PUBLICADO EM 28 de jan de 2019
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Professores de Los Angeles comemoram suas vitórias quando sindicato celebra acordo

Cecilia Hamilton sentou-se junto a um alto falante estridente, tocando funk e música soul fora da Escola Primária da Rua 93 no Sul de Los Angeles. Atrás dela, o letreiro digital na escola lia: Nós Amamos nossos Professores.

Desde que a greve começou, uma semana atrás, professores como Hamilton têm aparecido toda manhã antes das sete horas, fazendo piquete fora da escola, lutando por classes com menos alunos e para mais recursos, que eles dizem que não vão apenas ajuda-los a ir ao encontro das necessidades dos alunos, mas efetivamente ensina-los.

Hamilton, que ensina a quarta série na escola, disse que os professores transmitiram através do alto falante a coletiva de imprensa da terça-feira de manhã, que anunciou o acordo de contrato provisório entre o sindicato dos professores e o Distrito Escolar Unificado de Los Angeles. Agora, fora da escola, ela esperava ouvir mais detalhes sobre o acordo e sua eventual votação. Ela espera ansiosamente voltar para a escola.

“Nós estávamos nervosos, nós estávamos esperançosos, mas nós estávamos determinados”, ela disse. “Eu estou orgulhosa que nosso sindicato foi capaz de atravessar a mensagem real, e essa não era sobre pagamento, mas sobre o que nós precisamos para ajudar nossas crianças.”

“Nós não podemos ajudar nossas crianças com nada”, ela adicionou.

Hamilton, uma professora de segunda geração, disse que os problemas na escola primária começaram a piorar cerca de seis anos atrás, quando os fundos do distrito diminuíram.

Ela disse que gradualmente a escola encontrou-se com em seu pessoal apenas um psicólogo e sem conselheiros, forçando os professores a às vezes ter que fazer esse papel. A escola também não tinha um bibliotecário em tempo integral. Parte do orçamento da escola era usado para ajudar a pagar coisas, como uma enfermeira, que estaria na escola pelo menos duas vezes por semana, ao invés de uma. Mas tais mudanças tiveram um efeito cascata. Hamilton disse que no ano passado a escola encontrou-se sem suprimentos como canetas e papel.

E então havia o tamanho das classes. Quando Hamilton começou a lecionar, em 2001, em outra escola no Sul de Los Angeles, a média do tamanho das classes era de vinte alunos. Até 2009, quando ela começou a lecionar na Escola Primária da Rua 93, ela tinha vinte e seis ou trinta alunos em sua aula.

Hamilton disse que classes com mais alunos significavam menos tempo para prestar atenção nos estudantes que acompanhavam mal o resto da classe, e precisavam mais tempo para entender o material. Ela disse que às vezes eram necessários o recreio e horas depois da escola para espremer um tempo cara a cara com aqueles estudantes que precisavam de ajuda extra.

“Alguns dias você tinha muito sucesso e outros dias você iria para casa frustrado e chorava”, disse Hamilton. “Nós queremos ajuda-los, mas não há recursos suficientes para nós, e nem tempo suficiente”.

Na escola, policiais dirigiam, fazendo sinal de joia e perguntando aos professores se eles haviam vencido.

Ingrid Villeda, uma professora da sexta-série da escola, respondeu.

“Nós conseguimos quase tudo”, ela disse.

Mais de mil estudantes estão inscritos na Escola Primária da Rua 93. Cerca de 35% dos estudantes são aprendizes de inglês. Cerca de 96% dos estudantes recebem almoços grátis, ou refeições a preço reduzido, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação. Os professores ajudam alguns estudantes que são sem-teto, e ter outra enfermeira, psicólogos ou conselheiros no pessoal vai ajudar.

“Nós estamos servindo estudantes que já são mal servidos, que precisam de serviços psíquicos, que precisam de outra enfermeira e recursos adicionais”, disse Villeda.

“Nós esperamos que quando eles contratarem mais psicólogos e mais pessoal, nós seremos realmente capazes de trabalhar com os estudantes numa base melhor para servi-los”.

Quando as aulas terminaram, os professores ficaram do lado de fora cantando: “A greve acabou! Nós vamos voltar ao trabalho amanhã.”

Os alunos deram palmas nas mãos de alguns dos professores.

Os pais disseram que estavam gratos em ouvir que os professores estavam planejando voltar às salas de aula.

Aurora Alonso, 38, que tem quatro filhos, disse que estava difícil tentar evitar que seus filhos ficassem assistindo televisão ou jogando vídeo game. Ela disse que semana passada, durante a greve, ela não trouxe seus três filhos para a escola. Terça-feira foi seu primeiro dia de volta.

“Foi um sacrifício e muito triste, que precisou chegar a isso, mas precisava ser feito, se nós queremos que as coisas melhorem”, ela disse. “Vai haver algum senso de normalidade agora”.

Enrique Vega, 46, andando para pegar sua neta, disse que estava apoiando os professores em sua greve. Ele também acredita que classes com menos alunos beneficiariam sua neta e outros alunos. Ele disse que estava feliz em ouvir que um acordo havia sido alcançado.

“Estou feliz que eles tenham conseguido o que queriam”, ele disse. “Eles lutaram muito por isso e pelas crianças”.

Fonte: Los Angeles Times

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