PUBLICADO EM 27 de ago de 2018
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Eleições 2018: desarvoramento e decepção; que fazer?

Para tentar mudar esse quadro que se anuncia decepcionante e catastrófico mandando de volta para o Congresso a grande maioria de deputados e senadores que votaram contra o povo e os trabalhadores será preciso mais que otimismo. Será preciso muito trabalho daqui até o derradeiro dia da eleição.

Não quero ser pessimista. Em geral, não sou. Mas as informações e os sinais políticos e sociais dão mostras que as eleições de outubro estão sob o signo do binômio “desarvoramento” e “decepção”. Esses fenômenos não são recentes e tampouco surgiram com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Isso vem sendo gestado desde as manifestações de junho/julho de 2013. O próprio impedimento de Dilma talvez tenha sido resultado disto.

Desarvoramento porque o debate parece estar fora de eixo. Isto é, a maioria dos candidatos diz e defende o que as evidências demonstram ter fracassado. Os resultados estão aí nesses 2 anos de governo Temer e sua agenda liberal-fiscal. Sem falar nos candidatos caricatos e suas performances que fazem vergonha alheia.

E decepção porque o resultado desse debate desarvorado, tudo indica, poderá produzir as consequências menos esperadas e desejadas para a maioria do povo e dos trabalhadores.

Depois do impeachment, a despeito do discurso oficial-governista e da mídia, tudo piorou. Nem vou entrar no mérito ou na polêmica se é “herança maldita” dos governos Lula e Dilma, mas o fato é que, basta andar nas ruas e conversar com o povo, para se chegar a esta conclusão, esta é uma óbvia constatação. Desânimo, pessimismo e descrença é o que se percebe, grosso modo, entre o povo em meio aos confrontos político-eleitorais que dão a tônica da disputa pelo voto.

Nem parece que daqui a 1 mês vamos eleger novo ou nova presidente da República, 27 governadores, 2/3 do Senado (54) e deputados federais e estaduais/distritais. Esta eleição talvez seja ou represente uma síntese da profunda crise porque passa o Brasil neste momento. Talvez o povo perceba, diante do marasmo que impregna a atmosfera do País, que não será a eleição de outubro que abrirá caminho para novas e mais animadoras perspectivas políticas, econômicas e sociais.

Desarvoramento
A eleição para presidente da República está carregada de incertezas e ameaças. O candidato preferido do povão está preso e o sistema judiciário não dá mostras que essa situação será modificada. Isto é, tudo indica, que o candidato do PT não será solto nem poderá disputar o pleito.

O 2º colocado nas pesquisas de intenção de voto flerta flagrantemente com o neofascismo e ameaça a frágil democracia, que está em frangalhos desde o impeachment. Em circunstâncias normais, o deputado não seria candidato, ou em sendo, não seria levado a sério porque não preenche os requisitos básicos para ocupar o principal cargo do País.

O candidato do establishment patina, não decola, não anima ou empolga nem aqueles que o querem e defendem. Certamente, se o candidato do mercado não se viabilizar nesse curto período de tempo que separa a campanha das urnas em 1º turno (7 de outubro) será abandonado. Aí será um “deus nos acuda”. Esse mercado, por óbvio, vai marchar com o 1º que lhe pareça mais viável para derrotar os principais inimigos — 1º o PT e o seu candidato; depois quem se aproximar mais contrariamente desse figurino liberal-fiscal preferido pelo mercado.

Decepção
Das manifestações de 2013 até então só houve decepções. Não houve renovação na política, nem poderia, os escândalos continuaram surgindo aos borbotões, o Congresso eleito em 2014 foi o pior desde a redemocratização. Do impeachment para cá, os trabalhadores amargam retrocessos de direitos e derrotas inimagináveis. Enfim, tudo piorou!

Mas isto não quer dizer que chegamos ao fundo do poço. Quem disse que o que está ruim não pode piorar?!

Prognósticos do DIAP apontam que os resultados das urnas para as eleições parlamentares, de deputados federais e senadores, podem ser decepcionantes. Vários fatores objetivos e subjetivos apontam que a eleição de outubro poderá ter o menor índice histórico de renovação para o Congresso Nacional.

Esses fatores vão desde o alto índice de recandidaturas ao Congresso, passando pelo financiamento público de campanha que privilegia os detentores de mandato em detrimento dos novos, a redução do tempo de campanha de 90 para 45 dias, entre outros elementos que facilitam a vida de quem já tem mandato.

Para tentar mudar esse quadro que se anuncia decepcionante e catastrófico mandando de volta para o Congresso a grande maioria de deputados e senadores que votaram contra o povo e os trabalhadores será preciso mais que otimismo. Será preciso muito trabalho daqui até o derradeiro dia da eleição.

Será preciso fazer amplo e maciço trabalho de informação de como esses deputados e senadores votaram em matérias de interesse do povo e dos trabalhadores.

Do contrário, o pior Congresso desde a redemocratização poderá ser “renovado”, até para pior!

Marcos Verlaine é jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

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