As guerras napoleônicas deixaram em maus lençóis a família real portuguesa.
Sem condições de se defender, ela resolveu, em 1808, vir para sua ‘vaca de leite’, que era o Brasil, a colônia mais rentável de Portugal.
Com sua chegada ao Rio de Janeiro, aqui aportaram também 15 mil parasitas integrantes da nobreza que vivia à custa da família real. Melhor dizendo, à custa do povo português e das colônias.
Para absorver esse grande número de sanguessugas, o Rio passou por transformações, uma delas na organização administrativa. Grande parte dos nobres passou a ser funcionário público.
Como não havia verba para a remuneração de todos, e muitos ficavam até um ano sem receber salários, esses viviam da cobrança de impostos que não eram repassados ao estado.
Em outras palavras, a nobreza vivia da apropriação de verbas do estado.
Acredita-se, embora haja controvérsia, que assim a corrupção enraizou-se no Rio de Janeiro.
Ao lado de suas belezas naturais, esse estado, que durante muito tempo foi capital administrativa do Brasil, vive hoje uma grande crise financeira, moral e principalmente social.
A situação é consequência direta desse desmando com o dinheiro público desde o inicio do século XIX por uma burguesia que até hoje domina a máquina administrativa do país.
Uma das áreas mais sofridas é a segurança pública. Na tentativa de amenizar o problema, o governo golpista de Michel Temer resolveu, em 16 de fevereiro último, intervir no estado.
Mandou para lá o exército, cuja função deveria ser a de proteger o país da rapinagem internacional de nossas riquezas naturais, promovida exatamente pelo governo ilegítimo.
Com seis meses de intervenção, o povo, já tão sofrido por outras mazelas, infelizmente ainda vive no caos, onde as mortes por balas perdidas continuam a fazer parte do dia a dia.
A intervenção foi mais uma falha do governo de mentiras que não tenta e automaticamente não consegue melhorar os índices sociais, aumentando, isto sim, a miséria carioca.
Com ajuda do congresso nacional, congelou os investimentos públicos por 20 anos, dificultando assim a busca de verbas para combater os problemas sociais e em especial melhorar a segurança.
O passado do Rio começou torto, como a história mostra, e ações inócuas como a intervenção não ajudam o estado a sair das curvas da desorganização para trilhar a reta em busca de uma sociedade melhor.
Não se melhoram as condições sociais sem um grande investimento na educação, que é de longo prazo. Mas o governo precisa de resultados imediatos para sair do patamar de maior impopularidade da história.
Zoel é professor, formado em sociologia e diretor financeiro do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá