PUBLICADO EM 02 de maio de 2022
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Debate sobre saúde lança oficialmente 13º Congresso dos Metalúrgicos

Foto: Roosevelt Cássio

O 13º Congresso dos Metalúrgicos foi lançado oficialmente na noite desta quinta-feira (28). Com o debate “Exploração capitalista e a saúde do trabalhador”, na sede do Sindicato, em São José dos Campos, a categoria pôde refletir sobre a importância da organização da classe trabalhadora em defesa da vida e contra a precarização do trabalho.

A data do debate não foi escolhida por acaso. Em 28 de abril são celebrados o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Por isso, em respeito aos trabalhadores e trabalhadoras que morreram cumprindo sua jornada, foi realizado inicialmente um minuto de silêncio.

Na abertura da atividade preparatória, o presidente Weller Gonçalves falou sobre a importância do Congresso para a categoria, principalmente no momento de crise vivenciado no mundo.

“A conjuntura atual é muito turbulenta, no pós-pandemia. Não só no Brasil como em todo mundo há uma grave crise econômica que os patrões e os governos querem jogar nas costas da classe trabalhadora. O Congresso dos Metalúrgicos é um momento de muita democracia entre o Sindicato e os trabalhadores da base. É nele que vamos debater qual será a nossa atuação no próximo período”, disse Weller.

Ele ressaltou a necessidade de realizar o debate político também dentro das fábricas.

“O governo de Bolsonaro ameaça as liberdades democráticas e quer aprofundar a retirada de direitos dos trabalhadores. Existe hoje uma forte polarização, lado A e lado B, mas nós do Sindicato e da CSP-Conlutas pensamos diferente. Temos que aprovar, no Congresso, resoluções que apontem para a luta por uma sociedade mais justa para nosso povo, e isso passa pela destruição do sistema capitalista”, complementou Weller.

Exposições

Dois pesquisadores ficaram responsáveis pelas explanações do debate. Israel Luz, sociólogo e pesquisador do Ilaese (Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos), falou sobre a relação direta entre o capitalismo e a falta de cuidados com a saúde do trabalhador, principalmente durante a pandemia.

“Na pandemia, muitos trabalhadores ficaram em home office, e isso significa que o patrão foi para dentro da sala da casa da pessoa. Tudo de adoecedor que pudesse haver no local de trabalho entrou no convívio familiar”, explicou Israel.

O pesquisador destacou também a explosão de problemas psicossociais e emocionais ocorrida nos últimos dois anos, não somente para os trabalhadores da saúde, mas também para quem trabalhou presencialmente em outras funções, como dentro das fábricas.

“O medo da morte e o medo de ir trabalhar e trazer o vírus para casa foram uma marca para toda a classe trabalhadora. Num retrato feito pela Fiocruz, para 2020, quase 50% dos trabalhadores essenciais, incluindo os metalúrgicos, tinham algum tipo de sintoma de depressão. É um legado da pandemia que ainda não acabou”, explicou.

Na sequência, a médica Maria Maeno, pesquisadora da saúde do trabalhador, fez sua exposição ao vivo pela internet. Ela destacou a importância da defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) pela classe trabalhadora.

“Mesmo os que pensam que não são dependentes do SUS, porque têm convênios, dependem do SUS, se não de sua parte assistencial, de sua vigilância. Nós temos que fortalecer o SUS para que ele possa cumprir sua atribuição legal de intervir nos ambientes de trabalho de forma plena. O SUS precisa das categorias fortes, organizadas, em sua defesa, que é estratégica para diminuir as desigualdades no país”, afirmou.

A médica prosseguiu ressaltando que a terceirização e a precarização do trabalho contribuem para a ocorrência de acidentes e doenças entre os trabalhadores. Ela também explicou que a maioria das empresas oculta os casos.

“A empresa e o SESMT [Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho] correm para dizer que o culpado do acidente é a própria vítima, por negligência ou fatalidade, e jamais por condições de trabalho. Quando são doenças, em particular LER/DORT ou problema de coluna, eles dizem que se trata de uma característica individual do trabalhador. É fundamental que o movimento sindical faça muito esforço para acabar com esse sistema que oculta os corpos e mentes adoecidos dos trabalhadores castigados pela precarização do trabalho”, disse.

O debate também foi aberto aos trabalhadores, que deram exemplos pessoais e coletivos relacionados a acidentes de trabalho e desrespeito à saúde e à integridade física e emocional.

Sobre o Congresso

O 13º Congresso dos Metalúrgicos será realizado nos dias 27, 28 e 29 de maio, na Colônia de Férias, em Caraguatatuba. O período de entrega de teses termina nesta sexta-feira (29). As eleições dos delegados continuam até 13 de maio.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

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