PUBLICADO EM 21 de jan de 2020
COMPARTILHAR COM:

Porque o caminho obsoleto e nada suave de alfabetização não serve ao país

Por Marcos Aurélio Ruy

Uma citação recente do presidente Jair Bolsonaro dizendo sentir saudade da cartilha “Caminho Suave” está gerando um debate sobre o papel da educação num governo destruidor da educação pública.

Bolsonaro afirmou que “os livros hoje em dia, como regra, são um montão de amontoado de muita coisa escrita. Tem que suavizar aquilo. Em falar em suavizar, estudei na cartilha ‘Caminho Suave’, você nunca esquece”.

A fala presidencial repete toda a sua performance como político e agora no cargo maior do país, contra a educação voltada para o desenvolvimento pleno do aluno. Além disso, o atual presidente se mostra visceralmente contra o saber, por isso, defende uma cartilha autoritária, ultrapassada e ineficiente no processo de aprendizagem do aluno”, afirma Marilene Betros, educadora e secretária de Políticas Educacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Porque, “o processo de alfabetização vai além das habilidades motoras ou da percepção visual. Ele se passa, especialmente, nas hipóteses que a criança formula ao tentar associar as palavras que vê ao significado, e isso ocorre quando ela reflete sobre a escrita. A mera aquisição de habilidades mecânicas ajuda pouco na aprendizagem”, diz Isis Tavares, educadora e presidenta da CTB-AM.

Marilene conta que é justamente por isso que a utilização da cartilha “Caminho Suave” perdeu sentido. Depois de inovações trazidas por diversos estudiosos como Emília Ferreiro, Ana Teberosky e Paulo Freire (1921-1997), que se basearam em importantes teóricos como Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962), para citar somente alguns, “a educação tornou-se um processo muito mais interativo, inclusivo e com o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem”.

A cartilha “Caminho Suave”, de Branca Alves de Lima (1911-2001), teve a sua primeira edição em 1948 e até hoje ainda é um dos livros didáticos mais vendidos do país e conta com 133 edições, informa a Edipro.

Estudiosos informam que entre os anos 1950 e anos 1990, estima-se que mais de 48 milhões de crianças foram alfabetizadas por essa cartilha. Utilizando o processo de “alfabetização por imagem” e repetição de sílabas.

“O problema consiste em que as crianças aprendiam a codificar e decodificar, e não a descobrir o mundo da literatura, dos jornais. Era como aprender uma tecnologia e não saber que uso fazer dela”, explica à BBC Brasil, Magda Soares, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.

A cartilha foi excluída do Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação (MEC), em 1996. Justamente porque “os textos que não cumpriam uma outra função da alfabetização, que é a de introduzir a criança na cultura do escrito, textos como esses (a laranja é de Lili) não fazem parte da cultura do escrito, nem mesmo de livros de literatura infantil”, acentua Magda.

“A ‘Caminho Suave’ surgiu num contexto onde o analfabetismo atingia quase 60% da população e necessitava-se de um método mais rápido de se ensinar a ler, mas o problema é justamente que esse método não se mostrou eficiente porque ler é muito mais do que identificar códigos e imagens”, acentua Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Assuntos Educacionais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo e de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Para a doutora em psicologia, Anna Helena Altenfelder “antigamente se acreditava que, uma vez que a criança dominava o código, ela automaticamente lia e escrevia todos os gêneros de texto que circulam na sociedade: contos de fada, poemas, regras de jogo, receitas de bolo, textos científicos”. Mas, de acordo com ela, isso não acontece porque o cérebro humano quer superar limites e não ficar estigmatizado.

Porque com o surgimento do construtivismo o “professor passou a ser visto como mediador entre os saberes do aluno e o processo de aprendizagem, numa troca de conhecimento, levando o aluno a desenvolver a cognição e a emoção juntamente com o aprendizado, desenvolvendo seu raciocínio”, assinala Marilene.

Além disso, lembra Anna Helena, aquela “era uma época em que a escola era para muito poucos. E como era um país muito analfabeto, a pessoa que escrevia uma palavra e lia textos muito simples era considerada alfabetizada”.

“Como utilizar esse método”, questiona Francisca, “em pleno século 21 com a indústria 4.0 batendo à nossa porta?”, porque para “acompanhar a velocidade das novas tecnologias há a necessidade de muita criatividade e domínio das emoções com muita autonomia, processo que se inicia nos primeiros anos da escola”.

