PUBLICADO EM 08 de jun de 2018
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Alunos da PUC-Rio são acusados de racismo em Jogos Jurídicos

PUC-Rio expressou ‘desconforto’ com denúncias de racismo nos Jogos Jurídicos em Petrópolis. De acordo com a Universidade serão tomadas ‘providências necessárias’ para a apurar os fatos e ‘estabelecer as respectivas responsabilidades’ de alunos.

Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Reitoria da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro informou nesta quarta-feira (6), por meio de nota, que há “desconforto” da instituição diante das denúncias de que alunos fizeram manifestações “de caráter racista” durante os Jogos Jurídicos em Petrópolis, na Região Serrana.

Ainda de acordo com o texto enviado pela universidade, serão tomadas “providências necessárias” para a apurar os fatos e “estabelecer as respectivas responsabilidades, se for o caso, a partir da instauração de Comissão de Inquérito já nomeada”.

A comissão é composta pelos seguintes professores do Departamento de Direito: Breno Melaragno, professor de Direito Penal; Job Gomes, professor de Direito do Trabalho e de Direito Desportivo; e Thula Pires, coordenadora do NIREMA (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) e professora de Direito Constitucional (veja a nota na íntegra abaixo).

Também segundo a instituição de ensino, “comentários exagerados, notícias infundadas e postagens instigadoras de violência e discriminação devem ser evitadas na medida em que tais iniciativas não correspondem aos valores e princípios ensinados, praticados e divulgados pela PUC-Rio”.

Polícia abre inquérito
Para investigar as denúncias, a Polícia Civil abriu inquérito na noite desta terça-feira (5) para investigar denúncia de ato racista durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (2), em Petrópolis. Nesta quarta, testemunhas começaram a ser ouvidas na delegacia da região.

O estudante Maicon Nascimento, de 26 anos, disse que foi atingido por uma casca de banana depois da partida entre estudantes da PUC-Rio e UCP.

Maicon, que é aluno do 7º período de Direito da UCP (Universidade Católica de Petrópolis), registrou a ocorrência nesta terça na 105ª DP.

“Não quero ser vítima, não quero e não preciso de ninguém com pena de mim. Mas atos racistas não passarão despercebidos”, disse o aluno.

Maicon disse à Polícia Civil que não chegou a identificar a agressora.

“Sabe que a casca de banana foi arremessada por uma das integrantes de um grupo de quatro a sete torcedoras do time da PUC. Segundo o próprio, tais moças seriam namoradas dos atletas”, explica Claudio Batista Teixeira, delegado da 105ª DP, acrescentando que a pessoa pode responder por injuria qualificada, pela utilização de elementos referentes a cor.

A Liga Jurídica Estadual do Rio de Janeiro puniu a Atlética de Direito da PUC-Rio. Segundo a liga, além do caso de Maicon, houve mais dois episódios denunciados envolvendo alunos que fariam parte da torcida da universidade.

No domingo (3), após a final do basquete masculino entre PUC-Rio e UERJ, integrantes da torcida da PUC-Rio teriam imitaado macacos diante dos torcedores negros da UERJ. Mais tarde, torcedores da PUC-Rio, novamente, teriam chamado uma atleta de handebol da UFF de macaca.

Íntegra de nota da PUC-Rio

A Reitoria da PUC-Rio expressa seu desconforto diante das notícias de manifestações de caráter racista durante os Jogos Jurídicos Estaduais, na cidade de Petrópolis. A Universidade tomará todas as providências necessárias para a apuração dos fatos e estabelecer as respectivas responsabilidades, se for o caso, a partir da instauração de Comissão de Inquérito já nomeada.

A PUC-Rio ostenta um patrimônio irrenunciável por seu pioneirismo no Brasil na implementação de políticas de inclusão educacional, racial e social, através de uma prática efetiva e consolidada de apoio a vestibulares populares, concessão de bolsas de estudo e apoio de material didático, além de outras iniciativas que propiciem a permanência do beneficiário na instituição.

A Universidade sempre procurou zelar pelo respeito às diferenças e repudia qualquer discriminação baseada em raça, sexo, língua, credo e opções existenciais, temas que são objeto de debates, discussões e pesquisas em inúmeros Departamentos.

Comentários exagerados, notícias infundadas e postagens instigadoras de violência e discriminação devem ser evitadas na medida em que tais iniciativas não correspondem aos valores e princípios ensinados, praticados e divulgados pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Quero lembrar que a Comissão de Inquérito foi nomeada pelo Departamento de Direito no dia 04 de junho, na segunda-feira, tendo os fatos a serem investigados ocorridos nos dias 02 e 03 de junho.

A Comissão de Inquérito é composta pelos seguintes professores do Departamento de Direito: Breno Melaragno, professor de Direito Penal, Job Gomes, professor de Direito do Trabalho e de Direito Desportivo, e Thula Pires, coordenadora do NIREMA (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) e professora de Direito Constitucional. Aliás estas informações foram divulgadas pela imprensa na própria segunda-feira, dia 04 de junho.

O Departamento de Ciências Sociais tem convicção que o caso está sendo tratado com a gravidade que o mesmo merece, e que a Reitoria e o Departamento de Direito da PUC-Rio tomarão as providências cabíveis após a conclusão dos trabalhos da Comissão de Inquérito.

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