
Jorge Mautner, cantor e compositor brasileiro
Por Carolina Maria Ruy
Dois pontos de uma sociedade: o rico, que se dá ao luxo de ser inconsequente, e o pobre, que precisa ser responsável. Um problema da riqueza é a falta de limites e a falta de sentido para a vida. O que leva muitos ricos a se jogar em atitudes arriscadas para se sentirem vivos.
No outro ponto, o operário precisa trabalhar para se manter vivo. Essa contradição mostra, enfim, que a posição social também influência no caráter, na consciência e na valorização da vida. A época em que a música foi criada, em 1981, época de recessão e desemprego, houve um aumento da desigualdade.
De playboys inconsequentes com seus carros esporte, em um lado, e operários que precisavam se dedicar cada vez mais a sair de manhã pela avenida, para trabalhar, se virar ou procurar emprego.
Tá na Cara
(Composição: Jorge Mautner/1981)
(Intérprete: Jorge Mautner/Participação Especial de Moraes Moreira)
De rayban e carro esporte
ele partiu pra morte, ele partiu pra morte
De rayban e carro esporte
ele partiu pra morte, ele partiu pra morte
e o operário de manhã pela avenida
partiu pra vida
tão sofrida!
e depois deles dois
veio eu, veio você, viemos nós
como você vê
cantando na mesma voz
pra que todos esse país
fique numa muito boa
fique feliz
de samba até a Guanabara
por todos os quatros cantos
e recantos dessa terra
que como nenhuma outra se compara
para que enfim a guerra e a fome tenham fim
e o povo desse planeta fique Odara!
e é só isso
tá na cara, tá na cara
Fonte: Centro de Memória Sindical