Isis reforça ainda que “a linguagem é fundamental para a existência humana e a linguagem é muito mais do que combinações de sons, letras e sílabas. Através da linguagem falada e escrita, expressamos sentimentos, desenvolvemos raciocínios, refletimos, comunicamos nossas reflexões, nos comunicamos e também nos distinguimos e nos aproximamos uns dos outros, ao contrário de um método baseado na repetição para decorado e não como alimento da criatividade”.

Para Vygotsky, as relações sociais são essenciais para o processo de aprendizado e “só se tem relação social com uma educação livre de amarras, inclusiva, voltada para o diálogo e a liberdade de pensamento e expressão, sem liberdade não há educação eficiente”, conclui Marilene. Se o que se deseja é a “formação de cidadãs e cidadãos, há que se educar conhecendo o passado, entendendo o presente e construindo o futuro com pessoas livres e autônomas”.

Marcos Aurélio Ruy é jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

ENVIE SEUS COMENTÁRIOS

  • Maria José

    Foi a minha cartilha que me alfabetizou e eu como futura pedagoga se a mim fosse dada a oportunidade traria essa cartilha de volta. Acho que a educação perdeu muito com essa nova fase em que se o educador não se esforça em alfabetizar o aluno eles fazem a progressão sem saber ler e nem escrever e muito menos, reconhecer números e letras. Amava tanto a cartilha Caminho Suave que até me recordo de suas páginas com suas figuras. Saudades…

  • Paulo Silva

    Um punhado de analfabetos funcionais, os “Doutores” em educação repetem e vomitam platitudes, baseando-se em pseudoestudos de qualidade absolutamente questionável. Viva o Caminho Suave! Compramos em casa para reforçar a alfabetização das crianças e mantê-las a salvo das garras manipuladoras de (parte) do professorado doutrinador e enviesado.

  • ELLEN HOLANDA LIMA

    Como faz pra curtir e aplaudir todos os comentários acima favoráveis a Cartilha Caminho Suave?
    Acham bom é esse método emburrecedor do Paulo Freire.

  • Wellington Mizael da Silva

    O problema é que hoje uma criança ao final dos quatro primeiros anos de estudo, não consegue ler nem escrever corretamente. E agora?

  • Jean Alves Cabral

    O grave erro deste modelo péssimo que temos hoje, se impõe pelos dados oficiais que qualquer um mentecapto pode verificar, clicando no glorioso Google.
    O método que formou gerações não pode ser visto como obsoleto. Ele é superior na justa medida em que:
    1- A criança aprende por repetição mecânica e impositiva as regras da gramática, da ortografia, da leitura no ritmo e, acima de tudo: quanto ao referente. – Atendendo assim aos princípios superiores da premissa elementar da Semiótica.
    2- Dominada a capacidade de domínio com a língua portuguesa, dentro das regras devidas; passa-se à interpretação de texto, expondo-se os campos dos 4 caminhos discursivos classificados desde Aristóteles e, firmados com os clássicos brasileiros, ícones da literatura nacional formativa.
    Feito isto?
    Que se abra o mundo da interpretação social, da discussão filosófica, da briga partidarista e politiqueiro e, acima destas coisas menores: a leitura dos clássicos da formação moral e ética cristãs.
    Agora, um mar de moleques analfabetos; que estão lotando as escolas e doutrinados para tratarem de questões de sexualidade, de pautas associadas a taras sexuais muito próprias para adultos que pagam os próprios boletos, demandas sobre toxicomania e laureamento a conhecidos bandidos da cena política? —- como se alfabetiza com isto?
    Bem, basta verificar os índices ridículos e observar a perseguição a quem defende o que acabo de dizer.
    Mas … a cada dia o seu próprio mal!

  • Eliana Zerbinatti

    Bla bla bla E olha que não sou bolsonarista.

  • Paulo Motta

    Interessante!
    Muitos alunos que foram alfabetizados com esta cartilha.
    Hoje em dia, muitos se formaram em facudades, universidades, em escolas profissionalizantes como o SENAI.
    O problema não é o inicio da alfabetização. E sim, a alienação que muitos sofrem nas facudades e universidades, por causa de uma ideologia (socialista/comunista).
    E com certeza esta máteria foi escrita por um socialista de shopping center.

  • Rodrigo

    Não fez sentido foi as mudanças de 1996 no governo FHC aplicada até hoje nas escolas.

