PUBLICADO EM 23 de maio de 2025

Fotógrafo, humanista e ambientalista, Sebastião Salgado morre aos 81 anos

Saiba mais sobre Sebastião Salgado, famoso por seu trabalho humanista e engajado. Sua perda deixa um legado inestimável.

Sebastião Salgado em 2016. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Sebastião Salgado em 2016. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O fotógrafo Sebastião Salgado morreu hoje (23) aos 81 anos em Paris. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização não governamental fundada pelo fotógrafo e pela mulher Lélia Deluiz Wanick Salgado.

Perfil

Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, e tornou-se um dos fotógrafos mais respeitados do mundo por seu trabalho documental humanista e socialmente engajado. Com formação em economia, Salgado migrou para a fotografia no início dos anos 1970, quando vivia na França, e desde então construiu uma carreira marcada pelo compromisso com as grandes questões sociais, ambientais e humanitárias do planeta.

Estilo e temáticas

Salgado tornou-se conhecido por seu uso marcante do preto e branco, que confere dramaticidade e atemporalidade às suas imagens. Seu olhar é atento aos sofrimentos humanos, mas também à dignidade e resistência das populações que fotografa. Seus projetos exigem anos de dedicação e viagens intensas por diferentes partes do mundo. Recebeu inúmeros prêmios internacionais de fotografia e direitos humanos, entre eles o Prêmio Príncipe das Astúrias, o World Press Photo, e foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF.

Entre suas principais séries estão:

  • “Êxodos” (2000) – Um retrato comovente das migrações humanas forçadas pela guerra, miséria e perseguições políticas.
  • “Trabalhadores” (1993) – Homenagem à força do trabalho manual em diversas partes do mundo, especialmente em contextos precários.
  • “Gênesis” (2013) – Uma celebração da natureza, da fauna, da flora e de povos que ainda vivem em equilíbrio com o meio ambiente.
  • “Gold” (2019) – Impactante série sobre os garimpeiros da Serra Pelada, no Pará, capturada nos anos 1980, que se tornou icônica pela intensidade das imagens.

Inspiração

Uma das fotos que Sebastião Salgado tirou em Serra Pelada em 1986.

Uma das fotos que Sebastião Salgado tirou em Serra Pelada em 1986.

Em 1995 a banda The Smashing Pumpkins, de Chicago EUA, teve como inspiração as famosas fotos que Salgado registrou em Serra Pelada, em 1986, para o vídeo de um de seus maiores sucessos, Bullet with Butterfly Wings (1995).

Segundo o site Drae the Line Cultura rockera y fotográfica, “Quase 10 anos depois, o diretor Samuel Bayer desenvolveu o conceito do videoclipe da música Bullet With Butterfly Wings (The Smashing Pumpkins) inspirado nas fotos de Salgado. O artista visual explica da seguinte maneira: Bullet With Butterfly Wings foi um verdadeiro evento. Foi o primeiro single de um álbum duplo dos Smashing Pumpkins. E, bem, eu havia visto as fotografias de Sebastião Salgado sobre o trabalho nas minas de ouro de Serra Pelada, no Brasil. Definitivamente, fui muito influenciado por suas imagens”.

Veja aqui o vídeo

Ativismo e preservação ambiental

Além da fotografia, Salgado é um defensor ativo do meio ambiente. Junto com Lélia, criou o Instituto Terra, que promove a restauração da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce (MG), com o reflorestamento de milhares de hectares e ações de educação ambiental.

Repercussão

Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do fotógrafo e disse se sentir profundamente triste.

“Seu inconformismo com o fato de o mundo ser tão desigual e seu talento obstinado em retratar a realidade dos oprimidos serviu, sempre, como um alerta para a consciência de toda a humanidade”, afirmou.

“Sua obra continuará sendo um clamor pela solidariedade. E o lembrete de que somos todos iguais em nossa diversidade”, completou Lula.

O Instituto terra, que Salgado fundou junto com a mulher, emitiu nota em que diz:

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”.

Além da esposa, Lélia, ele deixa os filhos Juliano e Rodrigo, e netos Flávio e Nara.

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