Por José Carlos Ruy
Só a má fé ou a ignorância histórica permitem considerar o nazismo um movimento de esquerda, como fazem o chanceler Eduardo Araújo e o presidente Jair Bolsonaro. Que, ao fazerem declarações nesse sentido, envergonham o país perante a comunidade acadêmica e política, no mundo e no Brasil, ao expor de maneira tão rudemente ignorante a indigência mental que comanda o Brasil. O próprio site do Museu do Holocausto (que fica em Israel) diz muito claramente que o nazismo é de extrema direita.
Mas há outra possibilidade – estarem tão à direita que consideram o nazismo como um movimento à esquerda.
Na Alemanha, na década de 1930, os nazistas – no início de seu regime – foram criticados por este motivo – por não ser tão de direita como alguns pretendiam.
O alemão Oswald Spengler (1880-1936), autor de um livro muito divulgado em sua época, “A decadência do Ocidente” (1918), foi considerado um precursor pelos nazistas, embora seu pensamento fosse ainda mais radicalmente de direita e excludente. Spengler não aceitava o que considerava o “plebeísmo” de Adolf Hitler e dos nazistas, e os criticou por isso. Rejeitava a preocupação em atender, mesmo que apenas retoricamente, às reivindicações do povo alemão. O foco do regime deveria ser na opinião de Spengler a defesa dos privilégios da classe dominante e a restauração do prestígio da aristocracia.
Heidegger, por sua vez, apoiou a tomada do poder pelos nazistas em 1933 e, em seguida se filiou ao partido nazista. Hitler o nomeou reitor da Universidade de Freiburg (cargo que ocupou entre 1933 e 1934); os alvos de sua atividade intelectual foram o marxismo e os avanços da democracia na Europa. Tinha críticas a Hitler que não era, em sua opinião, suficientemente de direita.
Bolsonaro parece se apoiar no nome do partido nazista – Partido Nacional Socialista da Alemanha – para dizer que era de esquerda. Este é um argumento que nunca foi levado a sério. São apenas palavras que não traduziram o verdadeiro caráter daquele partido criminoso, da extrema direita, que provou uma guerra mundial sangrenta e agressiva e promoveu o assassinato de milhões de pessoas – entre elas os seis milhões de judeus vítimas de sua sanha genocida de extermínio racial.
Não há argumento, com base nos fatos e na vida real e concreta, para sustentar essa tese classificada por especialistas europeus ouvidos pela Deutsch Welle como “asneira” e “disparate”.
O que há é a tentativa, exposta ao ridículo, de associar a esquerda aos crimes cometidos pelos nazistas.
Os ideais da esquerda (comunista, socialista, democrata. progressista em geral) incluem a busca generosa de criar um mundo melhor, mais justo e humano, para atender as necessidades de todas as pessoas, sem excluir nenhuma delas, independente de raça, gênero, religião, opção sexual, orientação política etc.
Quem defende a exclusão, a desigualdade, os privilégios, o domínio sobre os demais, é a direita. Desde sempre. E tenta falsificar a história para legitimar estes interesses desumanos e antissociais – como foi o nazismo, como continua sendo a direita hoje.
José Carlos Ruy é jornalista
Patrícia
Mas se for ver é esquerda porque quem gosta de poder para assasinar é de esquerda…olhe para a China por favor né?