A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para o “crescimento acentuado” no casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças ao longo de fevereiro. Na população em geral, o cenário de queda se mantém em todas as demais faixas etárias. Nesse período, 87,4% dos casos de SRAG que foram testados deram positivo para covid-19. Os dados são do boletim InfoGripe, divulgado nesta quarta-feira (9).
Os resultados laboratoriais preliminares sugerem possível aumento nos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na faixa etária de até 4 anos. E interrupção de queda nos casos associados à covid-19 na faixa de 5 a 11 anos.
Por outro lado, entre as 27 unidades da federação, e também nas capitais, não houve sinais de crescimento de SRAG nas últimas seis semanas. Assim, a curva nacional de casos da síndrome, vem caindo, tanto no médio como no longo prazo, o que indica um recuo da pandemia no Brasil.
No curto prazo, no entanto, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo e Sergipe apresentaram indícios de crescimento. Seis capitais – Boa Vista, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Teresina e Vitória – também registraram tendência de crescimento dos casos de SRAG nas últimas três semanas. Nesse sentido, essas regiões estariam enfrentando uma nova eventual subida de casos de Covid-19, ainda que não apareça nos diagnósticos registrados oficialmente, de acordo com o estudo da Fiocruz.
Atenção com a flexibilização
Em função desse crescimento no curto prazo, o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, recomenda cautela nas medidas de flexibilização. Recentemente, diversas capitais e estados anunciaram o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos. A eliminação da restrição também caminha para avançar em locais fechados, como já decidiu a cidade do Rio de Janeiro.
“O recomendável é que eventuais novas medidas que estejam em planejamento à luz da tendência de queda sejam suspensas para reavaliação da tendência nas semanas seguintes”, disse o pesquisador à Agência Fiocruz. Ele destaca que o princípio da cautela e minimização de risco recomendam que medidas desse tipo sejam adotadas apenas quando houver queda de casos de SRAG no curto e no longo prazo.
Balanço da covid no Brasil
Hoje, o Brasil registrou 669 mortes pela covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Pelo segundo dia seguido, a média móvel de óbitos voltou a subir, ficando em 500 mortes por dia. Dessa maneira, é a primeira vez em uma semana que esse índice atinge cinco centenas.
Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 54.906 casos, redução de 20% na comparação com o dia anterior. Ainda assim, a média móvel de casos também subiu pela segunda vez consecutiva, ficando em 50.158.
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)
Com a queda geral nas últimas semanas, o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino afirmou que, se as vacinas continuarem funcionando, “caminhamos para uma boa situação”. No entanto, os óbitos diários ainda permanecem em patamares inaceitáveis para uma doença que já conta com imunizantes. “Com uma média de 300 mortes/dia (menor do que hoje), ainda são mais de 100 mil mortes por ano”, tuitou. Além disso, ele reclamou da inação do governo federal para ampliar a cobertura vacinal.
Fonte: Rede Brasil Atual