaram o mesmo raciocínio na instalação da CPI, na terça-feira (27), com questões de ordem e sucessivas intervenções contra Renan.

As medidas judiciais e o comportamento deste grupo de senadores têm o intuito de tumultuar a CPI. Até porque não se espera que o STF – muito menos Lewandowski – vá interferir em atos do Senado Federal com base em argumentos semelhantes aos usados pela deputada bolsonarista, derrubados pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

“Certamente o STF não vai interferir numa decisão interna do Senado. O tribunal já mandou instalar a CPI [em decisão de 14 de abril], foi eleito o presidente, que designou o relator. Não tem mais o que discutir”, diz Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Provocações e ameaças

Mas não estão no tabuleiro apenas medidas jurídicas, como as ações de Carla Zambelli e dos senadores bolsonaristas da comissão. A rede de apoio governista, formada por seguidores e robôs continuam a usar de expedientes conhecidos: postagens provocativas nas redes sociais e ameaças.

O filho “zero dois” de Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), publicou, nesta quarta-feira (28), um post no Twitter fazendo menção a um tuíte de baixíssimo nível, publicado em fevereiro de 2019 por Renan Calheiros e dirigido à jornalista Dora Kramer. O tuíte de Carlos Bolsonaro é uma “provocação séria, e isso vai ter troco”, diz o analista do Diap.

“A ideia é provocar os instintos mais primitivos de Renan Calheiros para ver se ele perde a compostura e reage de um modo que eles possam explorar nas redes sociais. Mas Renan certamente terá equilíbrio para dar o troco por outro caminho, investigando em profundidade os desvios do governo”, acredita.

Já o senador Otto Alencar (PSD-BA), que na terça (27), por ser o mais velho do colegiado, abriu a primeira reunião para escolher o presidente – Omar Aziz (PSD-AM) – relatou ter recebido pressão de todos os lados.

“Mas pelas redes foi pior. Recebi mais de 30 ameaças de morte. Nunca vi nada parecido”, disse ao jornal A Tarde, da Bahia. À CNN Brasil, Alencar afirmou que o governo e seus apoiadores agem para “desestabilizar” a CPI. Até agora, seja no Senado, seja no Judiciário, Bolsonaro tem sido derrotado em todas as tentativas, desde a determinação de criação da comissão pelo STF.

Ministros devem ser convocados

A comissão se reúne nesta quinta-feira (29), às 9h, para analisar o plano de trabalho. Renan defende convocar os quatro ministros da Saúde de Bolsonaro: Marcelo Queiroga, Eduardo Pazuello, Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta, favorito para ser o primeiro.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, também pode ser convocado. O motivo foi a agência negar autorização para importação da vacina russa Sputnik V, na noite de segunda-feira (26).

Segundo a fabricante do imunizante, a Anvisa mente. Em março do ano passado, Barra Torres, sem máscara, participou de manifestações na companhia de Bolsonaro. Outro cotado a ser chamado pela CPI da Covid é o ministro da Economia, Paulo Guedes.

“CPI vai investigar o quê?

Acuado, o presidente tem demonstrado que a CPI da Covid representa séria ameaça ao governo. Mesmo assim, não abandona as provocações. Continua a desafiar a comissão, a ciência e as instituições.

“CPI vai investigar o quê? Eu dei dinheiro para os caras”, afirmou, em referência a governadores. “Muitos roubaram o dinheiro, desviaram, mas agora vem a CPI para querer investigar conduta minha”. Ele acrescentou: “Que nem a questão da vacina, quando o último brasileiro tomar vacina, eu tomo”.

Fonte: Rede Brasil Atual

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