  • Marcelo

    Argumento falacioso. A Cartilha é um marco na alfabetização. Milhares de formados e suas marcas na sociedade, tiveram alfabetização pelo método. Ela sempre fez e faz sentido. A criança aprendia a ler em escrever em um ano. Na segunda série já lia e interpretava texto grandes, lia livros … O que realmente aconteceu é que quando os militares sairam do poder, a esquerda dominou a pasta e varreu tudo que vinha deles. Não importaram com mais nada. Tinham que eliminar tudo que era do inimigo. Varreram a cartilha usando mentiras descabidas sobre aprendizagem mecânica, atrasada, ineficiente entre outras. Tudo começou com Paulo Freire, mencionado no texto, e suas ideias falaciosas. Foi ele que acabou com tudo e impôs goela abaixo o ensino progressivo. Mario Covas copiou a ideia dele para o Estado de São Paulo e FHC para o Brasil. O resultado é essa catástrofe que você vê hoje na educação com aluno sem saber ler, escrever e calcular já no ensino médio. Como eles se esquivam disso? Dizendo que Paulo Freire nunca foi aplicado, jogando a culpa na família, na falta de investimento entre outras besteiras sem fundamentos. Sendo assim, tenha em mente que foi a esquerda que destruiu a educação no País. São eles neste texto argumentando mais uma vez mentiras para desmerecer um manterial tão atual quanto a Cartilha Caminho Suave. O material deles que deve ser questionado, rasgado, queimado…pois só se vê crianças entrando analfabetas e saindo analfabetas com as ideias e materiais deles. Pesquise sobre o material didático da cidade de São Paulo e veja a alfabetização. É tudo com letra de forma maiúscula do 1º ao 3º ano. Nem minúsculas ensinam. Nem sabem o que é letra cursiva. Antes aprendiamos a ler e escrever em um ano com todas as fontes. Os fracassados colocaram três anos, pois não sabem alfabetizar em um e mesmo assim não conseguem. Quem fez o L saiba que seu filho sai da escola sem saber nada por causa deles. Não existe outro culpado. É isso.

  • Samuel Francisco Lima da Silva

    A cartilha Caminho Suave é, sem dúvida, o melhor método para alfabetização infantil. Lamentavelmente, a educação brasileira foi roubada por gente que tem como princípio roubar o Brasil, tornando os cidadãos marginais ao conhecimento pleno, protagonista, de fato, da sua vida. O artigo traz seu viés totalmente esquerdista, unívoco, bem à moda soviética, condenando quaisquer que ouse discordar de suas premissas falsas e tendenciosas. O presidente Bolsonaro foi o único presidente que concedeu o maior reajuste salarial pelo Piso Salarial Nacional do Magistério, desde a sua criação, elevando substancialmente os vencimentos dos professores. Somente essa medida seria fator de exaltação ao governo Bolsonaro pela política de valorização do professor, que não passa de discurso vazio da esquerda. Quê dizer do programa de alfabetização, o grafo game, um projeto premiado internacionalmente, face a sua eficácia e aplicabilidade. Outras iniciativas, como a tradução em LIBRAS das entrevistas oficiais, trouxe de fato, a inclusão das pessoas. Enfim, depreciar o presidente Jair Bolsonaro, face a sua origem militar é, no mínimo, desconhecer o que é a vida na caserna. Há alguns poucos que acreditam que militar só vai para o quartel para marchar e pintar meio fio. Definitivamente, não conhecem a Academia Militar. Os militares são pessoas altamente capacitadas, a começar pelo exame de admissão, o qual exige absurdamente mais que qualquer vestibular de universidade federal. Os modernos, inventaram tanta baboseira na educação, sobrecarregaram-na de tal maneira, que o que menos se faz numa escola é dar aula. Partindo desses autores citados, pouca coisa poderia ser aproveitada. Emília Ferreiro e Paulo Freire são piadas de mal gosto na realidade brasileira. Segundo o PISA, o Brasil é o penúltimo ou último país no ranking do programa, vinculado à ONU, de tal sorte que, em 2021, 96% dos alunos concluintes do ensino médio, não eram capazes de resolver uma mera equação de primeiro grau. Com a teoria marxista da luta de classes em que se baseia Paulo Freire, na sua Pedagogia do Oprimido, houve um aumento brutal na violência contra o professor, que, ora é agredido pelo aluno (oprimido), ora pelos pais, ora até pelo sistema, que enxerga no aluno (estudante) um mero número, para receber do Banco Mundial as verbas referentes a educação, e por isso, não há mais retenção de alunos, tendo os modernos educadores especialistas criado a famigerada promoção automática ou progressão continuada, práticas que trouxeram grande sequela no sistema educacional e, por conseguinte, tem colocado no mercado de trabalho péssimos profissionais, em todas as áreas. E isso não ocorre apenas no âmbito da escola pública, também se apresenta no meio privado. Detalhe: poucos são os professores que possuem condições para apresentar críticas, reduzindo qualquer chance de reverter o quadro, não obstante o grande número de parlamentares oriundos dos quadros do magistério em atuação nos três níveis do poder legislativo. É urgente uma reforma profunda no sistema educacional brasileiro, porque dele depende o projeto de nação, como aconteceu na Renascença, quando os intelectuais da época voltaram -se à leitura dos grandes autores da filosofia da Grécia Antiga, redescobrindo valores como o do arquiteto Vitrúvio, com seus estudos sobre as cidades quadriculadas ou o homem vitruviano. Precisamos repensar. Tenho dito.

