PUBLICADO EM 12 de jan de 2018
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Corrupção: primeiras-damas passam a integrar lista de investigados

Caso mais recente é de Edilene Oliveira, mulher do ex-governador do Amazonas José Melo; eles são acusados de desviar R$ 50 milhões da área da saúde

SÃO PAULO — Elas têm papel meramente protocolar nos governos. Não exercem função oficial definida por lei, não são consideradas integrantes da administração pública nem recebem salário. Entretanto, em tempos de combate à corrupção, as primeiras-damas passaram a engrossar a lista dos encrencados com a Justiça. O exemplo mais escandaloso é o de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, mas ela não é a única. Pelo menos em outros cinco estados (Minas Gerais, Tocantis, Ceará, Mato Grosso e Amazonas), atuais ou ex-ocupantes da cadeira são investigadas ou respondem a processos. As acusações vão de desvio de dinheiro público à compra de votos.

O caso mais recente é o da ex-primeira-dama amazonense Edilene Oliveira, presa na semana passada acusada de intimidar testemunhas e ocultar provas. Ela e o marido, o ex-governador José Melo (Pros)s, são investigados num esquema que teria desviado R$ 50 milhões da área da Saúde na gestão dele no governo.

Edilene não foi a primeira representante do seleto grupo de esposas de governador a parar na cadeia. Em 2015, a ex-primeira-dama de Mato Grosso Roseli Barbosa foi presa enquanto estava em São Paulo. Ela passou uma semana na prisão em Cuiabá e, até hoje, aguarda o julgamento de uma ação criminal por recebimento de propina de empresários enquanto comandava a Secretaria de Assistência Social do Mato Grosso.

Onélia Leite Santana, mulher do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), nunca foi presa mas teve uma assessora flagrada na última eleição com maços de dinheiro grampeados a santinhos de um cunhado da primeira-dama que era candidato. Onélia foi acusada de comandar a ação e é alvo de um processo por compra de votos desde 2017.

Outras duas atuais primeiras-damas estão sob investigação: Carolina de Oliveira Pimentel (MG) e Dulce Miranda (TO). A mulher do governador Fernando Pimentel (PT) já foi alvo de dois indiciamentos pela Polícia Federal e é investigada em inquéritos na Procuradoria-Geral da República que tramitam em segredo de Justiça. Entre as suspeitas que recaem sobre Carolina está a de que uma empresa dela teria sido usada para ajudar o marido em desvios durante a gestão dele no Ministério do Desenvolvimento entre 2011 e 2014.

No Tocantins, Dulce Miranda, deputada, é investigada num esquema em obras de terraplanagem e pavimentação no estado. Pouco antes do Natal, ela teve o gabinete na Câmara e sua residência em Palmas vasculhados pela Polícia Federal.

Com exceção da ex-primeira-dama de Mato Grosso, as demais não exerciam nem exercem cargo no primeiro escalão de governo. Essa é a situação mais comum. Das atuais 22 primeiras-damas estaduais, apenas três ocupam função administrativa.

OUTRO LADO

A defesa da ex-primeira-dama amazonense nega que ela estivesse destruindo provas e diz que a suposta denúncia de intimidação de testemunha é baseada na declaração de uma pessoa que “viu um carro preto com insulfilm ao chegar para depôr no Ministério Público” e teria se sentido intimidada.

Carolina, de Minas Gerais, tem dito, por meio de seus advogados, que as acusações feitas pela PF são “inverídicas e absurdas” e que elas serão rejeitadas pela Justiça. “Aguardo por esse desfecho desde o mês de maio de 2015 quando a autoridade policial foi a minha casa e levou documentos formais da minha empresa”, diz comunicado divulgado no fim do ano passado.

Dulce afirma que desconhece o teor das investigações de que é alvo e que é inocente. “Este é o meu primeiro mandato eletivo. Continuarei fazendo o meu trabalho com o amor e a dedicação de sempre, exercendo o mandato parlamentar com transparência, honra e probidade”, divulgou em nota.

Onélia, do Ceará, nega envolvimento no flagrante de compra de votos. “Reafirmo que jamais participei, nem mesmo de forma indireta, de ato ilícito de qualquer natureza. Repudio de forma veemente essas acusações. O que tenho feito nos últimos dois anos e meio de minha vida tem sido trabalhar, de forma incansável e voluntária, no desenvolvimento de projetos sociais”, diz em nota.

A defesa de Roseli Barbosa, ex-primeira-dama de Mato Grosso, não foi localizada.

Fonte: O Globo

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