Com supersafra, agronepecuária cresce 13%; consumo das famílias avança 1% e indústria fica estável; dados são do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (01); 2015 e 2016, o país sofreu com o declínio de 3,5% do PIB em cada ano, conforme dados revisados também pelo IBGE
A soma de todos os produtos e serviços produzidos no País teve, em 2017, a primeira expansão desde 2014 (quando o Produto Interno Bruto subiu 0,50%), confirmando a saída da recessão. O PIB subiu 1% ano passado. Em 2015 e 2016, houve declínio de 3,5% do PIB em cada ano, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O resultado veio abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, de 1,10%, e dentro do intervalo das previsões, de alta de 0,93% a 1,30%.
No quarto trimestre de 2017, o PIB subiu 0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, resultado que ficou no piso do intervalo das estimativas dos analistas. O teto era 1,0% e a mediana, 0,30%. Na comparação com o quarto trimestre de 2016, o PIB apresentou alta de 2,1% no quarto trimestre de 2017, vindo abaixo da mediana, de 2,50%, e mais perto do piso das estimativas, de 1,90% a 3,10%.
Destaques. Um dos fatores que ajudaram a puxar o PIB foi a agropecuária, que subiu 13,0% em 2017 ante 2016, o melhor resultado da série histórica iniciada em 1996. Já no quarto trimestre de 2017, o PIB da agropecuária ficou estável contra o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2016, o PIB da agropecuária mostrou alta de 6,1%.
O consumo das famílias também cresceu: subiu 1,0% em 2017 ante 2016 e 0,1% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2016, o consumo das famílias mostrou alta de 2,6%.
O consumo do governo, por sua vez, caiu 0,6% em 2017 ante 2016. No quarto trimestre de 2017, esse indicador subiu 0,2% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2016, o consumo do governo mostrou queda de 0,4%.
Já o PIB da indústria ficou estável em relação a 2016. No quarto trimestre de 2017, porém, houve alta de 0,5% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2016, o avanço foi de 2,7%.
Retomada. Desde o início do ano, a economia já dava sinais de reação, com avanço de 1,3% no primeiro trimestre, 0,7% no período de abril a junho e 0,1% do terceiro trimestre, todos os dados na margem com ajuste sazonal.
Além das questões temporárias que deram impulso para o consumo, a inflação baixa e o corte na taxa de juros foram alguns dos fatores que ajudaram a estimular a atividade doméstica em 2017, diz Luiz Castelli, da GO Associados. “Não são só fatores pontuais. Também tem uma dinâmica melhor da situação externa”, acrescenta.
Entre os fatores pontuais, o mais relevante, lembram os economistas, foi a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que somaram saques de R$ 44 bilhões entre março e julho, favorecendo bastante o consumo, que foi o principal motor da recuperação em 2017, e o varejo do lado da oferta, que é contabilizado no PIB dentro de Serviços.
O consumo das famílias deve voltar a crescer depois de anos de contração, de 3,2% em 2015 e 4,3% em 2016. “No lado da demanda, o destaque é o consumo das famílias voltando a ficar positivo, como reflexo da inflação mais baixa, da liberação do FGTS e da melhora da confiança. Mas a retração menor dos investimentos também pode ser comemorada”, diz o economista Francisco Pessoa Faria, da LCA Consultores.
Do lado da oferta, a recuperação entre todos os grandes setores, dizem os economistas, ocorre graças à safra recorde de grãos do ano passado. A agropecuária deve dar a principal contribuição para o crescimento previsto.
Pessoa Faria, da LCA, que esperava avanço de 1,03% do PIB de 2017, destaca como principais influências a agropecuária e a indústria de transformação. Ele diz que, embora, o PIB agrícola, beneficiada pela safra recorde, contribua para o resultado, o crescimento previsto para a indústria de transformação é mais representativo do início do processo de retomada visto no ano passado.
“Sem prejuízo dos ganhos de produtividade no campo, a expansão da agropecuária está mais relacionada a questões climáticas. Em termos de virada da atividade, a indústria de transformação é o principal destaque.”
Para 2018, a GO Associados espera um cenário mais favorável, com possibilidade de crescimento de 3,2% para o PIB. “A retomada que vem acontecendo de forma paulatina trimestre a trimestre deve ganhar força ao longo de 2018”, diz.
Fonte: O Estado de São Paulo