A luta contra o fim dos cobradores de ônibus na cidade de São Paulo é antiga e já vem desde Paulo Maluf quando ele privatizou o sistema de transporte e desde então o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo (SindMotoristas) esteve presente nessas batalhas.

Mais uma vez a entidade está atenta, pois o fim dos cobradores significa a demissão de quase 19 mil trabalhadores.

O deputado federal e presidente do sindicato, Valdevan Noventa falou sobre essa nova ameaça de acabar com os cobradores por causa do avanço da tecnologia e o uso dos cartões.

“Eles são agentes sociais nos veículos, auxiliam os motoristas, ajudam os cadeirantes e deficientes físicos, controlam o uso dos assentos reservados de idosos e gestantes, inibem situações de assédio sexual, e ainda orientam os usuários sobre os itinerários. As empresas querem que os motoristas sejam responsáveis por tudo?”, questiona Noventa.

O sindicato está divulgando uma carta aberta à população sobre a grave ameaça e que a entidade estará lutando em defesa do emprego dos cobradores.

Confira a íntegra da carta:

Luta em defesa dos empregos dos cobradores de ônibus de São Paulo

Atenção população! A São Paulo Transportes (SPTrans), que gerencia o transporte urbano na capital, enviou às empresas de ônibus ofício que determina a demissão dos cobradores e cobradoras, já a partir de abril de 2022.

Caso este “pacote de maldades” seja concretizado como deseja o prefeito Ricardo Nunes (MDB), haverá demissão em massa de 18 mil profissionais que, em sua grande maioria, são chefes de família, que garantem o pão de cada dia em milhares de lares.

Diante da difícil realidade, crise econômica, política e epidemiológica que assolam o Brasil, prosseguir com este projeto de exclusão social de forma unilateral é uma irresponsabilidade, é desumano.

Há de se indignar ainda com o Poder Público e com os empresários que tomaram essa decisão, sem envolver os agentes diretos, os que são responsáveis por manter o bom funcionamento do transporte coletivo de São Paulo, o maior e mais rico município do país.

O Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo (SindMotoristas) solicita seu apoio e da população em geral, que se somem à luta contra a extinção dos postos de trabalho do cobrador. Este profissional, além de cobrar passagens, é um agente social essencial dos ônibus.

Dado importante!

Em setembro de 2017, foi divulgada a 11ª edição da pesquisa de Mobilidade realizada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, que ouviu 1.603 moradores com idades iguais ou superiores a 16 anos em todas as regiões da cidade entre os dias 27 de agosto e 11 de setembro.

De acordo com os resultados, 75% dos entrevistados são contrários à retirada de cobradores de ônibus. Apenas 19% são favoráveis à medida. Já 61% desaprovam a privatização do Bilhete Único e 31% são favoráveis à medida. Cerca de 52% atribui ao Poder Público a responsabilidade de melhorar a mobilidade.

Se o atual administrador municipal visa de fato melhorar o transporte na cidade, deveria ampliar os corredores e faixas exclusivas de ônibus, construir mais ciclovias e ciclofaixas, aumentar a segurana dentro dos coletivos para evitar assédio moral e abuso sexual das mulheres e garantir pontualidade dos serviços de passageiros.

Se você é contra o desemprego em massa dos cobradores, entre nesta luta e assine o abaixo assinado que será entregue ao prefeito Ricardo Nunes.

A Direção

São Paulo, 23 de fevereiro de 2022

Fonte: Redação Mundo Sindical