Em uma reunião nacional da Força Sindical o companheiro Marcio Ferreira, presidente do sindicato dos borracheiros de São Paulo, fez uma exposição detalhada e abrangente da evolução das lutas e conquistas no pagamento da participação nos lucros e resultados (PLRs) aos trabalhadores e propôs a realização de um balanço de tal evolução.
O pagamento neste fim de ano do 13º salário é uma boa oportunidade para o movimento sindical retraçar a origem e a trajetória de lutas desta conquista.
Participei na última terça-feira (dia 19), como debatedor, da mesa de um evento em homenagem à memória de Raphael Martinelli, ativista e dirigente sindical ferroviário, preso e torturado pela ditadura militar e militante durante toda sua vida ao longo de seus muitos anos.
Com a agitação provocada nas redes sociais sobre a jornada 6 X 1 (que ofuscou a discussão sobre o corte de gastos do governo), quero fazer uma pergunta retórica: se a PEC aprovada determinasse quatro dias de trabalho por semana o que fariam milhões de trabalhadores e trabalhadoras nos outros dias?
O sindicalismo é a resultante de dois componentes que se equilibram como duas pernas: a ação e a instituição.
Terminadas as eleições municipais em que o eleitorado deu um claro recado de normalização da vida política nacional, os dirigentes sindicais e todos os trabalhadores e trabalhadoras voltam à sua rotina.
Terminada com êxito e aprovação maciça da categoria a eleição no Sintetel - Sindicato dos Telefônicos de São Paulo que reelegeu a diretoria renovada, quero destacar três notas públicas de dirigentes sindicais sobre fatos políticos da atualidade.
Em meu último texto falei sobre eleições de uma maneira convencional, com descrições de procedimentos correntes sem atentar para o verdadeiro rio subterrâneo que, nos últimos anos e ainda mais agora, tem alterado o curso costumeiro das campanhas e os resultados eleitorais.
Nos próximos dias e cada vez mais intensamente, os brasileiros participarão das eleições municipais de 2024: 155 milhões de eleitores estarão aptos a votar em 450 mil candidatos, a prefeitos e vereadores.
Atualmente são raras as notícias sobre a ação sindical na mídia grande, por intenção ou desleixo. Mas já não foi assim, quando vários jornais tinham seções, colunas e até editorias de Trabalho e Sindicato. Tempos passados...
O Globo de domingo (01/09) deu uma capa com manchete denunciando que “O Brasil já tem 153 patrões investigados por coação eleitoral”. E em matéria de página inteira, de Renata Agostini, detalhou inúmeros e escandalosos casos de coação eleitoral patronal já processados pela Justiça Eleitoral e fez um alerta para evitá-los nas campanhas eleitorais em curso.
Na quinta-feira da semana passada na sede da Renault (no Paraná) aconteceu uma importante reunião em defesa do fortalecimento da indústria automotiva.
De acordo com o único registro na mídia grande impressa (Folha de S.Paulo) o 9º Mutirão do Emprego que começou na segunda-feira passada (e deve durar até a sexta-feira) não teve as longas filas de desempregados desesperados que lotavam o Vale do Anhangabaú nas edições anteriores; os 22 mil postos de trabalho oferecidos foram demandados por 50 trabalhadores e às 10 horas da segunda todos já haviam sidos direcionados para o atendimento.
O ponto de vista de uma pessoa sobre qualquer assunto é o resumo instantâneo de sua ideologia dominante. Para meu ponto de vista nada é mais esclarecedor do que um acompanhamento do que anda acontecendo no mundo sindical (ainda que predominantemente em São Paulo), demonstração de sua vitalidade.
A história econômica das nações demonstra o papel estratégico da industrialização no crescimento. Aqui no Brasil esta constatação também é válida, até mesmo ao se vincular o baixo crescimento à desindustrialização acelerada sob a égide do rentismo, do fiscalismo e da ideologia neoliberal.
Para meu uso adoto três indicadores para avaliar o grau de democracia política efetiva em uma sociedade: leitores de jornais, filiados a partidos políticos e sindicalizados. (Os indicadores são outros quando se trata de democracia sócio-econômica: um prato de comida, um emprego e uma sala de aula).
A taxa de sindicalização, que é a porcentagem dos trabalhadores associados aos sindicatos em relação ao número de ocupados ou empregados, vem caindo no Brasil desde 2017 e aceleradamente nos últimos anos.
Quero fazer meus os termos da indiscrição de Rubens Ricupero, trinta anos atrás e falar de coisas boas sem mencionar as desagradáveis. A primeira grande notícia é a aprovação pelos metalúrgicos da Renault, no Paraná, depois de uma greve que durou um mês inteiro e dirigidos pelo sindicato da Grande Curitiba (filiado à FS), do […]
Enquanto as direções responsáveis estão ocupadas no planejamento e preparação dos atos do dia 28 de abril em memória das vítimas de acidente do trabalho e das comemorações unitárias do 1º de Maio, todas as entidades devem organizar o esquenta para tanto.
Não chega a ser a carnificina que as forças armadas de Israel estão praticando em Gaza, mas seus números também são aterradores.
Refiro-me às greves que atrapalharam a vida de milhões de paulistas nos metrôs, nos trens e no atendimento da Sabesp exigindo a convocação, pelo governo estadual, de um plebiscito sobre a privatização das empresas. Uma linha do metrô privatizada, onde não houve greve, também parou por defeito no trem.
