Em um ano e meio de governo, Bolsonaro teve três ministros da Educação sem educação.
A falta de educação é um dos principais traços do mandato de Jair Bolsonaro – é um governo mal educado, e de mal educados. Além dos péssimos modos e costumeiras grosserias cometidas por pessoas do governo contra adversários que veem como inimigos a abater, há ainda a falta de educação formal, escolar – indicada pelas mentiras e falsificações de ministros da… Educação!
Demonstrações lastimáveis de má educação apareceram já em fevereiro de 2019, quando o mandatário da pasta, Ricardo Vélez Rodríguez chamou, em entrevista à revista “Veja”, os brasileiros de ladrões: “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisa dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião, ele acha que pode sair de casa e carregar tudo”.
Ricardo Vélez sinalizou, na entrevista, que a distância de questões ideológicas apregoada por Bolsonaro na campanha eleitoral que o elegeu em 2018 não passava de palavras ao vento, para iludir incautos. Ricardo Vélez é da turma do ultradireitista, e verdadeiro líder entre os mal-educados da direita, o autointitulado filósofo Olavo de Carvalho; sua infame calúnia contra os brasileiros revelou, logo no início do governo da direita, a aversão aos brasileiros que orienta a equipe do Palácio do Planalto.
Vélez ficou no cargo até 8 de abril se 2019, e seu substituto, Abraham Weintraub, ele também um “olavista” de carteiriha – que tomou posse em 9 de abril – assumiu semelhante postura antipovo, antiestudantes e antiuniversidade – universidade, aliás, onde teria dificuldade para entrar dada seu indigente domínio do idioma pátrio, como demonstrou em sucessivos erros primários gramaticais, de pontuação e redação que o tornaram alvo frequente de chacotas nas redes sociais – um ministro da Educação que nem escrever sabe! E, montado em seu cargo, não teve educação, nem respeito institucional a outras autoridades, chamando ministros do STF de vagabundos e pedindo a prisão deles. Ficou no cargo até 20 de junho de 2020, e ganhou um apelido no final de seu mandato: “Weintarde”.
Mas sua saída não melhorou a equipe do presidente tantos foram os escândalos acumulados contra o novo quase ministro, Carlos Decotelli: falsificação do currículo pessoal e mentiras sobre sua formação acadêmica e atuação como professor da Fundação Getúlio Vargas. Autoridades acadêmicas de universidades na Argentina e Alemanha não confirmaram que tenha estudado por lá da forma como Decotelli disse, e a Fundação Getúlio Vargas desmentiu que ele tivesse lecionado lá, por mais de 40 anos, como consta em seu currículo mentiroso. Não chegou nem a tomar posse: foi nomeado no dia 25 e defenestrado cinco dias depois. Bolsonaro o nomeou com a desculpa de ser um “técnico”, mas Decotelli se revelou um “fake-técnico” neste que cada vez mais se revela, além de um governo mal educado, como um governo de mentiras.
José Carlos Ruy é jornalista, escritor, estudioso de história e do pensamento marxista.