O Dia Internacional da Mulher remonta ao século XVIII, período de grandes transformações no processo produtivo que culminaram na Revolução Industrial, que promoveu mudanças radicais nas relações de trabalho e levou à intensificação da luta por direitos.
Naquela época as operárias exerciam jornadas de trabalho tão longas que chegavam a 17 horas diárias. E as condições eram de insalubridade, ameaças sexuais e de espancamentos.
O descontentamento das trabalhadoras era grande e fazia pipocar manifestações. Em uma destas manifestações, ocorrida no dia oito de março de 1857, cento e vinte e nove operárias da fábrica de tecidos Cotton, em Nova Iorque, paralisaram os trabalhos pelo direito a uma jornada de 10 horas.
A violência com a qual elas foram reprimidas foi tão grande que ficou marcada em nossa história. Acuadas pela polícia, as operárias se refugiaram nas dependências da fábrica, e foram trancadas pelos patrões e pela polícia que, depois de trancar atearam fogo à fábrica, matando carbonizadas todas as tecelãs.
Sessenta anos depois, em março de 1917, tecelãs russas, utilizando o simbolismo da data, entraram em greve contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial. A força daquelas mulheres precipitou movimentos que marcaram o início da Revolução Socialista na Rússia, há cem anos.
O 8 de março passou a ser celebrado como o Dia da Mulher até a década de 1920. Depois a data caiu em esquecimento. Na década de 1960 o movimento feminista recuperou este dia como o Dia Internacional da Mulher, e em dezembro de 1977 a Organização Nações Unidas reconheceu oficialmente a data.
A evolução da luta das mulheres
Dois anos antes do reconhecimento pela ONU do Dia Internacional da Mulher, uma Conferência Mundial na Cidade do México, patrocinada pela ONU e assistida por oito mil mulheres representantes de 113 países, definiu o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher.
Este grande acontecimento na luta pelos direitos da mulher fomentou o surgimento de novas organizações e instituições voltadas à igualdade de gênero.
No Brasil, em 1979 ocorreu o Primeiro Congresso da Mulher Metalúrgica de São Paulo.
Em 1985 muitas mulheres participaram da campanha pela redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais. No ano seguinte aconteceu o Primeiro Congresso da Mulher Trabalhadora, como desdobramento da Primeira Conclat, de 1981.
Desde então a luta só cresceu
A campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, por exemplo, iniciada em 25 de novembro de 1991, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, mobiliza anualmente diversos atores da sociedade civil e poder público a fim de alertar a sociedade sobre diversas formas de violência contra mulheres. No Brasil a campanha acontece desde 2003, com a participação de diversas entidades do movimento social e do movimento sindical.
Outra iniciativa que se soma a esta luta foi a criação Comissão de Mulheres da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul, em 1997, com o objetivo de analisar os impactos das mudanças econômicas, políticas e sociais sobre o trabalho das mulheres.
Em 2000 foi iniciada a primeira Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Sob o lema “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista” o movimento se iniciou no Dia Internacional da Mulher, oito de março e terminou em 17 de outubro, com a adesão de seis mil grupos de 159 países e territórios.
No Março Mulher de 2012, por exemplo, as manifestações começaram com uma grande passeata pelas ruas da região central da cidade de São Paulo, com as centrais sindicais – Força Sindical, CTB, CGTB, CUT, NCST e UGT – diversas entidades de movimentos sociais, movimentos estudantis, movimentos feministas e de moradia. Naquela manifestação as mulheres, gritaram palavras de ordem como: “Mulheres na luta contra a opressão. Abaixo o machismo e a exploração” e “Eu não sou miss, nem avião, minha beleza não tem padrão”, reivindicaram a obrigatoriedade da licença-maternidade de 180 dias, a aprovação do PL da Igualdade – Projeto de Lei que prevê a igualdade no mundo do trabalho, a ratificação da convenção 189 da OIT que trata dos direitos das trabalhadoras domésticas, o fim da violência contra a mulher com a implementação da Lei Maria da Penha e o fim do tráfico de pessoas.
Em 2014 outra ação muito importante marcou a luta das mulheres. Como parte de ações mundiais no combate ao câncer de mama o Sindicato da Saúde promoveu a 1ª Caminhada Outubro Rosa. Claro que a Secretaria da Mulher se fez presente. O movimento Outubro Rosa, que começou em 1997 nos Estados Unidos, é uma campanha global de conscientização para alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, o mais comum entre as mulheres em todo o mundo.
A luta é necessária
A situação que vivemos desde 2016, com o governo Michel Temer, é muito grave. Não só houve uma perda de direitos, com a reforma trabalhista, a maior perda de direitos da história, como, o que é pior, chegamos a recordes de informalidade e desemprego, não só pela pandemia, mas pela política adotada. E quando a situação social está ruim, para as mulheres está pior.
Em novembro a taxa desemprego geral era 14,6%. Esse número era de 12,8% para os homens e 16,8% para as mulheres. No dia 4/3/21, o IBGE divulgou uma pesquisa que mostra que mais da metade das mulheres que tem crianças de até 3 anos estão fora do mercado, 54,6%. Isso sem falar no aumento da violência doméstica e dos casos de feminicídio durante a pandemia. A situação da mulher hoje no mercado ainda é de fragilidade. Mas seria muito pior se não fosse uma história de lutas e de conquistas que nos orgulhamos de lembrar.
Fonte: Centro de Memória Sindical