Foi uma greve que contribuiu para a retomada da democracia no Brasil, conforme lembrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comandava o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (atual ABC) na época da paralisação na Scania. Logo, o movimento se espalhou e continuou, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980.
As greves dos anos seguintes na região do ABC, por melhores salários e condições de trabalho, se confundiram com as reivindicações por liberdade civil, eleições diretas, anistia, que começavam a tomar conta das ruas. Na greve de 1980, Lula e Gilson, entre outros, foram presos e enquadrados na Lei de Segurança Nacional (LSN).
Baiano de Miguel Calmon, Gilson Luiz Correia de Menezes chegou ainda criança a Diadema. Um dos fundadores do PT, foi o primeiro nome do partido a se eleger para o Executivo, justamente a cidade do ABC, em 1982. Foi reeleito. Mais tarde, seria vice-prefeito, pelo PSB, na gestão de Mário Reali (PT). Também foi deputado estadual.
Com problemas renais, Gilson estava em Santa Catarina para tentar um transplante. O corpo será velado na sede da Câmara Municipal de Diadema, em horário a ser definido.
A administração de Gilson Menezes iniciada em 1982 foi um laboratório de participação popular. Experiências como o orçamento participativo, que acabariam se tornando referências universais de gestão petista após a conquistas de grandes capitais – como Fortaleza em 1985 e São Paulo e Porto Alegre em 1988 –, começaram ali.
Diadema era até então “patinho feio” do ABC paulista. Ao lado de Mauá, era no final dos anos 1970 sinônimo de periferia e território de pobreza, de marginalização social e de crescimento urbano acelerado e desengonçado. Alvos, inclusive do preconceito das classes médias mais abastadas que se formavam em volta, sobretudo em São Bernardo e Santo André, graças, quem diria, às lutas operárias.
Dos sete municípios do Grande ABC, apenas São Caetano do Sul – cidade que desde a fundação tem os menores índices de carências do país – não teve um prefeito petista. Diadema, por seu lado, pode ter sua história dividida entre antes e depois de Gilson Menezes.
Fonte: Redação RBA