No total, serão distribuídos 200 botijões por R$ 40,00 a unidade, valor abaixo da média de R$ 76,99 que atualmente é praticado no município, de acordo com informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em um dia foram distribuídos 40 botijões na Ocupação Toca, no Parque Cocaia, na Zona Sul da capital paulista, e foram subsidiadas mais 20 unidades no Parque Grajaú e outras 20 na Ilha do Bororé.
Já na Zona Leste, ainda na semana passada, a Vila Matarazzo recebeu 65 botijões, a Vila Nova União mais 20 e o Itaim Paulista outros 15. Também foram subsidiados os últimos 20 botijões no Jardim Selma.
De acordo com o coordenador regional do MAB, Diego Ortiz, parte dessas famílias sofreram historicamente com a construção de barragens para a canalização de rios e com enchentes sazonais.
“Desde o início do ano passado, o movimento tem atuado com populações atingidas pelas enchentes na cidade de São Paulo, em parte porque elas também são resultado da construção de barragens. Aqui na Zona Sul é o caso das barragens de Billings e Guarapiranga, e na Zona Leste é o caso do Rio Tietê”, explica Ortiz.
O militante ainda aponta que as enchentes são resultado de um processo de ocupação desordenada do território, feita a partir de uma política de exclusão de pessoas com menos poder aquisitivo das regiões centrais, somada a uma omissão do poder público em garantir as condições mínimas de moradia e sobrevivência.
“Tanto pela crise econômica, como pela crise sanitária, a vida dessas famílias está ficando cada vez mais complicada. Na época de chuvas, elas acabam perdendo tudo. Elas moram em regiões de morros ou várzeas, por terem sido expulsas das regiões centrais da cidade. Por isso, essas ações têm ajudado muito essas famílias a sobreviverem. Mas, para além disso, nós temos feito um processo de organização para cobrar a reparação integral do Estado, com a garantia de uma vida digna a todas essas famílias”, aponta Ortiz.
Política de preços
As atividades fazem parte de uma mobilização nacional dos sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), que está sendo realizada em apoio à greve dos caminhoneiros. A principal denúncia está relacionada com os aumentos abusivos dos preços dos combustíveis que estão ocorrendo nos últimos anos.
Para o diretor do Sindipetro-SP, Gustavo Marsaioli, apesar das diferenças ideológicas com setores dos caminhoneiros, que são uma categoria diversa do ponto de vista organizativo, existe um consenso em relação à necessidade do Estado realizar um controle sobre o preço dos derivados de petróleo.
“Os combustíveis automotivos são bens essenciais e estratégicos que afetam a economia como um todo. No caso do gás, impacta diretamente a segurança alimentar da população. Por isso, fizemos essas ações para apoiar essa pauta levantada pelos caminhoneiros e, principalmente, mostrar para a população qual o preço justo que ela deveria estar pagando. Mais do que isso, queremos mostrar como as ações do governo interferem diretamente no preço que a população paga pelos derivados de petróleo”, afirma Marsaioli.
De acordo com a categoria, esses reajustes são resultado da política adotada pela Petrobrás a partir de 2016, com a ascensão de Michel Temer (MDB) à presidência, e continuada posteriormente no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Desde então, a estatal tem praticado o Preço de Paridade de Importação (PPI), que vincula o valor cobrado pelos combustíveis às oscilações do barril de petróleo no mercado internacional, do dólar e dos custos de importação.
Devido a essa diretriz, a Petrobrás passou a realizar reajustes constantes no preço dos derivados. Entre julho de 2017 e janeiro de 2021, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o gás de cozinha aumentou 130%, a gasolina 59% e o diesel 42% nas refinarias.
Fonte: Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo