PUBLICADO EM 25 de abr de 2022
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Situação dos cobradores de ônibus é discutida na Câmara SP

Foto: Arquivo

Na tarde do último dia 18 de abril, a Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica da Câmara Municipal de São Paulo realizou Audiência Pública na qual debateu a importância dos cobradores ou auxiliares de motoristas de ônibus no transporte público da capital paulista.

A audiência, que atendeu requerimento de autoria dos vereadores Luana Alves (PSOL) e Senival Moura (PT), contou com a participação de representantes dos cobradores e de entidades sindicais que defenderam os direitos da categoria.

Apesar de terem sido convidados, nenhum representante da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte, da SPTrans (São Paulo Transporte S/A), do SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) e do SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo) compareceu à audiência.

Debates

Logo no início da audiência, a vereadora Luana Alves se manifestou em defesa da manutenção dos cobradores nos ônibus da cidade de São Paulo. “Não é de hoje que a gente tá vendo uma movimentação para tirar o papel do cobrador e da cobradora”, afirmou. “E a gente sabe que o cobrador e a cobradora tem um papel que vai além de cobrar o dinheiro físico: tem o papel de garantir a segurança no veículo, tem o papel de ser um suporte para o motorista, tem uma função de ajudar a embarcar muitas vezes quem tem dificuldade de embarcar. A gente sabe que, se tirar o cobrador totalmente, vai ficar o motorista com dupla função: o motorista vai dirigir, prestar atenção no trânsito, prestar atenção no ônibus e vai ter que cobrar dinheiro, tudo ao mesmo tempo, no trânsito de São Paulo”, argumentou Luana.

Na sequência, o presidente da Comissão de Transporte, vereador Senival Moura, criticou o novo contrato firmado entre a Prefeitura e as empresas de ônibus para a operação do transporte público da capital. “Infelizmente o contrato é muito ruim e vocês vão poder acompanhar como estão sucateadas as empresas. As antigas cooperativas estão sucateadas em função do péssimo contrato que assinaram na cidade de São Paulo. Esse é um dos problemas que tem gravíssimos. Agora, obviamente que a questão da figura do cobrador, quem tem que garantir isso é a Prefeitura da cidade de São Paulo, também via contrato. Para isso, tem que ter o quê? Precisa ter os recursos e [o contrato] não prevê recurso para isso”, destacou Moura.

Falando em nome da CSP Conlutas (Central Sindical e Popular Conlutas), Carlos Augusto Nascimento Leal, conhecido como Carlão, defendeu os cobradores da cidade de São Paulo. “Nós passamos aí dois anos sofrendo com a pandemia e esta categoria não parou um minuto, colocou essa cidade para rodar. E nisso pagamos um preço alto, de mais de 230 óbitos na categoria”, pontuou. “Nós abrimos e fechamos essa cidade de São Paulo. Sem os condutores aqui, isso aqui para. A economia para, a saúde para, a educação para, tudo para sem os condutores de São Paulo”, enfatizou Carlão.

Na mesma linha se manifestou Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. “Se nós levarmos em conta que existe um desastre, que a população mais pobre está cada vez mais pobre e os ricos estão cada vez mais ricos, e que tirar o emprego de em torno de 14 mil trabalhadores/cobradores hoje, na cidade de São Paulo, vai ser um desastre. 14 mil trabalhadores ou trabalhadoras significa 14 mil famílias que provavelmente ficarão sem nenhuma condição de sobreviver porque, possivelmente, esses trabalhadores e trabalhadoras são os assuntos que garantem o sustento da sua família”, ressaltou.

A cobradora Virgínia Niles da Silva Santos, representando a categoria, exaltou o trabalho e a importância dos cobradores no transporte público. “Estou aqui representando mais de 19 mil pais e mães de família. E eu acho que quando é dito que não precisa mais do cobrador, porque apenas 5% ou 6% [das viagens] são cobradas em dinheiro, eu acho que a função vai muito além disso. Porque nós saímos de casa todos os dias às 3 horas da manhã, somos os primeiros a levantar e os últimos a dormir, como foi dito, e eu não saio da minha casa, como os demais colegas, apenas para cobrar 6% em dinheiro. Ali a gente está para orientar o passageiro, para auxiliar o motorista, para dar informações”, defendeu Virgínia.

Também se manifestaram em defesa dos cobradores a deputada estadual Mônica Seixas (PSOL) e, por vídeo exibido na audiência, a ex-vereadora e atualmente deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL), além de diversos inscritos que fizeram uso da palavra presencial e virtualmente.

A Audiência Pública foi conduzida pelo presidente da Comissão de Trânsito, vereador Senival Moura (PT). Também participaram os vereadores Faria de Sá (PP) e Luana Alves (PSOL). A íntegra do debate pode ser conferida no vídeo aqui.

Fonte: Câmara Municipal de São Paulo

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