PUBLICADO EM 03 de jun de 2023
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Marlene canta: Zé Marmita; música

Logo de cara o uso do Zé fala de um homem que representa uma massa de trabalhadores. É o famoso “Zé ninguém”, indivíduo “sem importância social”, mais um na multidão. O Zé Marmita é o povão, o indivíduo sem individualidade. Ele é a massa.

Sua vida pertence ao que lhe cabe na divisão do trabalho. Ele não tem a madrugada, pois sai de casa às 4 horas, mal tem o almoço pois almoça o que sobrou do jantar. Como o homem pré-histórico, ele mesmo faz o fogo, não conta com a tecnologia doméstica. Está por sua conta e risco.

Mas para cumprir sua obrigação de trabalhar deve se pendurar na porta do trem. O trem lotado mostra que, apesar de ainda viver por meios ancestrais, ele vive no mundo moderno. Até seu momento de lazer se baseia no improviso, uma bola de meia e o próprio corpo, em um jogo que não exige mais do que isso.

São as contradições sociais atravessando a vida do homem simples e pobre que, na década de 1950, chega a um Brasil que deixava de ser rural para se tornar mais urbano. A peleja da massa trabalhadora que moveu, enfim, o país para seu tempo.

Na voz de Marlene, a marchinha caiu nas graças do povão.

Zé Marmita
(Composição:Brasinha/Luiz Antonio/1953)
Intérprete: Marlene

Quatro horas da manhã
Sai de casa o Zé Marmita
Pendurado na porta do trem
Zé Marmita vai e vem

Numa lata, Zé Marmita
Traz a bóia
Que ainda sobrou do jantar
Meio-dia Zé Marmita
Faz o fogo para comida esquentar

E o Zé Marmita
Barriga cheia
Esquece a vida
Numa bate-bola de meia

Fonte: Centro de Memória Sindical

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