O samba enredo da Tuiuti, a escola que expôs na passarela a denúncia contra a reforma trabalhista – que tira direitos dos trabalhadores, às mazelas da escravidão. A crítica certeira, simples e direta deixa claro que, com essa reforma, além de medidas impopulares como o afrouxamento da fiscalização do trabalho escravo, o povo trabalhador, como “Pobre artigo de mercado”, irá retroceder àquele passado sombrio.
Ouça, na voz de Grazzi Brasil, a versão acústica do samba enredo:
Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor?
Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente
Ê calunga!
Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro, nem feitor
Amparo do rosário ao negro Benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor
E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel
Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?
Irmão de olho claro ou da Guiné
Qual será o valor?
Pobre artigo de mercado
Senhor eu não tenho a sua fé, e nem tenho a sua cor
Tenho sangue avermelhado
O mesmo que escorre da ferida
Mostra que a vida se lamenta por nós dois
Mas falta em seu peito um coração
Ao me dar escravidão e um prato de feijão com arroz
Eu fui mandinga, cambinda, haussá
Fui um rei egbá preso na corrente
Sofri nos braços de um capataz
Morri nos canaviais onde se planta gente
Ê calunga!
Ê ê calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
Onde mora a senhora liberdade
Não tem ferro, nem feitor
Amparo do rosário ao negro Benedito
Um grito feito pele de tambor
Deu no noticiário, com lágrimas escrito
Um rito, uma luta, um homem de cor
E assim, quando a lei foi assinada
Uma lua atordoada assistiu fogos no céu
Áurea feito o ouro da bandeira
Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel
Meu Deus! Meu Deus!
Se eu chorar não leve a mal
Pela luz do candeeiro
Liberte o cativeiro social
Não sou escravo de nenhum senhor
Meu Paraíso é meu bastião
Meu Tuiuti o quilombo da favela
É sentinela da libertação
Renato Ilha
Enfim, uma escola de samba assume a condição de academia popular e expressa o desconforto da população diante de tanta contrariedade. O país é governado por políticos da pior categoria e serve aos interesses do grande capital e sistema financeiro. Parabéns aos sambistas da escola e ao carnavalesco, que conseguiram, de maneira satirica, como é próprio do brasileiro, criticar os entreguistas do Governo Temer.