Se a classe média voltasse maciçamente ao ensino público e gratuito, com a força aparentemente por ela mesma desconhecida, poderia exigir qualidade e melhores condições de trabalho ao professorado. Não só as crianças e os jovens de classe média seriam beneficiados, pois em um cenário ideal os das camadas sociais menos favorecidas -que pudessem frequentar as mesmas escolas- também seriam contemplados.
Para isto a classe média deveria abandonar ilusões de grandeza e se politizar. Não irracionalmente, envenenada pela mídia ou pela publicidade, como tem se apresentado em nossa recente história, ou tendenciosamente antidemocrática e distante dos interesses da classe trabalhadora e dos movimentos sociais.
Precisa assumir-se como um segmento produtivo importante para civilizar o País e colaborar com a redução das desigualdades que ainda são muitas, perversas e originárias da escravidão. Enfim, qual a razão de continuar pagando escolas particulares caríssimas e ficar com orçamento apertado ou dívidas? Status? Glamour?
É hora de largar o pré-primário, classe média, e agir com maturidade!
Val Gomes é jornalista