  • Marcos

    É engraçadíssimo ver os promotores de um sistema que nos legou as piores colocações nos testes internacionais se indignando contra um sistema que embora não fosse perfeito, tinha resultados inegavelmente melhores que os atuais. E pensar que muitos pais acabam entregando seus filhos para essa máquina de emburrecimento.

  • joão

    Ridículo!!! O aprendizado sempre foi eficiente com a cartilha, muito diferente de hoje em dia que vemos crianças se tornarem adultos sem o mínimo de noção de absolutamente nada! É óbvio que uma cartilha não faz tudo, mas aliada ao ensino e autoridade que eram exercidos pelos pais e professores, formávamos cidadãos!!! Hoje com todo o mimimi de pai não pode repreender…. Professor não pode repreender…. E etc, só temos formado rebeldes, bandidos, pessoas que querem ser diferentes do que a natureza os criou e se acham no direito de obrigar que os outros aceitem isso como normal…. Entre outras aberrações…. E depois que o Bolsonaro falou isso ainda piorou. Porque agora um monte de idiotas irão ficar contra o verdadeiro ensino só pra ser contra o ex presidente….

  • César Fernando Fiore

    Antes de pensar em qualquer método moderno para a formação educacional das crianças, é necessário utilizar o método simples de ensinar a ler e a escrever corretamente; nada se constrói sem isso. E que fique registrado: o Estado investe na educação, está é faltando colocar essa máquina em funcionamento.

  • Andreia Santos

    A cartilha Caminho Suave é a melhor forma de aprendizagem,esses livros que hoje são usados na alfabetização não funcionam crianças saem da 1 série do fundamental sem ler e nem escrever, além de tudo a lei não permite reprovar o aluno no máximo dois alunos por sala, crianças estão chegando na 4 série sem saber o básico,um monte de livros que as crianças não conseguem entender,a professora fica com as mãos atadas pois são obrigadas a dá esses livros e seguir o cronograma , a realidade da escola é totalmente diferente,30 a 40 alunos na sala de aula, com essa mudança do método de ensino gerou” analfabetos formados” , além da mentira citada no texto que diz que sabendo “Lê e escrever” que antigamente era considerado alfabetizado, nos dias atuais é pior ainda, no CRAS da minha cidade quando uma pessoa passa por lá precisando de atendimento eles consideram uma pessoa que sabe apenas escrever o nome como “alfabetizada” se somente escreve o nome isso em pleno 2023 , concordo plenamente com a linha de pensamento do Ex Presidente Jair Bolsonaro, deveria voltar nas escolas a Cartilha Caminho Suave, nos primeiros anos, depois os alunos usasse os demais livros.

  • Miriam

    Uma grande parte da população de alunos de primeiro e segundos anos não estão alfabetizados. E qdo somos surpreendidos até o novo ano. Tantos métodos modernos não chegam a completar os sistemas de leitura e escrita. Os métodos construtivistas precisam de professores muito bem preparados.

  • Delvani Eloy de Sousa

    O problema é que esse método atual não funciona. Se as pessoas que escrevem esses discursos fossem para dentro de uma sala de aula saberiam o quanto está ineficiente! Melhor retroceder… ou, talvez encontrem um terceiro método. Bolsonaro tem razão!

  • Alcione

    Vejo que o português está cada vez mais errado e ninguém está fazendo nada, vejo reportes falando ( trazido aqui para delegacia ) coisas absurdas na tv e ensinando nossos filhos e netos a falar errado também, palavras sem sentidos ( obrigado eu ) sendo o certo como sempre foi ( muito obrigado) .

  • Wagner

    Agora entendi, porque o primo de minha esposa, com oito anos de idade, ainda não escreve. Ele ainda está construindo o conhecimento.

  • Jefferson

    Entendi, mas o que fazer então quando a criança não aprende com o método de hoje ?
    A escola simplesmente está passando a criança para o ano seguinte sem saber ler e escrever.
    Acredito na modernização do ensino, mas reconheço que a ” Caminho Suave” ajudou muito .
    ( Só lembrando também sou fora Bolsonaro “

  • Moacir

    Paulo freire o pior educador

  • Moacir

    Dona Marilene Betros pior é vocês que só querem incutir a ideologia de gênero Paulo freire o pior educador

  • Rodrigo

    O que nunca serviu foi o método atual.

