Longe de chegar ao fim, a desigualdade social tem levado os brasileiros ao fundo do poço. O problema é complexo e se agrava ainda mais durante a pandemia do coronavírus. O ciclo de pobreza é hereditário no Brasil, porque a população mais pobre não tem nenhum tipo de renda e isso perpassa gerações. Muitos dependem de programas sociais do Governo Federal para sobreviverem com o mínimo, como Bolsa Família.
Mesmo com a transferência de renda, o país registrou um aumento de 67% na população que vive na extrema pobreza, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada no início deste ano. Sem o Bolsa Família e, agora, o auxílio emergencial, a situação seria bem pior.
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo. Fica atrás apenas da África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto e Moçambique.
A verdade é que a economia brasileira já não cresce há mais de seis anos. Por isso, é difícil prever quando teremos uma sociedade mais igualitária, com uma distribuição de renda justa. Passarão muitas décadas até vermos o Brasil chegar perto dos países desenvolvidos.
10% mais ricos – A concentração de renda no Brasil é tão absurda que os 10% mais ricos concentram 40,5% da renda do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto isso, os 40% mais pobres reúnem apenas 16,3% da renda total.
Para reduzir essa disparidade, sou a favor da taxação das grandes fortunas. Com isso, o Governo Federal teria mais recursos para aplicar em ações que estimulassem a igualdade de renda. Enquanto o país mantiver essa diferença entre ricos e pobres, será complicado alcançar patamares favoráveis à economia.
Em vários países encontramos exemplos de que taxar os mais ricos é a solução para um país mais justo. O modelo é considerado o mais eficiente no combate à desigualdade, porque combina economia de mercado com benefícios sociais.
Um dos maiores exemplos desse método são os países da Escandinávia, que usaram a arrecadação para financiar a universalização do ensino e saúde gratuitos, garantindo trabalho e renda para os seus moradores. No Brasil, podemos fazer o mesmo. Basta vontade política para promover o desenvolvimento do país.
Preços absurdos e salários baixos – Não bastassem os efeitos da pandemia nas áreas sociais e econômicas e o descaso do presidente Bolsonaro com os trabalhadores, os supermercados resolveram aumentar os preços de itens da cesta básica.
Os preços abusivos do arroz, feijão, óleo, leite e outros produtos presentes à mesa dos brasileiros, assustam qualquer um que vai aos estabelecimentos comerciais de São Paulo e de outras cidades do país.
É necessário que os governos realizem ações para frear a elevação dos preços. Isso é importante para assegurar o alimento na mesa das famílias de baixa renda, que são as que mais sofrem.
Paulo Pereira da Silva, Paulinho da Força – presidente nacional do Solidariedade e deputado federal