É de grande interesse para os trabalhadores e para os dirigentes sindicais compreenderem a contradição que existe entre o bolsonarismo e a realidade, ou seja, a contradição entre as expectativas despertadas no eleitorado e na sociedade por suas promessas e pregações e o que efetivamente fará o governo do capitão.
Embora ainda esteja montado no palanque eleitoral das mídias sociais com seus disse – não disse e suas provocações, cada vez mais se aproxima o dia em que pão será pão e queijo será queijo; o governo terá que dizer a que veio com ações e consequências.
Para cumprir sua pauta econômica neoliberal e conservadora terá que desagradar milhões de trabalhadores, fazendo-os pagar a conta dos rentistas na Previdência, nos salários, no crédito e na qualificação. Por mais que se empenhe em seu programa desorganizador das relações de trabalho não criará empregos, nem em quantidade, nem de qualidade.
O silêncio mantido por ele e por seus executores a respeito do vasto mundo do trabalho é tão ensurdecedor que até mesmo a bomba da extinção do ministério do Trabalho (e da Justiça do Trabalho e da Procuradoria do Trabalho) quase não fez barulho. O ministério, como o jornalista da Arábia Saudita, foi morto e despedaçado sem que se saiba ao certo aonde foram jogados seus restos e para quê.
(Para compreender as intenções do magarefe deve-se ler o artigo do Toninho do DIAP, “O esquartejamento do ministério do Trabalho”, recentemente publicado.)
Bem fizeram as seis centrais sindicais reconhecidas quando, em carta aberta ao presidente (e aos outros poderes), reafirmaram suas posições de resistência e de relevância institucional conclamando-o a um diálogo que é contrário à sua experiência e à sua prática e que ele aparenta não querer.
Os dirigentes e os ativistas sindicais de todas as entidades ao compreenderem o alcance da contradição entre o bolsonarismo e a realidade devem, com unidade, garantir suas próprias existências, estreitar os laços com os trabalhadores (associados ou não) e indicar-lhes o caminho de resistência.
Por pior que seja a correlação de forças atual a História ensina que quem luta com justiça, com inteligência e com persistência, vence.
João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical