Por Marcos Aurélio Ruy
Ser criança no Brasil não é nada fácil, como mostram as estatísticas de violência e de pobreza. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, existem no país 22,2 milhões de pessoas de até 12 anos de idade, 10,9% da população.
Já que o país considera criança as pessoas de 0 a 12 anos, é importante destacar que dez milhões de crianças de 0 a 6 anos estão inscritas no Cadastro Único de programas sociais do governo federal. E que esses programas, como o Bolsa Família, por exemplo, têm sido responsáveis pela diminuição da pobreza e da extrema pobreza no país.
Tais programas foram abandonados pelos desgovernos no poder de 2016 a 2022 e retomados pelo atual governo. E têm se mostrado importantes para o desenvolvimento país.
Somam-se a isso, os tristes dados de violência a que as crianças e os adolescentes são submetidos, numa sociedade violenta dominada por uma ideologia patriarcal, que se mostra cada vez mais cruel com a infância e a juventude.
Nesta matéria, foram selecionados três filmes de diferentes conotações para se pensar que futuro se quer legar às crianças, e principalmente sobre a importância de se respeitar as crianças e os adolescentes como seres humanos em desenvolvimento, que precisam viver em paz, segurança e liberdade para se desenvolverem plenamente e com saúde.
O Jeremias
O filme mexicano, de 2015, dirigido por Anwar Safa, com muito humor trata da vida de um menino superdotado e das suas dificuldades tanto na escola quanto no convívio familiar.
Já que Jeremias (Martín Castro) é um garotinho de oito anos com um nível de conhecimento fantástico, a obra usa da magia para refletir exatamente sobre que tipo de vida todas as crianças precisam para terem uma infância feliz porque elas são não apenas o futuro, mas também o presente.
Apesar de sua genialidade, Jeremias continua sendo um menino de oito anos que precisa de amparo, de afeto e de proteção do Estado e da família, porque não adianta nada a criança ser superdotada de inteligência se não tiver como desenvolver sua inteligência e sua vida emocional.
E, para tanto, é fundamental que sua família tenha condições de vida que possam garantir suas necessidades básicas e que o Estado assegure tudo o que pessoas pequenas necessitam para se transformarem em adultos felizes.
Trailer de O Jeremias
Dhanak
O diretor indiano Nagesh Kukunoor cria, em Dhanak (2015), um clima mágico para mostrar como a importância da fantasia na vida das crianças, pois parecem viver num mundo à parte, mesmo quando as condições terrenas parecem impedir o sonho.
E o sonho é essencial tanto quanto a arte para a humanidade suportar a vida e elevar o patamar de sua consciência.
Em Rajasthan na Índia, Pari (Hetal Gada), uma menina de dez anos, e Choru (Krrish Chhabria), seu irmão de oito, moram com os tios porque perderam os pais, com todas as dificuldades de uma localidade rural e afastada do centro do país.
Acontece que Choru não enxerga e Pari se transforma nos seus olhos, levando-o para todo canto, numa demonstração de fraternidade incrível.
Ela faz uma promessa ao irmão de que ele voltaria a enxergar. Os dois saem de casa para encontrar com alguém que lhe pudesse proporcionar essa cirurgia.
Pelo caminho encontram solidariedade e se deparam com os perigos enfrentados pelas crianças no mundo contemporâneo, onde prevalece a ganância sobre a generosidade.
Como um conto de fadas, Dhanak caminha para uma solução. Mas não sem deixar clara a dicotomia entre fantasia e realidade, como partes importantes da vida porque não se pode ser feliz sem sonhar com uma vida diferente daquela que se tem.
E nada melhor do que as crianças para sonhar com uma vida sem violência, sem ódio, sem discriminação e sem injustiças. Essa utopia pode e deve permanecer mesmo na vida adulta. É assim que a humanidade pode resolver seus problemas. Como diria Karl Marx, se existe um problema é porque há uma solução para ele. Onde tamanha importância.
Como canta Chico Buarque, em sua parceria com Joe Darion, em Sonho Impossível:
“Sofrer a tortura implacável/ Romper a incabível prisão/ Voar num limite improvável/ Tocar o inacessível chão”.
Trailer de Dhanak
O Menino que Descobriu o Vento
Baseado no livro O Menino que Descobriu o Vento, de William Kamkwamba e Bryan Mealer, o filme, dirigido pelo britânico Chiwetel Ejiofor, conta a vida de William no Malawi em uma comunidade rural que dependia da natureza para sobreviver.
Situado no sudeste da África e sem litoral, o Malawi se ressente das dificuldades que os povos de países pobres têm para superar os dilemas da opressão imperialista e do entreguismo de setores da burguesia nacional, que se submete à corrupção sem dar a mínima importância para os seus.
Nesse contexto de miséria, o adolescente William se vê na iminência de ficar sem a escola porque sua família não tem dinheiro para pagar – dá para imaginar isso acontecendo no Brasil, se o projeto privatista de vários governadores prevalecer sobre o direito constitucional da educação pública.
No filme, William (Maxwell Simba) insiste em sua pesquisa com base na escola, nos livros e na ciência para construir uma engenhoca que capte o vento e produza energia para irrigar o solo seco e assim garantir a produção de grãos, tão necessária para a sobrevivência da comunidade.
Fica latente a importância da necessidade da existência de um Estado forte e democrático, que realmente intervenha na economia a favor do combate às desigualdades para dar condições à população trabalhadora para encontrar o seu caminho.
Caminho esse trilhado com as raízes culturais de um povo com suas soluções, mesmo que mágicas, desprezadas pelo capitalismo como forma de dominação, menosprezando a cultura e a sabedoria popular, em vez de partir disso para construir uma nova e mais avançada sociedade.
Mas também destaca a essencialidade de se investir em educação pública, promovendo um ambiente de liberdade e diálogo e, com isso, permitir a ampliação do conhecimento para superação das mazelas da vida.
Além disso, mostrar a importância de investimentos em energia renovável para encontrar solução para sair da crise climática, com todos os países se empenhando nisso como se deve.
Trailer de O Menino que Descobriu o Vento
Marcos Aurélio Ruy é jornalista
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O mundo precisa de ideias assim, se o povo pensar e fazer um bom esforço pra tirar os pensamentos negativo e dar lugar as ideias boas e uns ajudando os outros sem preferência de cores o ser humano e o planeta seria mais saudável. Não teria: TERREMOTOS, MAREMOTOS, FURACÕES, TEMPESTADESE AS ENCHENTES os saneamento básico bem cuidado planeta para todos saudável…..
Na política em geral o poder da ganância e o individualismo fala mais alto.