Por Marcos Aurélio Ruy
Neste sábado (29) é marcado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, por isso foram selecionadas seis canções de cantoras e compositoras assumidamente lésbicas. Elas cantam as dificuldades que enfrentam num mundo dominado pelo machismo, mas também cantam a vontade de superar as barreiras do preconceito e levar a vida com dignidade.
Luana Flores
A primeira música é “Guerreira de Lança”, da paraibana Luana Flores. Ela traz um som mesclado de uma pessoa criada na cidade com a cultura do sertão, como diz em sua poesia. Mistura o som eletrônico com as músicas de raiz de seu estado, com forte influência do manguebeat.
“A minha provocação é essa, dar uma roupagem futurista às tradições orais do Nordeste, desde as benzedeiras até o aboio, e transportar nossas tradições para uma música no futuro”, disse ela em uma entrevista. Ela conseguiu com maestria.
“Eu sou mulher paraibana sapatão
Criada na cidade com a cultura do sertão
Desde Menina pelejando ser pra existir
Raízes firmes e fortes que não me deixam cair
Mulher guerreira, rendeira, peleja, bruxa, benzedeira
Filha de Ester Maria Otília Silva Sertaneja
É o feminino cangaço moendo milho pra comer
É a minha história que não pode se perder
Eu não vou mais recuar
Qualquer um é o meu lugar”
Guerreira de Lança (2019), de Luana Flores
Marcia Castro
Outra nordestina se destaca com sua arte voltada para a igualdade de direitos entre todas as pessoas. A compositora e cantora baiana Marcia Castro, radicada em São Paulo, mistura as raízes da cultura de seu estado com MPB e rock, principalmente. Vale prestar atenção ao seu trabalho.
“o que me move
é o que me falta
o que não mais espanta
é o que me mata
o que me assusta
é o que me alcança
o que me impede
de entrar
na dança”
O Que Me Move (2014), de Marcia Castro
Bel Baroni
A carioca Bel Baroni iniciou carreira na banda Mohandas e a partir de 2015 iniciou carreira solo. Tem um som marcante com poesias fortes para trilhar caminho próprio caminho na MPB, com pitadas de jazz, funk e outros sons nacionais.
“Eu pulava ou corria e na dúvida me pendurei
Talvez não tenha mais o tato, mas…
Mas tudo some mesmo
Banquete fake
No fundo do meu olho
No fundo da minha testa
Eu podia ser você “
Banquete Fake (2019), de Bel Baroni
Marina Lima
Desde 1977 na estrada como profissional, a carioca Marina Lima nunca saiu de cena. Com um talento como poucas, sua obra é marcada pela mistura de sons e a poesia voltada para questões sociais e existenciais.
“Mesmo que falte água no Estado
Eu vou achar de beber
Grãos, shots, ervas, o diabo
E nós vamos sobreviver
É só olhar
O que já construímos aqui
Na força, na fé e na luz”
Novas Famílias (2018), de Marina Lima
Tegan and Sara
Tegan and Sara é uma dupla pop canadense, composta por gêmeas, lésbicas assumidas. Estão na estrada desde 1999 cantando a necessidade de haver mais respeito e menos preconceito no mundo.
“Não, não estou pronta para um grande passo ruim na direção deles.
Não, eu não estou pronta para o lixo do centro, evitam a coleta.
Quatro quadras, corra e se esconda, não ande sozinha à noite.
Arquitetura da cidade, a cidade muda antes que morram.
Quatro quadras, devo mencionar em uma música
Se eu quero conviver com a mudança,
Quem não quer mudar isso?”
Hell (Inferno; 2009), de Tegan and Sara
Maria Gadú
A paulista Maria Gadú, radicada no Rio de Janeiro, é ativista na defesa dos direitos dos povos indígenas. Ela canta o que é preciso para melhorar a vida de todo mundo. Presença obrigatória para quem gosta de música de qualidade.
“Quanto tempo leva pra aprender
Que uma flor tem vida ao nascer
Essa flor brilhando à luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol”
Shimbalaiê (2009), de Maria Gadú