  • celia

    Verdade, muito diferente de hoje, onde temos alunos no Ensino Médio que não sabem nem escrever o próprio nome, quiçá, interpretar texto… Infelizmente nem os “professores alfabetizadores” sabem escrever…. Sinal dos tempos…. Triste realidade, onde o grande mote é produzir analfabetos funcionais com graduação!

  • Nelson Valente

    Prezado Marcos,

    A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência. Mudaram as vogais e as consoantes? A pergunta é: Como em tão pouco tempo o Brasil conseguiu estruturar e deteriorar a qualidade do ensino? A Cartilha Caminho Suave é um modelo perfeito e eficiente, que está sendo mantido por famílias que sabem a importância de ensinar corretamente.
    Há cerca de três décadas começaram a ser implantados novos métodos de ensino, que veio por meio da moda de apostilas exclusivas nos colégios privados, enquanto na rede pública se configurou como correto tentar entender a mensagem do aluno, sem corrigi-lo. E assim acabou o ditado, os treinos de escrita e leitura. Para valorizar o conteúdo e o pensamento, desvalorizaram a ortografia e gramática.
    Minha observação é que isso se tornou um desastre. O que vi foram crianças aprendendo cada vez mais a não escrever…
    Apenas preenchem lacunas deixadas em trechos da apostila e trocaram o caderno pelo teclado. Algumas chegam ao final do ciclo 1 sem dominar as letras cursivas, pois só escrevem em teclados do celular, e computadores. Ou se comunicam com emojis e expressões totalmente sem nenhum compromisso com a língua portuguesa. Quantas vezes na vida você já perguntou: Como se escreve tal palavra mesmo? É com z ou com s? Tem acento? (assim mesmo sem circunflexo, pois o chapeuzinho só vai na cabeça antes de plural), tem hífen? Quer um bom exemplo? Quando uma criança está fazendo a lição de casa e tem uma dúvida, pergunta para quem? Os pais, é claro. Só que a grande maioria desses pais foi educada na transição do acordo ortográfico, portanto cresceram com as mesmas dúvidas.
    Ai a solução é dar um “google” e eis que a quantidade de explicações é tão extensa, muitas citando outras regras gramaticais, que geralmente a dúvida não é esclarecida e ainda aumenta.
    Uma pessoa que diz que não sabe português é porque acha que saber português é saber o que é uma oração subordinada substantiva objetiva direta completiva nominal reduzida. E isso, quase ninguém sabe. Nem mesmo os professores de português formados e na ativa já há bastante tempo. Então, temos aí um grande imbróglio para resolver, a formação docente. Acordo é simplesmente uma bagunça, é o caos linguístico; é uma desgraça! É a bancarrota da Língua! E a consequência é o caos linguístico que se está verificando nas escolas, na comunicação social, falada/escrita/ouvida e lida.
    Infelizmente, o descaso com o nosso idioma é notório. Além disso, há o desprezo pelas regras gramaticais e ortográficas, como se houvesse um desejo recôndito de prestigiar a ignorância.
    Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. Criar o hábito (ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores.

  • Nelson Valente

    Senhor, Marcos Aurélio…

    Morreu, neste início de século e de milênio, a educadora Branca Alves de Lima, aos 91 anos, deixando órfãos aqueles que acreditam que a alfabetização com cartilhas não só funciona muito bem como é mais simples do que essa “moda” atual do construtivismo.
    O falecimento de ‘Dona’ Branca não mobilizou o mundo educativo e nem a imprensa. Consegui localizar nada mais que um anúncio fúnebre sem pompa, um anúncio padronizado, silencioso, discreto e tímido em uma coluna intitulada “Falecimentos”, no rodapé de matérias sobre violência na capital:

    “Prof. Branca Alves de Lima – dia 21. Professora e escritora, era autora da cartilha Caminho Suave. Filha do sr. Manuel Silveira Lima e de d. Isaura Alves de Lima, era irmã do dr. Álvaro Alves de Lima, de D. Henriqueta Alves de Lima e de Altair Alves de Lima Liguori, todos falecidos. Deixa cunhada e sobrinhos. A missa de sétimo dia será celebrada no dia 27 (sábado) as 7.30, na Igreja de Santo Agostinho, na Praça Santo Agostinho, Aclimação. (O Estado de São Paulo, 25 de janeiro de 2001, p. 11)”

    A vida de Branca Alves de Lima, autora da cartilha ‘Caminho Suave’, é a síntese de um dos principais males – se não do principal mal – da Educação brasileira: o enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.