Qualquer greve é um fato extraordinário, marcador das etapas da vida sindical. Mas o recurso à greve é uma opção normal, na maioria dos casos preparada diligentemente pela direção e pelos ativistas e no Brasil garantido pela Constituição e, às vezes, arbitrado pela Justiça do Trabalho.
O Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho – Smartlab – iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho e da OIT-Brasil informa que a cada 3 horas e 47 minutos morre um trabalhador ao realizar sua tarefa. Este ritmo que já é preocupante torna-se aterrador quando somos informados de que apenas os trabalhadores com carteira assinada são computados.
Em matéria de página inteira no Valor do dia 9 de agosto a jornalista Marli Olmos escreve que “novo capítulo de incentivo a montadoras faz renascer debate sobre benefícios ao setor”. Mas o que quero ressaltar na edição é o mapa em que se apresenta o quadro das montadoras atuais no Brasil: 20 montadoras, 27 fábricas em 22 cidades de oito estados.
Das muitas atividades e atribuições de uma entidade sindical algumas são intrinsicamente relacionadas à “perpetuação da espécie”: eleições periódicas e assembleias frequentes, negociações, comunicação, sindicalização e formação de dirigentes.
Para quem estava se assustando com a montanha russa dos últimos tempos a roda gigante da semana parece monótona. Refiro-me às boas notícias na economia, ao atendimento de muitas reivindicações represadas e à própria moderação do frenesi congressual.
No dia 5 de maio o Executivo enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei da valorização do salário mínimo (PL 2385/2023) atendendo à reivindicação da CONCLAT 2022 e cumprindo a promessa do presidente Lula.
A maior preocupação de um dirigente sindical deve ser o cotidiano dos trabalhadores e das trabalhadoras que ele representa.
O jornal deu como manchete e desenvolveu em duas longas matérias (ambas assinadas por Idiana Tomazelli) que a “valorização do mínimo é desafio à regra fiscal”, tudo levando a contrapor a proposta de ajuste fiscal à política de valorização do salário mínimo. Isto indisporia o movimento sindical dos trabalhadores ao governo e criaria cizânia no parlamento.
Um dos grandes objetivos do movimento sindical, da sociedade brasileira e do governo atual é a busca do desenvolvimento econômico sustentável e justo. Para tanto, é essencial uma política de industrialização, sem a qual o crescimento econômico é deformado.
A estrada do terceiro mandato de Lula começou muito esburacada e com sinalizações herdadas defeituosas. Por causa disto o carro tem andado aos solavancos vencendo cada quilômetro com velocidade que deixa a desejar.
As comemorações brasileiras do 1º de Maio 2023 deveriam ter como eixo a oportunidade de avanço civilizatório com o anúncio presidencial do novo valor acrescido do salário mínimo e a apresentação de uma proposta de política permanente para sua valorização.
De todas as fotos que nos chegaram da cobertura pela mídia grande e redes sociais da visita presidencial brasileira à China quero destacar uma por seu caráter singular, inaudito e relevante. A singularidade é sempre uma chave.
Embora com a ressalva desnecessária de que há decisões que cabem ao presidente Lula, o ministro Haddad disse em entrevista à FSP (08/04) que uma política para o salário mínimo “deveria entrar na ordem do dia no segundo semestre”.
Permitam-me usar uma expressão do tempo do onça: na segunda-feira, dia 6, a sede do sindicato dos engenheiros de São Paulo botava gente pelo ladrão. Na casa cheia e transbordante houve o lançamento da revista Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento – Hora de Avançar (editada pela jornalista Rita Casaro) com artigos técnicos coordenados pelos engenheiros Carlos Monte e Fernando Palmezan que abordavam diversos aspectos do crescimento econômico, com soberania, prosperidade e justiça social.
Mãos à obra agora que já foi instituído o grupo de trabalho para a elaboração de proposta da política de valorização do salário mínimo. Ele será composto por representantes do governo, das centrais sindicais, do Dieese e do Ipea (organizados todos pela secretaria técnica) e terá 45 dias, prorrogáveis por outros 45, para apresentar sua proposta. Estão previstos também convites a especialistas e a representantes de organizações dos empregadores para as discussões, a critério do coordenador do GT; as participações dos trabalhos não serão remuneradas.
É preciso reprisar que o decreto de reajuste pontual do salário mínimo é de atribuição presidencial, mas a aprovação de uma política permanente (que enfrenta adversários interesseiros e influentes) é atribuição do Congresso Nacional, renovado e conservador. O próprio decreto presidencial de reajuste deveria, pedagogicamente, concretizar o resultado da política permanente.
Às voltas com os escombros administrativos, o ministério do Trabalho suspendeu por 90 dias os procedimentos para registro sindical, sensibilizou-se frente à crise da Americanas e prepara sua participação, junto com outros ministérios, representantes das centrais sindicais e Dieese, na comissão encarregada de discutir a política de valorização do salário mínimo. O ministro tem sido enfático em sua preocupação com o tema.
É o que acontece com o conto “Tempo de crise”, de 1873, em que se narram as especulações políticas sobre uma troca de governo. Com exceção do dito “lamber os vidros por dentro”, que à época queria dizer o mesmo que “trocar as meias sem tirar os sapatos”, de hoje, o conto é de uma atualidade e precisão surpreendentes ( o que se passava na Rua do Ouvidor passa-se agora aceleradamente nas redes sociais).
As primeiras denúncias foram feitas em redes sociais. A mídia grande confirmou algumas e as noticiou. As centrais sindicais organizaram a busca de confirmações e instalaram aplicativos para novas denúncias.