PUBLICADO EM 20 de nov de 2017
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Cenário para siderúrgicas melhora e preços do aço têm retomada no Brasil

Segundo empresas e entidades do setor, o excesso de capacidade no mundo vem caindo por conta da China, e os sinais de aquecimento da economia brasileira favorecem ganhos de margens.

 Em matéria de Juliana Estigarríbia no DCI diz que a siderurgia está começando a recompor parte das margens perdidas nos últimos anos. Segundo empresas e entidades do setor, a redução gradual da oferta chinesa e os sinais de melhora da economia brasileira têm favorecido os preços.

O diretor geral da siderúrgica NLMK na América do Sul, Paulo Seabra, afirma que a cotação do aço no mundo se recuperou nos últimos meses. “Os preços estão estabilizados”, relata o executivo. Ele acrescenta que o câmbio atual favorece a exportação do produto brasileiro. “Com o dólar no patamar de hoje, o produto brasileiro passa a ter um preço mais competitivo lá fora”, assinala.

A China está fechando usinas antigas diante das novas políticas de Pequim de tentar reduzir a poluição no país.
“Apesar de ainda haver um excesso de capacidade chinesa substancial, já vemos um movimento de diminuição da oferta”, diz o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. Segundo ele, justamente essa dinâmica tem contribuído para estabilizar os preços globais em um patamar mais alto.

Em entrevista recente ao DCI, o diretor da Nippon Steel para as Américas, Kazuhiro Egawa, disse que a China caminha para cortar 100 milhões de toneladas de capacidade em altos-fornos. “A China tem uma parte da capacidade bastante obsoleta, que já vem sendo reduzida”, comentou.

Além disso, a retomada da produção dos setores automotivo e agrícola no Brasil tem resultado na equalização dos estoques da indústria. “Com isso, as vendas de aço vêm apresentando recuperação”, pontua.

Na terça-feira (31), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou ao mercado que está negociando um reajuste de 25% a 30% só para o setor automotivo e lembrou ainda que o aumento em aços longos neste ano foi de 25%. No entanto, executivos justificaram que os preços estavam deprimidos “há muito tempo”.

Seabra salienta que a crise intensificou a demanda por manutenção dos equipamentos. “Apesar da crise, tivemos aumento das vendas no segmento de manutenção”, revela.

De acordo com o analista de siderurgia da Tendências Consultoria, Felipe Beraldi, a cotação da bobina laminada a quente figura, hoje, em patamar muito próximo do pico registrado em janeiro de 2014, de aproximadamente US$ 570 a tonelada. “Nesse meio tempo, os preços apresentaram uma volatilidade enorme e atingiram baixa recorde de cerca de US$ 281 a tonelada”, relata.

Ele explica que essa volatilidade está associada à balança de oferta e demanda global, norteada basicamente pela China, maior produtor e consumidor de aço do mundo.

“Além disso, desde o final do ano passado o mercado enfrentou um aumento significativo dos custos, especialmente do carvão”, lembra.

No entanto, Beraldi observa que, de maneira qualitativa, a tendência é que haja uma queda dos preços do aço em 2018, impactada por uma pressão menor de custos (carvão e minério de ferro) e uma desaceleração da demanda da China.

Retomada

O diretor da NLMK, siderúrgica que atua no ramo de aços especiais no Brasil, conta que alguns segmentos já começam a mostrar sinais de recuperação, porém, mercados como o da construção civil continuam muito enfraquecidos.

“Apesar do crescimento que projetamos para a nossa empresa neste ano, de 40%, notamos que o mercado poderia ter um desempenho muito melhor”, assinala Seabra.

Segundo ele, a paralisação das grandes empreiteiras envolvidas nas investigações da Lava Jato ainda impactam a demanda por aço, inclusive especiais. “Mas para o ano que vem, acredito que construtoras de médio porte ou mais regionalizadas possam começar a preencher as lacunas do mercado”, avalia o executivo.

Seabra conta ainda que até as mineradoras, que vêm segurando os investimentos nos últimos dois anos, tendem a voltar a investir no ano que vem. “O Brasil precisa amadurecer o consumo de aços de grande espessura e alta resistência, que aumentam muito a vida útil dos equipamentos”, considera. “Mesmo na crise, conseguimos crescer, mas o potencial do mercado brasileiro é muito maior”, aponta.

Fonte: DCI

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