    O sucesso da cartilha ‘Caminho Suave’. ‘Eles’ (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas.

    Veja hoje o caso dos ciclos. Professores e professoras que há décadas têm na reprovação seu principal recurso de disciplina foram, de uma hora para outra, proibidos de usá-la. Mesmo com a proibição e à margem do Currículo Escolar, avós, pais, parentes, amigos e professores, indicam a cartilha ‘Caminho Suave’, na alfabetização de seus entes queridos.

    Branca Alves de Lima concebeu, em meados do século passado, a cartilha ‘Caminho Suave’. Mais de 48 milhões dos brasileiros adultos de hoje foram alfabetizados por ela, inclusive o presidente da República, Jair Bolsonaro.
    Esta é a modesta e sincera homenagem que posso agora prestar como tributo de gratidão, a memória daquela que, sob moldes humaníssimos e quase maternos, abriu-me a réstea de luz da alfabetização da cartilha “Caminho Suave” de nossa educadora paulista, Branca Alves de Lima.

    Se não conhecer Semiótica para entender Piaget, Vygotsky …esqueça. O aluno precisa aprender a pensar.
    Abraço.

  • Nelson Valente

    O Brasil não tem uma Pedagogia. Tem várias, sobrepostas, muitas vezes sem conexão umas com as outras. A história da Pedagogia brasileira é uma espécie de colagem de modelos importados, que resulta em um quadro sem sequência bem definida.
    Não existe uma pedagogia “pura”, ou seja, sem influência de outras pedagogias ou do contexto social em que se desenvolve.
    Última moda é o Construtivismo, que nem é método pedagógico, mas sim um conjunto de teorias psicológicas sobre as estratégias utilizadas pelo ser humano para construir o seu conhecimento.
    O QUE É CONSTRUTIVISMO

    Mais do que uma Pedagogia, é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do indivíduo no decorrer de sua vida.
    Surgiu a partir do trabalho do pesquisador suíço Jean Piaget (1896-1980), que mostrou que o ser humano é ativo na construção de seu conhecimento (daí o termo construtivismo) e não uma “massa disforme”, que é moldada pelo professor.
    No Brasil essa teoria é também muito influenciada pela argentina Emília Ferreiro (que estudou como as crianças constroem o conhecimento da leitura e escrita) e do russo L. S. Vygotsky (que ressalta a influência dos outros e da cultura no processo de construção do conhecimento). Essas teorias mais recentes costumam ser agrupadas sob a denominação Construtivismo pós-piagetiano.
    Derruba a noção clássica do erro, pois demonstra que a criança formula hipóteses sobre o objeto de conhecimento e vai “ajustando” essas hipóteses durante a aprendizagem – e, portanto, o erro é inerente a esse processo. No Brasil, o termo é muitas vezes usado de forma incorreta.
    Esta mediação semiótica intensifica os sentidos e significados internalizados pelos sujeitos em seus momentos de interação e de aprendizagem. (VYGOTSKY, 2007).
    A linguagem, que se desenvolve por meio da função semiótica, é tanto uma forma que o sujeito tem de acessar a cultura, quanto condição para que ele atribua sentido aos signos que constituem sua realidade.
    Todo aprendizado ocorre por meio de signos. O processo comunicativo é fundamental à cognição.
    Aprendemos comunicando, e comunicamos aprendendo. Mesmo sem querer, comunicamos (por meio da linguagem corporal, por exemplo). Mesmo sem querer, aprendemos, todas as vezes que participamos de uma cadeia sígnica. Estamos no mundo nos comunicando e aprendendo. Os objetos à nossa volta e dentro de nós produzem diálogo constante, constante processamento, constante produção de signos. Quando vamos ao cinema, aprendemos alguma coisa em nossa leitura do filme. Se o conteúdo apreendido é eticamente interessante, é outra questão. Se assistirmos um acidente, um fato trágico, ao conversarmos nos bares, na Igreja, no olhar vitrines. Estamos sempre aprendendo. A diferença com o conhecimento proposto pela instituição escola, ou pela universidade, é que a universidade procura conduzir o caminho de aprendizado, com objetivos claramente pedagógicos. Ir ao cinema pode parecer mais agradável, pois vamos quando queremos, o que é importantíssimo: o afeto inicia qualquer relação de aprendizado – o que não me afeta, não atinge minha mente, não formará signo. Ir à universidade pode parecer obrigação, mas ali o sujeito é exposto a conteúdos de uma área que escolheu para estudar e para agir profissionalmente.
    Na escola, portanto, procura-se o conhecimento sistemático, induzido. Aqui os objetos estão disponibilizados para quem puder e quiser entrar em processo semiótico, cada um de acordo com suas possibilidades, de acordo com seus signos prévios.
    Os cursos de formação de professores padecem de um abissal anacronismo. Não conhece SEMIÓTICA. Esqueça. Nós contamos com professores alienígenas de outro planeta que não é o nosso. O importantíssimo é ter em mente: há comunicação, há aprendizado. Se há ação do signo, mentes elaborando conteúdos, há aprendizado, há diálogo.
    A cartilha ‘Caminho Suave’ alfabetizou 48 milhões de brasileiros. Qual é o problema? Vivemos no planeta terra e jamais em Marte. Meus netos(as) foram alfabetizados pela cartilha. Paulo Freire (conheci pessoalmente na década de 70): ” O exemplo negativo do falar e escrever bonito”. – é Semiótica. O professor atua como um signo intermedeia os objetos do mundo ao aluno, ambos produzindo conhecimento nesse processo semiótico. Os três aspectos: mundo, aluno e professor estão envolvidos no processo, em uma trilha de conhecimento.

