PUBLICADO EM 23 de out de 2023
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Filme Spartacus quebrou as listas negras de Hollywood

Spartacus

Jean Simmons, Kirk Douglas e Tony Curtis em Spartacus. Foto: Divulgação.

Por Taylor Dorrell

Contando a história de uma revolta de escravizados na Roma antiga, o filme de 1960 Spartacus foi escrito por dois escritores comunistas que estavam na lista negra. Sua chegada nas salas foi um dedo do meio para a caça às bruxas macarthista em Hollywood e publicações.

O 1º de Maio de 1946 foi sem paralelo para a esquerda na América. Veteranos recentemente dispensados se uniram com professores, escritores, artistas, advogados e outros trabalhadores para marchar triunfantemente através de Manhattan. “O número de pessoas na parada, enquanto nós os contamos, foi de mais de 150.000, e quando eles lotaram a Union Square, aplaudindo líderes e pessoas que faziam discursos de esquerda e comunistas”, o escritor comunista Howard Fast escreveu em sua autobiografia, Being Red, “alguém diria que o futuro da esquerda na América era extremamente brilhante, e é claro eles estariam errados”.

No 1º de Maio de 1948, os mesmos comunistas que foram celebrados apenas dois anos mais cedo se tornaram alvo de multidões reacionárias violentas cantando “Mate um comunista por Cristo”! Fast estava liderando o “bloco de cultura” do Partido Comunista, feito por milhares de acadêmicos, artistas e escritores, que rapidamente se encontraram em uma luta de rua com estudantes anticomunistas de uma escola paroquial próxima.

A segunda parada foi um mau presságio. Com o advento do Segundo Medo Vermelho e da Guerra Fria, os comunistas logo se tornaram o inimigo nacional, vistos não como progressistas lutadores pela liberdade, enquanto eles tinham sido por muitos na ampla esquerda, mas como autoritários antiamericanos e perigosos subversivos. O próprio Fast foi chamado perante o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara (HUAC, na sigla em inglês) e foi preso quando se recusou a delatar nomes.

Fast entrou na lista negra da indústria de publicação. Ele foi apenas um de uma geração de artistas que foram purgados da grande mídia americana, a lista negra arruinando suas carreiras, os consignando a obscuridade e frequentemente pobreza. Muitos livros daquela época ainda continuam não publicados e roteiros não feitos; figuras culturais, uma vez famosas, foram amplamente apagadas da história da América.

Mas, dentro do terror inabalável do período macarthista estão histórias de resistência. A experiência de Fast na prisão, por exemplo, o levou a escrever o romance Spartacus, que mais tarde foi adaptado em um roteiro pelo escritor comunista Dalton Trumbo. Quando o filme foi exibido em 1960, depois de uma década de permanecer underground, dois nomes comunistas iluminaram o começo do filme, um dedo do meio gigante para os reacionários da era. Essa é a história de Spartacus, ou como os comunistas primeiro romperam as listas negras.

“As prisões de hoje vão ser a vitória de amanhã”

Howard Fast é uma daquelas figuras esquecidas na memória irregular do cânone literário da América. Ele publicou seu primeiro romance com dezoito anos, e passou várias décadas construindo sua carreira em publicação, emergindo como um romancista popular. Ele também foi um membro ativo do Partido Comunista. Antes de ser colocado na lista negra, ele se envolveu apaixonadamente em apoiar os lutadores republicanos espanhóis; em 1945 ele se juntou ao conselho executivo do Comitê Conjunto de Refugiados Antifascistas. O grupo dificilmente foi subversivo, trazendo doações de pessoas como Eleanor Roosevelt e Edith Lehman, a esposa do governador de Nova York, Herbert Lehman. Mas, as correntes políticas mudaram, e ,em 1946, Fast recebeu uma intimação para aparecer perante o HUAC para entregar a lista de doadores.

Fast se recusou a delatar nomes, assegurado por advogados que desobedecer ao Congresso não resultaria em qualquer tempo na cadeia. Mas, mais tarde no mesmo ano, ele foi intimado novamente, dessa vez por um livro que ele havia escrito sobre o revolucionário iugoslavo, The Incredible Tito, e seu futuro se tornou incerto. Em 1947, ele e outros dez do Comitê de Refugiados foram sentenciados a prisão.

