PUBLICADO EM 13 de jun de 2023
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‘Terceirizar para fazer caixa dois’, diz sindicalista

Na foto, o presidente do sindicato dos servidores de Dois Córregos, José Luiz Wagner: ‘mau uso dos recursos públicos’

Uma das finalidades das terceirizações nos serviços públicos é angariar recursos para campanhas eleitorais por meio do mecanismo conhecido como ‘caixa dois’.

“Quanto você acha que custa uma campanha para prefeito numa cidadezinha do interior? Não menos que R$ 2 milhões, R$ 3 milhões. E de onde vem esse dinheiro? Boa parte, de terceirizações”.

As palavras do presidente do sindicato dos servidores municipais de Dois Córregos (SP), José Luiz Wagner, repercutiram nos comentários do programa ao vivo do Sindest pelo Facebook, Youtube e Instagram.

Prefeitos ou coronéis?

Sindest é o sindicato dos 11 mil estatutários e 7 mil aposentados da prefeitura de Santos, que teve seu presidente, Fábio Pimentel, no comando da tradicional ‘live’ de toda semana.

Foi na noite de segunda-feira (12), quando se debatia o chamado marco regulatório das relações de trabalho no serviço público federal, estadual e municipal dos poderes executivo, legislativo e judiciário.

‘Wagnão’, como é conhecido, foi claro, direto e objetivo: “Muitos prefeitos se acham coronéis e donos das cidades, tirando dinheiro das terceirizações para comprar eleitores”.

Sumiço do dinheiro

O sindicalista explicou o que muita gente já sabe há tempo, ou seja, que as terceirizações não são boas para os servidores e nem para as populações. Para ele, o marco regulatório poderá resolver o problema.

Wagner acha que, fortalecidos, os sindicatos poderão cobrar seriedade dos gestores públicos. “Hoje, empresas ganham licitações, recebem o dinheiro, somem e os trabalhadores ficam sem os salários”.

O marco regulatório será protocolado no congresso nacional em outubro, pela confederação dos servidores públicos do Brasil (CSPB). Sua diretora Cristina Gomes participou da ‘live’.

‘Conselhão’ do presidente Lula

Segundo ela, o presidente da entidade, João Domingos Gomes, já levou a proposta, ainda não finalizada, ao chamado ‘conselhão’ do presidente Lula, que ele integra.

A finalização do documento ocorrerá em congresso nos dias 29, 30 e 31 de agosto. Em 17 e 18 de maio, na capital paulista, em seminário nacional, vários sindicatos redigiram propostas para o congresso.

A proposta de São Paulo foi aprovada em seminário nos dias 17 e 18 de maio, na capital do estado.

A resenha prevê o direito de greve, negociações coletivas de trabalho, fim de práticas antissindicais. Reivindica saúde, segurança no trabalho, custeio sindical, desenvolvimento, formação e capacitação.

O andor e o santo

Fábio lembrou que, antes do congresso de agosto, os sindicatos farão seminário em Brasília, na quarta e quinta-feira da próxima semana (21 e 22), para alinhavar as propostas vindas de vários estados.

“O sonho começou em 1988, quando a constituição federal nos garantiu o direito à sindicalização”, disse o presidente do Sindest. “Mas até agora não temos a normatização desse direito”.

“Estamos preparando o andor para carregar o santo”, brincou o sindicalista. “Os prefeitos, governadores, presidentes e demais gestores públicos são patrões dos servidores e têm que negociar como patrões”.

Uma categoria e não uma peça

“Somos uma categoria e não uma parte unitária, individual da máquina administrativa”, ponderou Fábio. “O funcionalismo forma um coletivo que precisa ter direitos a mecanismos como a greve”.

O diretor de comunicação do Sindest, Daniel Gomes, também participou da ‘live’ e defendeu que os prefeitos sejam obrigados a negociar as campanhas salariais com os servidores.

O sindicalista entende que os trabalhadores devem apoiar a luta dos sindicatos pelo marco regulatório, principalmente depois que ele for enviado ao congresso nacional, pressionando deputados e senadores.

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