  • Andreia David Rodrigues

    Ridícula essa matéria. No mínimo esses estudiosos não aprenderam nada. Falar que o ensino atual é melhor realmente é burrice. Vejo muita gente na faculdade que não sabe escrever. Brasil povo estranho. Kk

  • Frida

    O método atual é um lixo. Esse metodo é o que mais funciona. Infelizmente as mudanças de 1996 na educação foi para pior particulares e pública.

  • Rodrigo

    A partir de 1995, 1996 comecaram a piorar a educação tanto pública como particular.

  • Rodrigo

    Sou contra Bolsonaro. Mas as mudanças teorias na educação de depois de 1996 foi para pior.

  • LUIS CARLOS DOS SANTOS

    Que artigo exdruxulo… é por essas e outras que o ensino no Brasil está tão bem avaliado no PISA.
    Ah, seja tudo, menos desonesto intelectualmente

  • Luiz Fernando Moreira

    Branca pesquisou em dicionários palavras para cada letra de seu “sistema”: A de abelha, B de barriga, V que formam os chifres de uma vaca, P do pato, G do gato, C de cachorro (a imagem é o rabo) e assim por diante. Foi dessa forma, graças ao seu poder de observação enquanto ensinava a pequeninos rio-pretenses, que a cartilha Caminho Suave tornou-se conhecida como um método chamado de alfabetização pela imagem.

    “O método analítico, ou ‘método olhar-e-dizer’, defende que a leitura é um ato global e audiovisual. Partindo deste princípio, os seguidores do método começam a trabalhar a partir de unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança parte da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas”, explica o escritor, professor universitário e jornalista Nelson Valente.
    Apartir de 1995 entrou esse tal de socialismo da era Paulo Freire , acabou com alfabetização das crianças brasileiras e por isso quando nosso Presidente Jair Messias Bolsonaro pergunta 8×7 nenhuma criança sabe responder e até o senadores da República odeiam matemática …….Brasilllllll

  • Luiz Fernando Moreira

    E por isso que o Brasil está em último lugar em aprendizado
    Parabéns sindicato dos infernos dos professores do Brasil
    Paulo Freire que nunca trabalhou na educação
    Branca Alves de Lima uma patriota

  • Maria cecilia Monteiro

    E que liberdade nossos alunos das escolas públicas estão recebendo? É tanta liberdade que não sabem respeitar regras e hierarquia e sem elas não há ordem e sem ordem só se enxerga a si mesmo e o resto é resto. Se tornam presas fácil das mentes manipuladoras. Que pena! Poderíamos educar passo a passo com as letras e tb ser inclusivo e descobrir o mundo da literatura pois o processo educacional se faz ao longo de vários anos .

  • EMERSON RIZATO

    Eu comecei ler e já desanimei, diante de tanta bobagem dita pela pessoa.
    Aí, quando li de onde ela era, eu entendi o raciocínio.

  • Fabio

    Sou contra Bolsonaro. Mas o atual método foi um fracasso erro de 1996. A cartilha caminho suave como a pedagogia tradicional foi a que mais funcionou.

  • Andre

    Esse atual método implantado em 1996 foi um fracasso. As crianças aprendem desde cedo a odiar leitura chega na faculdade sem saber o básico.