Fast e seus camaradas tinham fé em seu apelo, mas havia pouco a ser feito por sua reputação e carreira. “Meu novo livro, The American” – um retrato de John Atgeld, o governador progressista de Illinois – “foi sendo destruído sem piedade”, Fast lembrou. Meu telefone foi grampeado. Agentes imbecis do FBI escorregavam dentro do meu apartamento (durante angariações de fundos) … e outros agentes estavam me seguindo pelas ruas”, ele lembrou.

Em 1949, as escolas de Nova York foram instruídas para remover quaisquer cópias de seu livro de ficção histórica, Citizen Tom Paine, de suas prateiras. J. Edgar Hoover mandou agentes ordenando os bibliotecários da Biblioteca Pública de Nova York para destruir os livros de Fast. O FBI bloqueou os editores de editar novos trabalhos de Fast, mesmo aqueles que ele havia escrito supostamente anonimamente sob um pseudônimo.

Em 1950, o anticomunismo tinha se espalhado, e as esperanças de Fast para reverter sua sentença de prisão estavam perdidas. Fast estava fichado em uma prisão de distrito, uma experiência que ele lembrou como distintamente desumanizante.

Havia cem homens sentados em longos bancos, homens negros e homens brancos, todos eles nus. Eles sentavam desanimadamente, curvados, cabeças inclinadas, evocando figuras dos campos de extermínio da Segunda Guerra Mundial. A dignidade a qual nós nos agarrávamos tão desesperadamente era agora tirada de nós.

Ele foi posto em uma cela de cinco por sete pés com um rapaz assustado de dezoito anos de idade, que tinha estado dentro e fora da prisão desde ele tinha doze anos, e, de acordo com Fast, tinha sido estuprado por outros prisioneiros mais de cem vezes. Felizmente para Fast, ele foi transferido para Mill Point, uma prisão de segurança mínima em West Virginia.

Para aqueles fora dos Estados Unidos, Fast e seus camaradas aprisionados eram mártires. Comícios e arrecadações de fundos foram realizados em apoio aos aprisionados, enquanto a solidariedade internacional jorrava. O poeta chileno Pablo Neruda escreveu o poema “Para Howard Fast”, elogiando a escrita de Fast sobre “heróis negros, de capitães e rodovias, dos pobres e das cidades”, e lamentou a tirania do Segundo Medo Vermelho, que Neruda chamou de a “Gestapo renascida”.

O aprisionamento de Fast foi uma calamidade para a liberdade de expressão, mas também havia pontos positivos. Ele passou muito do fim do seu tempo com o romancista comunista Albert Maltz, e encontrou consolo em seu trabalho diário construindo estruturas para a prisão – sua obra-prima foi uma réplica da famosa estátua Manneken Pis. O diretor da prisão era estranhamente gentil, e ofereceu uma máquina de escrever para Fast escrever depois de seus deveres diários da prisão.

Fast, ele mesmo esperando usar o tempo para escrever, foi incapaz de se comprometer em quaisquer palavras para o papel. Ao invés, ele começou a pesquisar. Ele esteve particularmente interessado em um movimento alemão de 1914, fundado por Clara Zetkin, Karl Liebknecht e Rosa de Luxemburgo, que mais tarde se fundiria com o Partido Comunista da Alemanha. O nome do grupo era o Grupo Spartacus. Foi sua experiência em Mill Point, com todas as ansiedades e medos que estar em uma prisão frequentemente invocam, que o inspirou a escrever seu romance, Spartacus.

“Eu nunca me arrependo do passado”, ele escreveu, “e se minha provação ajudou a escrever Spartacus, eu acho que valeu a pena. Foi na prisão, afinal, que ele “começou a compreender mais profundamente que nunca a total agonia e falta de esperança das classes baixas. Como Neruda escreveu em seu poema dedicado a Fast, “As prisões de hoje vão ser as vitórias de amanhã”.

