O Líbano é a terra de origem de 10 milhões de brasileiros – que, com o coração apertado, viram aquele desastre terrível.
O “turco” Nacib, patrão e amante de Gabriela – no romance “Gabriela Cravo e Canela”, de Jorge Amado -, com certeza era libanês. Confusão feita quase sempre com milhões de compatriotas e descendentes – calculados em 10 milhões, quase o dobro dos 6,1 milhões de habitantes do Líbano – que têm Brasil sua pátria de adoção ou de nascimento. Entre eles algumas celebridades nacionais como o geógrafo Aziz Ab’Saber, o médico Adib Jatene, o dicionarista Antônio Houaiss, o historiador Edgard Carone e o político Fernando Haddad.
Uma parcela muito grande da população brasileira, que contribui com seu talento para nossa formação como país e que, comumente, são chamados de “turcos”. O primeiro navio com migrantes libaneses aportou no Brasil em 1880 – este ano comemora-se, portanto, os 140 anos da migração libanesa ao Brasil.
Como vinham do antigo Império Otomano, traziam passaportes turcos – daí a confusão. Designação de origem muitas vezes substituída por sírio, ou sírio-libanês pois, entre 1893 a 1926, tinham passaportes sírios – e só depois dessa data tiveram passaportes libaneses.
São milhões de brasileiros originários daquela que é uma das mais antigas regiões habitadas nas proximidades do Mar Mediterrâneo, o Líbano – onde há registros da presença humana há mais de 7 mil anos.
Brasileiros que, como os demais – e no mundo – viram, com o coração apertado o desastre que, nesta terça-feira (4) destruiu parte do porto na bela capital do país, Beirute.
A catástrofe, diz o governo libanês, matou mais de 157 pessoas, feriu mais de 5.000, deixou dezenas de desaparecidos e desabrigou 300 mil. “Quase metade de Beirute está destruída ou danificada”, disse o governador Marwan Abbud.
Nós, brasileiros, com tantos irmãos libaneses, aqui e lá, sentimos a dor daquela catástrofe como se tivesse ocorrido em nosso litoral. Toda nossa solidariedade!
José Carlos Ruy é jornalista, escritor, estudioso de história e do pensamento marxista.