  • Carlos Zupo

    Sou formado em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E, apesar, de minha formação não estar focada na alfabetização infantil ( esta é uma tarefa da pedagogia) pude perceber, durante a graduação, que as atuais políticas educacionais publicas seguem uma ideologia que tem como escopo a formação de um cidadão que possua a capacidade de observar e analisar o mundo que o cerca, de forma consciente e crítica, em oposição às políticas anteriores que tinham o objetivo de produzir indivíduos que iriam, através de forte arcabouço técnico e teórico, compor as diversas áreas produtivas do país. Acho fantástico que se possa formar uma pessoa com visão de mundo capaz de transformar a realidade, mas será que alguém perguntou se esta pessoa quer isso? Ser este cidadão revolucionário crítico? Era comum, antigamente, perguntar a uma criança, de 4 ou 5 anos, o que ela gostaria de ser quando crescesse. A resposta, normalmente, era: médico, professor, cientista, engenheiro etc. Será que houve alguma que tenha dito: revolucionário? Dessa forma, nas faculdades que formam os professores que vão ensinar ( principalmente nas escolas públicas) se valoriza a leitura e a escrita em detrimento do ensino da gramática. Que era o escopo principal da caminho suave.

  • Leandro Tavares Flaiban

    Os níveis de analfabetismo funcional que o construtivismo gera são impressionantes. Trocar um método que funciona certamente por um chute sem dados do resultado é mais uma prova de que o inferno é um lugar cheio de boas intenções

  • ACS

    O método atual de ensino “é tão bom”, que a maioria esmagadora dos alunos saem do fundamental como ANALFABETOS FUNCIONAIS: não sabem nem fazer contas básicas e muito menos interpretar textos simples.
    Na época da Caminho Suave, as crianças aprendiam a ler rapidamente e com certo prazer. Cumpria bem o objetivo: ensinar a ler. o gosto pela leitura vem depois e depende de cada um.
    Desculpa esfarrapada dizer que muitos alunos não se adequavam ao método dela. Estou vendo que agora se adequam… Eu teria vergonha de ser professor atualmente. Fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem.
    Enfim, foi mais umas das heranças do maldito FHC… pior mesmos foi a aprovação automática, onde os alunos inteligentes e esforçados são nivelados aos “burros” e “preguiçosos”.
    E não venham com argumentos esquerdistas. A situação do atual ensino brasileiro, vergonha mundial, mostra que estou certíssimo.

  • Rodrigo

    Esse novo método adotado depois de 1996 só fez foi piorar a educação.

  • Leila

    Essa crítica é no mínimo sem sentido lógico. Fazer parecer que a alfabetização se restringia apenas à cartilha é insultar a capacidade dos professores da época. A utilização da cartilha Caminho Suave se dava apenas no primeiro ano de estudo, depois outros elementos eram implementados. Estudei na mesma escola pública até a oitava série, como chamávamos à época e, a partir da sexta série, líamos no mínimo 1 livro por bimestre. Impossível não se interessar por leitura com um estímulo desses.

  • Mariana Braga

    Texto radical, preconceituoso. Com certeza muitos dos que criticam foram alfabetizados com esse método e conseguem ler e escrever muito bem. Não foram só os analfabetos para os quais se usou “Caminho Suave”, com certeza muitos intelectuais foram iniciados pelo caminho suave. Pq não usar o que foi bom em uma época e aperfeiçoar? Sempre ao se criticar um produto jogam-no ao lixo e o substituem por algo novo sem provas científicas suficientes. Tanto é verdade que hoje muitos universitários são analfabetos, pois leem um texto e não entendem o escrito. Seria possível aliar o bom dos métodos para que houvesse progresso verdadeiro na leitura e escrita?

  • Natália Oliveira

    nossa você pode considerar um retrocesso o método de Branca Alves de Lima mas esse que usam de piaget tem formado analfabetos funcionais porque dizer que pra escrever bolo a criança fazer bl ela já entendeu o contexto é demais p minha cabeça pode ser bala Belo bile tantas outras…realmente saudade da cartilha caminho suave

  • Natália Oliveira

    nossa você pode considerar um retrocesso o método de Branca Alves de Lima mas esse método que usam de piaget tem formado analfabetos funcionais porque dizer que pra escrever bolo a criança escrever no ela já entendeu o contexto é demais p minha cabeça pois o bl pode ser bala Belo bile tantas outras…realmente saudade da cartilha caminho suave pelo menos a gente entendia o texto hoje identificam o tipo de texto mas não entendem seu conteúdo é isso deve ser suficiente pra quem quer masaatde manobra

  • Mônica Custódio

    Texto super bacana!

QUENTINHAS