Depois de seus meses na prisão, ele foi solto em um mundo em que o Segundo Medo Vermelho estava em pleno andamento. “O país estava tão perto quanto de uma polícia de estado do que ele nunca tinha estado”, ele escreveu em sua introdução de 1996 para Spartacus. “J. Edgar Hoover, o chefe do FBI, pegou o seu papel de um pequeno ditador. O medo de Hoover e seu arquivo sobre milhares de liberais permeava o país”. Nesse ambiente, Fast começou a jornada de escrever um manuscrito narrando Spartacus, o escravizado que foi treinado como um gladiador e liderou uma revolta de escravizados fictícia na Roma antiga.

Mas, com a escrita de um livro também vem achar uma editora. E os editores, no caso de escritores da lista negra, estavam tão acessíveis para eles quanto os iates estão para os pobres – quer dizer, de jeito nenhum. O editor de Fast de longa data, Angus Cameron, na Little, Brown and Company, amou Spartacus e concordou em publica-lo rapidamente e com orgulho. Mas, então, Hoover mandou um agente federal para Boston, onde ele encontrou com o presidente da casa editorial e deixou instruções diretas de Hoover para não publicar qualquer livro de Fast. A editora abandonou o livro, causando a demissão de Cameron em protesto.

Depois de várias tentativas falhadas de assegurar outra grande editora, Fast recorreu a auto publicação. Seu nome e notoriedade eram suficientes para despertar interesse mesmo sem uma editora. O livro vendeu bem o suficiente. Sua família enviou quarenta mil cópias de capa dura do livro de sua casa.

Isso seria anos antes que o livro seria escolhido por grandes editoras. Eventualmente, ele venderia milhões de cópias e iria passar por centenas de edições, em mais de cinquenta e seis línguas. Ele também se transformaria no famoso filme do mesmo nome. Mas, primeiro, Fast e seus colaboradores precisariam quebrar a aderência do anticomunismo em Hollywood.

Hora de engolir sapo

Em 1947, Hollywood estava cada vez mais dividida em duas facções polarizadas: membros do Partido Comunista e seus simpatizantes e anticomunistas, que eram devotados a tira-los da indústria. Foi a reacionária Aliança Cinematográfica que empurrou a indústria nesses campos opostos, com quase nenhum espaço restante para a normalidade.

Os comunistas de Hollywood eram abertos em sua oposição ao antissemitismo, racismo, fascismo e exploração trabalhista, contribuindo sob seus nomes reais para “perigosas” publicações como People’s World, New Masses e o Daily Worker. “Eles viam o perigo – o real perigo – para as pessoas na indústria colocado pelas práticas trabalhistas do período”, o advogado liberal da Califórnia, Carey McWilliams, mais tarde editor do Nation, disse em uma entrevista com o biógrafo de Trumbo, Bruce Cook. “E eles sabiam que os nazistas não estavam brincando de fazer acreditar”.

Depois que o HUAC intimou os “dezenove hostis” de Hollywood, mais de sete mil pessoas se juntaram em um comício no Shrine Auditorium, em Los Angeles, antes da partida do grupo para a capital. Eles fizeram o máximo de sua viagem para Washington realizando comícios em Chicago e Nova York antes de chegar nas audiências. Dos dezenove originais, os onze indivíduos que se recusaram a cooperar com o comitê vieram a ser conhecidos como os Dez de Hollywood. (O décimo primeiro foi o dramaturgo alemão comunista Bertold Brecht, que estava vivendo nos Estados Unidos depois de fugir da Alemanha nazista e, então, depois de sua audiência, fugiu dos Estados Unidos para a Alemanha Oriental).

Entre eles estava o roteirista mais bem pago do grupo e também a testemunha mais hostil do comitê: Dalton Trumbo. “Seu trabalho”, Trumbo disse ao investigador chefe Robert E. Stripling, depois que ele o instruiu a responder “sim” ou “não”, “é fazer as perguntas e o meu é respondê-las… eu devo responder nas minhas próprias palavras. Muitas perguntas podem ser respondidas “sim” ou “não” apenas por um idiota ou escravo”. Em sua saída, ele gritou, “Esse é o começo de um campo de concentração americano”! Naquele final de outubro de 1947, os Dez de Hollywood foram citados por desacato do Congresso. Todos foram sentenciados a prisão, Trumbo por um ano.

