PUBLICADO EM 28 de fev de 2024
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Sindicato pede anistia por perseguições sofridas durante a ditadura

É o primeiro pedido de anistia coletiva apresentado por uma entidade sindical. Metalúrgicos lembram que fizeram parte da resistência democrática

Sindicato dos Metalúrgicos de SP participa do ato pela Diretas Já na Praça da Sé em 1984

Sindicato dos Metalúrgicos de SP participa do ato pela Diretas Já na Praça da Sé em 1984

A advogada Ana Lucia Marchiori (OAB/SP 231.020), que representa os Metalúrgicos na Comissão de Anistia, protocolou na segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024, um pedido perante o Ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e Cidadania, requerendo Anistia Política e reparação econômica ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, conforme a Lei 10.559/02.

É o primeiro sindicato a pedir a reparação com a Anistia Política no Brasil.

Fundado em 1932, o Sindicato, filiado à Força Sindical, e atualmente presidido por Miguel Torres, fez parte da resistência democrática e das lutas operárias contra a ditadura civil-militar, implantada no Brasil em 1964 e foi atingido por atos institucionais como: intervenção no Sindicato, prisão de dirigentes, perseguição aos seus filiados e assassinato de operários.

O próximo passo é aguardar a data do julgamento, de preferência em abril, mês em que se celebram no dia 21 o Dia de Tiradentes (patrono da categoria metalúrgica) e o Dia do Metalúrgico.

“Esta anistia política, inédita, será essencial para reforçarmos perante a sociedade a importância histórica do nosso Sindicato e da categoria metalúrgica nas lutas pela democracia e pelo desenvolvimento do País e dizer que Ditadura, Nunca Mais!”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical, da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

Dessa forma, no pedido dirigido ao ministro Silvio de Almeida, a entidade lista campanhas como as em defesa da jornada de 8 horas diárias, férias remuneradas e pelo salário mínimo. Informa que teve seu presidente e secretário-geral eleitos (Affonso Delellis e José Araújo Plácido), presos em 1963, ainda antes do golpe. Libertados, não tomaram posse e foram para a clandestinidade. Em 6 de abril de 1964, o sindicato sofreu intervenção.

De 1970 a 1979, cinco operários ligados à entidade foram assassinados: Olavo Hanssen, Luiz Hirata, Manoel Fiel Filho, Nelson Pereira de Jesus e Santo Dias da Silva. Este último, morto por um policial durante piquete em 1979, era integrante da oposição. Nelson foi morto a tiros por um advogado da própria empresa, que seria ligado ao Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Manoel Fiel foi assassinado sob tortura no DOI-Codi, poucos meses depois do jornalista Vladimir Herzog.

A entidade espera que o julgamento do pedido possa ser marcado para 21 de abril. Nesse data se celebram o Dia do Metalúrgico, além do Dia de Tiradentes, que é patrono da categoria.

Com Rede Brasil Atual

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