O HUAC e o Acordo de Waldorf de 1947, o pacto estúdio-executivo que impôs as listas negras, devastaram muitos na indústria do entretenimento. “As pessoas ficariam atordoadas com os suicídios do período, e as coisas inacreditáveis que aconteceram então”, McWilliams lembrou. “O uso da liberdade”, Trumbo escreveu em The Time of the Toad (1949), “a invocação real da Lei dos Direitos, é um procedimento extremamente perigoso”. Trumbo dirigiu o seu ultraje moral não apenas aos conservadores, mas também os colaboradores liberais com a caça às bruxas anticomunista, e aqueles que se sentavam passivamente.

Mas, longe de purgar a indústria completamente dos comunistas, as listas negras os forçaram para as sombras. As listas negras criaram um novo mercado em Hollywood: o mercado negro. Roteiros feitos por quem estava na lista negra eram vendidos por nomes falsos, ou sob nomes de outros escritores. Enquanto esperava seu apelo passar, Trumbo fez uma vida modesta escrevendo roteiros de literatura barata para os irmãos King, uma casa de produção de filmes B. Entre a audiência em 1947 e sua entrada no sistema penal dos EUA em 1950, Trumbo, sob nomes falsos, lançou dezoito roteiros. “Nenhum”, ele insistiu, “era muito bom”.

O Instituto Correcional Federal Ashland no Kentucky foi, para Trumbo, similar a experiência de Fast no Mill Point – isso é, felizmente sem intercorrências. Trumbo não estava totalmente sozinho na prisão. De fato, ele estava apenas a uma pequena distância, vinte e quatro polegadas para ser exato, de outro membro dos Dez de Hollywood, John Howard Lawson. Mais tarde, Adrian Scott se juntou a eles.

Exausto dos constantes comícios e roteiros, Trumbo também acolheu certos aspectos da vida na prisão. Na prisão ele encontrou contrabandistas de bebidas alcoólicas, contrabandistas e falsificadores, muitos dos quais analfabetos. Ele leu e escreveu cartas para um contrabandista de bebidas alcoólicas chamado Cecil, cuja esposa estava cuidando de cinco crianças doentes sozinha, lutando para mantê-las aquecidas e alimentadas. Aqueles onze meses em Ashland mudaram Trumbo de muitas maneiras. Uma vez um escritor noturno, ele agora escrevia de dia. Uma vez não afetado pelo som de um assobio, ele agora parava instantaneamente para cair em linha. Mas, ele nunca abandonou seus princípios.

Depois de cumprir seu tempo, John Wexley, Albert Maltz, Ring Lardner, Ian Hunter, Dalton Trumbo e muitos outros da lista negra viveram no exílio na cidade do México, procurando trabalho e refúgio do persistente assédio do FBI. Um dia, o roteirista nascido no Canadá que estava na lista negra Hugo Butler arrastou Dalton e Cleo Trumbo para assistirem uma tourada. Uma tourada terminou com um indulto, ou perdão do touro, que é dado depois que a multidão acena lenços em apoio a mostra de coragem de um touro. O evento inspirou o filme de Trumbo, Arenas Sangrentas (1956), um drama seguindo um garoto e seu touro. O filme conseguiu ganhar um Oscar sob o pseudônimo de Trumbo, Robert Rich. Essa foi a primeira fratura na parede que estava os das listas negras.

A imprensa pegou rumores que Trumbo era Robert Rich. Ao invés de nega-los, ele expôs o quanto extensivo era o mercado negro de Hollywood, apontando para a imprensa para outros escritores que estavam na lista negra que podiam tê-lo escrito. Em 1956, Trumbo estava de volta em Hollywood e tinha dominado a arte do mercado negro. Ele tinha vários pseudônimos e escritores voluntariando seus nomes para ajudá-lo a entrar na indústria. John Abbott, Sam Jackson, C. F. Demaine e Peter Finch eram apenas alguns de seus alter egos. O que ele provou em sua evasão foi que qualquer roteiro podia ser escrito por um comunista usando um nome falso ou um escritor de frente. A lista negra era apenas tão efetiva quanto os empregadores estavam dispostos a aplica-la – e a maré estava virando.

“Eu sou Spartacus”

Filme Spartacus - Kirk Douglas como Spartacus.

Kirk Douglas como Spartacus.

O primeiro rascunho do roteiro para Spartacus foi escrito por Fast, mas ele não era rápido o suficiente para terminar o trabalho em tempo. The Gladiators, de Arthur Koestler, um filme com um tema similar, estava a caminho da produção, e a produtora de Kirk Douglas, Bryna Productions, que estava produzindo Spartacus, precisava vence-lo na tela. Então Douglas recorreu a caneta mais rápida do Ocidente, Dalton Trumbo – assinando sob o pseudônimo de Sam Jackson.

Eles rapidamente começaram as filmagens, mas o diretor original, Anthony Mann, bateu de cabeça com Douglas. Aparentemente esquecendo que Douglas não era apenas a estrela do filme, mas o chefe, Mann conseguiu ser despedido. Douglas o substituiu por Stanley Kubrick, a quem ele se referia como um “garoto convencido do Bronx”. Muitos problemas se seguiram através das filmagens. Dos censores limitando quaisquer conteúdos vagamente sexuais ou homossexuais, ao suborno do governo da Espanha de Franco para usar soldados em uma cena, o filme era um empreendimento vasto e complexo.

Não estava claro no tempo das filmagens se Trumbo e Fast podiam ser creditados na tela. Os anos de 1950 estavam chegando no final, e não estava claro o quanto efetivas as listas negras estavam nesse ponto. O debate aqueceu quando Mann espalhou a notícia de que era Trumbo, não Sam Jackson que escreveu o filme. As colunas de fofoca pegaram a notícia e pela primeira vez em uma década o disfarce de Trumbo foi descoberto.

E então a edição de 19 de janeiro de 1960 do The New York Times foi publicada, proclamando na capa que Trumbo seria creditado como o roteirista da produção de Otto Preminger que estava por vir, Exodus. Hollywood estava mergulhando seus dedos nas marés das listas negras. Haveria uma repressão em resposta? Se não, isso significaria que o macarthismo estava no fim? As audiências boicotariam o filme, ou o celebrariam? No lançamento de Spartacus, os cinemas através do país mostraram um dedo do meio gigante para a repressão anticomunista da era. As audiências se reuniram para ver um filme cuja tela de título os nomes de dois comunistas subversivos condenados, Howard Fast e Dalton Trumbo.

Piquetes se seguiram, mas eles eram relativamente reservados. Um grupo chamado os Veteranos de Guerra Católicos eram os mais vocais. (Eles tinham estado, contudo, em total apoio ao filme inglês que saiu mais cedo chamado Uma Saudade em Cada Alma, sobre freiras católicas protegendo crianças judias dos nazistas. O roteiro foi creditado a Robert Presnell Jr., mas era na verdade escrito por Danton Trumbo).

As listas negras estavam, por todas as intenções e propósitos, quebradas. Em 1960, Kennedy foi eleito presidente, e pouco após, ele fez uma viagem a um cinema com seu irmão. Com vários filmes que eles podiam ver, os irmãos católicos escolheram simplesmente Spartacus, cruzando o piquete dos Veteranos de Guerra Católicos para lançar um golpe mortal final nas listas negras. Quando Kennedy saiu do cinema e perguntaram a ele o que tinha achado do filme, ele simplesmente respondeu que era um bom filme.

“A terrível pena da crucificação foi reservada na única condição que você identifique o corpo ou a pessoa viva do escravo chamado Spartacus”, um soldado romano grita na famosa cena final de Spartacus. Kirk Douglas se eleva, mas é seguido em uníssono por seus dois vizinhos que gritam, “Eu sou Spartacus”, como mil outros escravos se elevam atrás deles. Spartacus se tornou um pseudônimo para resistência e liberdade.

A história de Spartacus também é a história da história de Spartacus. Howard Fast e Dalton Trumbo foram dois dos milhares de comunistas nos Estados Unidos que lutaram para sobreviver através do Medo Vermelho. Foi uma época quando, como Trumbo colocou, “demônios nos persuadiram que a liberdade é melhor defendida por entregando-a todos juntos”.

Taylor Dorrell é escritor e fotógrafo baseado em Columbus, Ohio.

Fonte: Jacobin

Tradução: Luciana Cristina Ruy

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